cαρıтυłσ 17

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Aproximei-me de fininho atrás da Lisa na fila do almoço e cobri os olhos dela com as mãos.

— Faz tempo que não te vejo — murmurei junto do cabelo dela. Ela girou nos calcanhares. Os outros na fila se viraram para nos olhar. Os olhos da Yeji se arregalaram.

— Procurei por você a manhã inteira — eu disse a Lisa. — Senti sua falta no corredor dos armários.

— Hã, com licença. — Lisa sorriu para os amigos e veio para o meu lado, tomando cuidado para não me tocar. Por quê? Por cima do ombro, ela acrescentou: — Preciso tirar uma dúvida de Matemática com a Jennie. Divirtam-se. — E virou o punho diante deles. — Sei que vai ser difícil.

Levando-me para fora da cafeteria e debandando pelo corredor, até o canto ao lado do bebedouro, ela sussurrou com urgência:

— O que você está fazendo?

— Hã, fingindo que amo você? — Estiquei a mão para afastar uma mecha de cabelo da boca dela.

Ela se afastou. O olhar dela vasculhou os arredores.

Meu estômago se retraiu. Que olhar era esse? Nojo? Horror?

Meu Deus, tinha terminado? O fim de semana tinha sido só uma miragem?
Uma brincadeira?

Ela deve ter visto minha palidez, porque falou:

— Ah, Jennie, não. Não é isso. — Ela apertou rapidamente minha mão. — A gente só… — Os olhos dela espreitaram o lugar de novo. — A gente precisa pegar leve aqui. Na escola. Entende o que quero dizer?

— Não. Não entendo o que quer dizer. Achei que você fosse assumida e com orgulho.

— Eu sou. Mas você, não.

— Eu quero ser. Quero gritar do alto da montanha: eu amo a Lisa Manoban!

— Droga. — Ela tapou minha boca com a mão. — Vamos conversar sobre isso depois, tudo bem? Por enquanto, pega leve.

A mágoa deve ter transparecido no meu rosto.

— Jennie, eu amo você — ela disse suavemente, acariciando meu rosto.
— Só não quero que isso te machuque.

Machucar? Como poderia o amor machucar?

Ela beliscou minha bochecha e se afastou, deixando-me ali, em suspenso. Saudosa, no vácuo.

[...]

Ela se sentou com a Yeji na aula de artes, nem sequer tentou me passar um bilhete ou olhar para trás. Yeji olhou por cima do ombro uma vez, meio que me estudando, mas Lisa disse algo no ouvido dela que fez as duas rirem.

Fez com que me sentisse o alvo da piada.

Não entendi. Será que esse era um mundo novo com regras sociais completamente diferentes? Se sim, esperava que ela me desse umas dicas.

Elas saíram da aula juntas, Lisa e Yeji. Como um cachorrinho abandonado, caminhei como uma sombra atrás delas. Se Yeji tocar no braço dela mais uma vez, fervilhei, ela vai beijar o chão. Na escada, elas se separaram, Yeji prosseguindo na ala das artes e Lisa subindo os degraus. A meio caminho, Lisa virou a cabeça para encontrar meus olhos e sorrir. Eu não sorri em resposta.

— Espero que esteja planejando fazer mais cursos de artes na universidade.

Dei um salto. Mackel havia se aproximado e estava agora ao meu lado.

— O quê? — Rebobinei a fita na minha cabeça. — Eu… não pensei nisso.

Não havia pensado em nada, a não ser nela.

Nosso segredo •Jenlisa•Onde histórias criam vida. Descubra agora