cαρıтυłσ 20

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— Sim, alô? — Ele disse, as palavras entrecortadas.

Engoli em seco.

— Desculpe tê-lo acordado. Posso falar com a Lisa? — Minha voz soou vazia, ausente.

— Quem é? — Ele perguntou.

— É a Jennie. Desculpa, sr. Manoban. Eu preciso conversar com a Lisa.

Ele soava obviamente irritado.

— Só um minuto.

Minha testa descansou contra o volante.

— Alô? — A voz de Lisa soou pastosa. Ela limpou a garganta. — Quem é?

— Sou eu.

— Jen? — A voz dela avivou. — Faz horas que estou ligando pra você.
Onde você está?

Minha garganta estava seca. Dolorida. Me recostei e falei:

— Estou sentada em frente à sua casa. Preciso de você.

Uma cortina na janela do andar superior se abriu.

— Já estou descendo — ela falou. — Não vá embora.

Eu ri, amarga.

Alguns segundos depois, Lisa saiu pela porta da frente, com a camisa de beisebol caindo na altura das pernas, um tênis de cano alto em um pé e o outro na mão dela. Ela correu pela calçada e cruzou a rua. A mão dela espalmou na minha janela fechada e ela espiou do lado de dentro, antes de dar a volta para o lado do passageiro.

— Jennie? Querida. — Ela fechou a porta e se virou para mim. Continuei
a fitar adiante. Cega. Entorpecida. — O que aconteceu? — Ela perguntou.
Olhei para ela.

— Minha mãe me pôs pra fora de casa.

— Não. — Lisa saltou sobre o banco e passou os braços ao meu redor. — Jennie, não. — Ela me agarrou, mergulhou a cabeça no meu pescoço. — Ah, meu amor, não.

— Ah, meu amor, sim.

Lisa recuou.

— Você contou a ela? Sobre nós?

— Não. — Minha voz soou áspera, como eu me sentia por dentro. — Não precisei.

Lisa franziu a testa.

— Alguém expôs você? Quem?

— Chuta. Você tem uma chance.

— Não sei.

— Amiga sua e minha.

Lisa estava confusa.

— Seulgi — falei.

Ela balançou a cabeça.

— Não acredito nisso. Tem certeza?

Assenti. Eu tinha certeza.

— Você está tremendo. Está congelando aqui dentro. Onde está seu casaco?

Devo ter rido de novo.

— Acho que esqueci nos dois minutos que tive pra empacotar as coisas. — Lágrimas queimaram meus olhos. — O que vou fazer, Lisa?

Ela me abraçou de novo.

— Fique aqui comigo, claro.

— Não posso.

— Pode, sim. Vem. — Ela saiu do lado do passageiro e correu para abrir minha porta. Me arrastou pela rua e para dentro de casa.

Nosso segredo •Jenlisa•Onde histórias criam vida. Descubra agora