cαρıтυłσ 2

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Assim que abri a porta dos fundos, Mamãe chamou:

-Jen, é você? Preciso de você aqui.

Deixei minhas mochilas ao lado da escada e segui a voz vinda da sala.

-Ah, ótimo! - Mamãe disse. - Você pode terminar de dar mamadeira para a Hannah? Preciso muito fazer xixi.

Libertei mamãe da bebê e da mamadeira.

-Oi, Hannie! -Cantarolei erguendo-a no ar para que ela sorrisse, mostrando suas covinhas para mim. Tão fofa. Aconcheguei-a na dobra do meu braço e inseri o bico da mamadeira em sua boquinha lambuzada, depois cruzei a sala para ir me acomodar no sofá. Apoiei Hannah nos meus joelhos dobrados. Ela mamou e agitou os bracinhos gordos, fazendome rir. Meu Deus, ela era uma preciosidade! Às vezes, era como se fosse minha filha.

Mamãe voltou, respirando aliviada e prendendo os cabelos com a presilha. Ao desmoronar na poltrona, ela perguntou:

- Como foi seu dia?

- Bom. - Deixei os dedinhos de Hannah agarrarem meu polegar. - E como foi o seu?

- Cansativo. Você foi ver a Kwon Na-ra? Pedi pra ela arranjar mais uns catálogos e fichas de inscrição pra você... só por garantia.

- Ah, droga! - Minha cabeça desabou no braço do sofá. - Desculpa, eu esqueci. - "Por garantia" significava para o caso de Yonsei e Hongik me rejeitarem, assim como fez Harvard. Essas universidades estavam bem longe do meu alcance, mas tentei explicar isso para mamãe. Ela me obrigou a fazer a inscrição antecipada, apesar de que eu já poderia ter contado a ela qual seria o resultado, antecipado ou não.

- O prazo para fazer a inscrição nas outras universidades é dia primeiro de fevereiro, Jennie - Ela disse. - Não temos muito tempo. E você não quer ir para uma universidade estadual como a Metro Urban. - Ela franziu o nariz.

- Vou lá amanhã. Pode me passar essa toalha? - Hannah estava derramando um fio de baba no peito. Mamãe se levantou e me entregou a toalha que trazia no ombro.

- Seulgi vai vir neste fim de semana.

- De novo? Mas a gente acabou de se livrar dela.

- Jennie! - Mamãe me censurou.

- Tá, desculpa, é que... - Mordi a língua. Ela já tinha ouvido isso antes. Se tenho que defini-la como parente, Seulgi era minha irmã adotiva má. Era um show de horrores ambulante. Atualmente bancava a gótica, oque era um tanto obceno por ser logo depois do massacre de Columbine. Eu e ela nos entendíamos como dois polos magnéticos que se repelem. Seokjin, o meu padrasto, nos apresentou poucas semanas antes que ele e Mamãe se casassem, e naquele mesmo instante eu soube que jamais seríamos uma família unida e feliz. No máximo, eu conseguia tolerar a Seulgi em fins de semana alternados, mas depois que a Hannah chegou e meu quarto virou um berçário, tive que dividir um quarto com a Seulgi no andar de baixo. No dia do meu julgamento, o júri vai entender que a ré cometeu assassinato por motivos justificáveis.

Não era todo mundo que conseguia esgotar minha paciência, mas Seulgi conseguia e sabia disso. Sabia e fazia de propósito.

Acariciei a bochecha sedosa de Hannah com os nós dos dedos, me perguntando se algum dia tive uma pele tão perfeita.

Mamãe se sentou no braço do sofá.

- Sei o que você acha da Seulgi. Mas ela ainda é muito nova.

- Ela tem quinze anos. - Em um murmúrio, acrescentei: - Indo pra dezesseis!

Mamãe suspirou:

- Obrigada por ter paciência com ela.
Como se eu tivesse alguma.

- Não vai ser por muito tempo. Logo, você vai sair de casa para ir à universidade. Não demora nada. - Mamãe beliscou meu nariz. Ela se inclinou para pegar Hannah e perguntou: - E para onde vai o Kai? Ele já decidiu?

Nosso segredo •Jenlisa•Onde histórias criam vida. Descubra agora