*Brooklyn, 26 de novembro de 1985*
Eu acordei numa cama de hospital, olhei no relógio e vi que fiquei desacordado quase um dia inteiro, no lado esquerdo do quarto, em cima da cômoda tem um vaso com algumas flores silvestres, ainda com náuseas, vejo pela janela dois detetives vindo em minha direção, eles entram no quarto e um deles diz:
Sr. Moore, lamentamos o acontecido, mas precisamos fazer algumas perguntas para você, está apto para responde-las?
Faço que sim com a cabeça, e então as perguntas começam, me questionam sobre como os homens se pareciam mas depois de ter apanhado tanto digo que não me lembro de muita coisa mas lembrava do que tinha ocorrido com minha mãe e contou cada detalhe sobre isso, aquelas cenas não saiam de sua mente. Os detetives saíram do quarto com caras horrorizadas.
O relógio marca 21:00, foi ai que recebi alta do hospital, mas fui encaminhado para um tratamento psicológico, logo iria para Ohio, lá eu receberei uma casa para morar, acompanhamento psicológico entre outras coisas, tinha de ir imediatamente, isso era como um meio de proteção imposto pela polícia.
*Ohio, 27 de novembro de 1985*
Cheguei em Ohio por volta das 5:12 da manhã, observei a vizinhança e logo cedo vi senhoras caminhando, parecia um bairro calmo, sem nenhum perigo aparentemente, após meia hora depois de chegar em minha nova casa a campainha toca, eu olho e é uma senhora, abro a porta e digo:
Bom dia senhora...
E ela responde:
Bom dia rapazinho, vi que acabou de se mudar, trouxe uma torta de maça para você, acho que está cansado então já vou indo
Agradeço a gentileza e me despeço da velha, fico olhando a senhora ir pra casa, ela era a vizinha, mas notei que na janela do segundo andar tinha uma menina que ficou me encarando, eu então, exausto da viagem, fecho a porta e adormece.
O alarme desperta 13:00, acordo faminto e resolvo comer a torta que ganhei da senhora mais cedo, depois de comer um pedaço enorme penso comigo mesmo que aquela torta era uma das melhores que já comi na minha vida. As 14:30 tinha uma consulta marcada, logo pego uma bicicleta que tinha na garagem e vou. Era bem perto dali o consultório, chegando lá logo fui muito bem atendido, ao entrar na sala do doutor eu me sento no sofá e digo como foi a viagem, como estou me sentindo e isso era muito engraçado para mim pois eu falo de sentimentos, mas depois do ocorrido eu não sinto nada, não penso em nada nem ninguém, ao terminar a sessão o doutor me diz que como moro sozinho, é recomendável eu adotar um animalzinho, um cachorro ou um gato, talvez até um passarinho, e respondo que iria pensar nisso, no caminho de volta para casa o menino vejo uma caixa toda furada, eu desço da bicicleta para ver a caixa toda lacrada com furos, abrindo a caixa tinha um gatinho, pequenino, pelo acinzentado, logo lembro que o psicólogo disse que eu precisaria de uma companhia então pego a caixa do chão, subo na bicicleta e levo o gato para casa.
Dias se passam, o gato e eu nos tornamos ótimos companheiros, mas toda vez que eu saio o gatinho ia para casa da vizinha ficar junto com a senhora que tinha dado a torta de maça para mim.
*Ohio, 4 de dezembro de 1985*
Como todo dia eu acordava cedo, cuidava do gato, molhava as flores do quintal, pegava o jornal que era deixado na porta, tomava uma xícara de café enquanto olhava pela janela da cozinha e todos os dias via a menina que morava ao lado, já ouvira sua avó chamar e sabia que seu nome era Layla, mas tinha receio de chamar ela para conversar. Eu me sentia vazio, mas de algum jeito essa rotina terrível me ocupava o suficiente para as horas se passarem rapidamente. Chegou o momento de ir para o psicólogo, como todo dia, fui para o consultório e o gato foi para a casa vizinha, chegando em casa naquele dia, vi a porta aberta, mas eu sempre a trancava quando ia sair, na mesa da cozinha enxerguei um homem sentado, uma aparência sombria, em uma mão um bilhete e na outra o gatinho sendo segurado pelo pescoço, no momento em que vi o gatinho sendo sufocado peguei uma faca que estava escondida na estante da sala, minhas pupilas dilataram, minha pele ficou fria e minha mente apagou, minutos depois a consciência volta e me vejo em cima do homem, o estranho estava com varias facadas nas costas, as minhas mãos ensanguentadas, eu não sabia como aquilo tinha acontecido mas o gatinho estava escondido entre os temperos do armário, ao ver o gato vivo voltei totalmente ao normal, pego o bilhete que o homem segurava e leio:
"Sua mãe pagou caro pelo o que deixou de pagar, não adianta fugir, nós iremos te encontrar, é melhor você pagar a dívida ou algo vai acontecer contigo"
Eu já sabia quem estava por trás daquilo, os malditos traficantes. Eles já sabiam onde era minha nova casa e pensavam que tinham tudo sob controle, o que não imaginavam é que eu queria vingança e não tinha mais nada a perder, porém, agora tenho que esconder esse corpo e arrumar algumas armas para realizar meu desejo e é claro, tenho que limpar sua cozinha também...
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A vingança pode ser algo familiar
Misterio / SuspensoA história se passa no Brooklyn em 1969 e em Ohio em 1985. Neste ano nasce o protagonista (Charles Moore), mas no momento em que a sua mãe dá à luz, seu pai desaparece, é logo cogitado que por não querer ser pai, ele pegou suas coisas e foi comprar...