Capítulo 13 - Jamie

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Acordei no meio da noite sobressaltado. Jade dormia feito um anjo, aperto mais o abraço em sua volta.

Quando ela me empurrou tive muito medo de tê-la machucado. Mas quando vi o medo nos olhos dela, entendi. Estou me sentindo muito culpado por ter ido tão rápido, mas o desejo que sinto por ela me manteve cego.

Preciso levantar e ir pro meu quarto, mesmo contra minha vontade, não posso arriscar que Paul nos veja aqui, ainda mais com ela nua sob as cobertas.

Ah! Ela nua. Se fechar os olhos ainda sinto seu corpo tremendo nas minhas mãos. É melhor eu sair daqui logo.

Levanto devagar e aperto a coberta ao seu redor. Fico admirando-a dormir por um tempo até que dou um beijo leve em sua cabeça e vou pro quarto.

Estou com o corpo dolorido, provavelmente foi por causa do tesão que virou tensão. Me aninho embaixo das cobertas e repasso na cabeça toda a nossa noite juntos, até pegar no sono.

                                     ***
- Jamie, Jamie! - Tem uma voz preocupada me chamando longe.

Pelo amor de Deus, que horas são? Minha cabeça tá explodindo, estou morrendo de frio.

- Fecha a janela, tá muito frio. - Resmungo ainda de olhos fechados.

- São dez horas, você precisa levantar e tomar um banho. Está queimando em febre!

Abro os olhos devagar ao reconhecer a voz de Jade.

- Dez horas? Eu tinha uma reunião às nove.

- Achei que você já tinha saído quando acordei, aí ouvi seu celular tocar desesperadamente e entrei no seu quarto pra ver o que tava acontecendo. Agora levante e avise que você não pode ir, depois passe pro banho enquanto faço algo pra você comer.

- Eu não posso faltar, meu pai vai me matar. - Levanto devagar e vou em direção ao banheiro.

- Você prefere que seu pai te mate ou eu? Porque é isso que vai acontecer se você sair por aquela porta desse jeito. - Ela me olha firme e sai em direção à cozinha, sem dar tempo pra rebater.

Tomar banho com febre é uma tortura, a sensação que meu corpo está congelando faz com que eu não demore muito e corra pra dentro de um moletom antes de me esconder embaixo do cobertor.

- Certo, pode deixar, eu cuido dele. Qualquer coisa te ligo se precisar de ajuda. Também te amo. - Jade entra no quarto desligando uma ligação e o te amo me deixa atento.

Parece que ela percebe, pois explica depois.

- Acabei de falar com meu irmão pra saber que medicamentos posso te dar e onde tem. Mas antes de buscar, sente aí, tome esse chá que fiz pra você.

Ela cuidando de mim é a coisa mais linda que eu podia ver. Até que não está sendo tão ruim essa febre.

Sento na cama e vou tomando o chá aos poucos, minha garganta parece que vai rachar.
Quando estou terminando ela volta com um remédio e água, que tomo sem maiores reclamações.

- Deite aqui comigo, acho que vou morrer. - Ela ri com meu drama, mas deita por trás de mim e me envolve num abraço gostoso.

- Deixe de drama, você vai ficar bom logo. Durma um pouco.

Como uma ordem, fecho os olhos e adormeço.

                                    ***
                      
Estou suando quando acordo algumas horas depois, Jade não está mais na cama comigo e percebo que não gosto disso. Chego na cozinha e ela está de costas pra mim fazendo algo no fogão, muito cheiroso por sinal. Percebo que está de fone de ouvido, por isso não notou minha presença ainda. Me aproximo devagar e dou um cheiro no seu pescoço.

- Ai que susto! -  Ela grita e ri ao mesmo tempo.
- Desculpa, não resisti.
- Vem aqui. - Planta a palma da mão na minha testa - Sua febre baixou, que bom! Quer almoçar? Estava te esperando.
- Adoraria, estou morrendo de fome.

Ajudo a colocar os pratos na mesa, nos servimos e sentamos de frente para o outro. Ela estica as pernas sobre a minha e aquele pequeno gesto de repente é algo tão íntimo.

Depois do almoço resolvemos deitar no sofá pra assistir um filme, ainda está cedo, teremos a tarde pra aproveitar sem perigo do Paul chegar.

Isso é outro assunto que pretendo resolver logo.

Escolhemos uma comédia romântica e ficamos abraçados embaixo de um edredom, ela está de short e uma blusa de moletom, não resisto em passar a mão pelas suas pernas quentes. No meio do filme já não aguento mais e resolvo quebrar o silêncio.

- Tô adorando nosso dia juntos, mesmo doente.

- Eu também estou - Percebo que adoro quando ela fala sorrindo.

- Jamie - ela continua - queria te pedir desculpas por ontem, não devia ter te empurrado - com os olhos vidrados nos próprios pés, ela sussurra - Tive medo.

- Princesa, você não tem que pedir desculpas por nada. Nós juntos vamos descobrir um meio de superar seus medos. Seu pânico não começou logo, então precisamos descobrir o gatilho, você tem alguma ideia?

Ela olha pra mim e nos seus olhos vejo insegurança, mas ao mesmo tempo vejo força.

- A sensação do... - Ela aponta pra minha cueca e não consigo segurar o riso - A sensação dele na minha virilha. Foi assim que eu achei que estava morrendo - Seus olhos enchem de lágrimas.

- Ei, tá tudo bem, não chore. Pois se esse é o seu gatilho, nós vamos mantê-lo bem longe de lá até você se sentir segura.

- Mas você tem suas necessidades Jamie, não posso te pedir pra fazer isso. Nós não vamos dar certo, eu tenho defeito.

- Não repita isso ok? Você é perfeita. E sobre minhas necessidades... Nós estávamos indo bem até então não foi? Podemos ir conquistando territórios.

- Tudo bem. - Ela me beijou suave e voltamos pro filme.

Encaixe - De corpo e coração.Onde histórias criam vida. Descubra agora