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Azael, este é o meu indigno nome,
Sou apenas um poeta errante e andarilho,
Nesta esquecida terra de ninguém,
Mas em uma dessas noites porém,
Quando minha face repousava em tristes lençóis,
Ouvi em sonho uma voz a me chamar,
Era ela, a mais bela neta de Zeus, o meu tormento,
A ninfa do vale de cristais que me chamava,
Despertei de repente, por demais assustado.

Por anos eu venho sendo atormentado por esses sonhos,
Por essa doce e recorrente voz de anjo ledo,
Eu, no entanto, recuso-me a ir até a sua presença,
Recuso-me a aventurar-me no Vale dos cristais,
Embora o meu aventureiro coração esteja tão desejoso em ir,
Ao contrário da mente racional a me questionar,
" E se tu jamais voltar poeta sonhador? "
" E se a ninfa lhe aprisionar poeta sonhador?"
Desgostoso poeta eu me tornei desde sempre,
Já não sei quem sou nesta indecisão.

Certo dia, ao caminhar solitário em meu jardim,
Perdido entre as flores e mil pensamentos sem fim,
Ao recordar do tal chamado e questionamentos,
Me vi tentado a pedir auxílio,
Pedir os conselhos de uma amiga que também é poeta,
Amiga dos meus áureos tempos da infância,
Ela me respondeu com certo tom de tristeza,
Em palavras entrecortadas ela me dizia:
" Não tens nada a temer… Meu amigo poeta."
Decidi seguir aquele seu conselho.

A noite veio sorrateira,
Trazendo consigo belíssimas estrelas,
E o maior e mais reluzente luar,
Não demorou, e o meu sono também veio,
Adormeci decidido no que iria fazer,
Quando de repente em meus sonhos a doce voz da ninfa se fez aparecer,
Diante dos meus olhos surgiu um magnífico portal,
Pela primeira vez em tanto tempo este mortal,
Com os pés descalços atravessariam a mágica passagem,
Meus olhos finalmente vislumbrou o vale encantado dos cristais.

Respirei fundo e caminhei ao desconhecido,
Este meu coração tão atrevido,
Levou-me a este mundo de perigo,
Criaturas mágicas vieram ao meu encontro,
Propôs enigmas para que eu adivinhasse,
A cada erro meu era um severo castigo,
A cada acerto um novo passo ao desconhecido,
No primeiro instante, terrível desespero e incerteza,
Talvez eu não viesse a conseguir,
Chegar diante da voz que me chamava.

Em meio a muitos seres encantados,
Que apareceu-me no vale de cristal,
Surgiu uma figura dantesca, monumental,
Era a deusa guardiã daquele reino,
Temeroso eu tentei me esconder,
A deusa contudo, impediu-me de coisa tal,
Perguntou-me o que eu fazia ali,
Respondi-lhe com grande medo que seguia a doce voz da ninfa,
Que me guiava até aquele esplendoroso lugar,
A deusa então desapareceu  deixando-me passar.

Eu segui o meu caminho de aventuras,
No desconhecido vale de cristal,
A grande surpresa sobreveio repentina,
Terror ela trouxe ao meu coração,
Diante de mim aparecia várias ilusões,
Vislumbres fantásticos daquela bela ninfa,
Das visões, somente uma era a correta,
Para prosseguir outro enigma eu teria que adivinhar,
pronto já de desistir da jornada,
A voz da ninfa me encorajava.

Seguindo o caminho de aventuras,
No encantado reino de cristais,
Lá distante, avistei a ninfa em um templo de florais,
Estava ela, de beleza sem igual, neta de Zeus,
Com seus cabelos longos e brilhantes,
E de olhos tão negros como a noite,
Suas vestes eram do mais puro ouro,
Finalmente, depois de tanto sofrimento,
De angústias infindas, lágrimas e lamentos,
Eu encontrei aquela que aprisionou meu coração.

Minha alma em amor se regozija,
A ninfa dos meus sonhos diante de mim estava,
O coração transbordante não se aguentava,
Magnífico ser com voz de anjo ledo,
Quisera eu, continuar eternamente naquelas terras,
Entre os seres mágicos e os esplendorosos florais,
Terra de enigmas incompreensíveis,
Desta terra eu juro, não quero sair nunca mais, Embora no peito, o desejo era partir,
Fiquei preso em correntes no castelo de cristais.

Quando eu pensava que seria um eterno prisioneiro,
Apareceu-me uma linda fada de longas asas,
Falou-me ao ouvido, a voz tão delicada,
Prometeu-me livrar daquelas cadeias infernais,
Com sua mágica ela quebrou as algemas que me prendiam,
E sem que os seres sombrios percebessem,
Fugimos por um caminho desconhecido,
E novamente me vi no início da jornada,
Diante de mim se figurava o mesmo portal,
Que me levaria de retorno ao meu mundo mortal.

Atravessei sem medo o mágico portal,
Do outro lado, o meu corpo em sono repousava,
Ao meu lado havia alguém que me acompanhava,
No pensamento eu trazia boas lembranças,
Nos ouvidos a voz do anjo ledo,
Do reino de cristais eu era o novo guardião de todos os segredos,
E quando, de repente, de súbito eu acordei,
Aquele sonho me parecia ter sido real,
Mais uma questão ainda restava sem solução,
Quem era aquela fada que roubou meu coração.

A vida real é como um sonho?
Ou é o sonho como a vida real?
Tal resposta eu nunca saberei,
Uma surpresa inesperada me aconteceu,
A bela fada que me resgatou do vale de cristal,
Era na verdade, a minha amiga poeta da infância,
Que durante a noite em fada se transformava,
Habitando o mundo real e o mundo dos sonhos,
Meu coração estava novamente apaixonado,
Devotava sentimento a rainha das fadas de olhos puxados.

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