Capítulo 6 - Jade

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              Meu Deus, o papel
              Desesperada, começo a tatear meu sutiã em busca do papelzinho com seu contato.               
           – Droga! Droga! Droga!
Esqueci de tirar quando entrei na água, o número apagou completamente. Pra piorar, não sei seu sobrenome, nem onde trabalha. Não sei nada que possa localizá-lo.
            Entro em casa com tanta raiva de mim que nem ligo muito pro escândalo que minha mãe tá fazendo. Só paro realmente quando escuto a palavra "polícia".
            – Mãe, você chamou a polícia?!
            – Eu não chamei a polícia, Jade! Ela veio por contra própria, queriam saber como você estava e avisar que logo você seria chamada pra uma audiência. Você pode me explicar o que aconteceu? Eles não quiseram me contar sem a sua presença, eu não sei nem se isso é contra a lei, mas depois eu vejo. Agora você pode começar a contar que besteira andou fazendo!
             Não queria ter que voltar para aquele terror outra vez, nem em lembranças, mas eu não ia conseguir fugir por muito tempo, então achei melhor abrir o jogo logo e uma hora depois eu estava aos prantos no colo da minha mãe. Ela chorava também e insistiu em chamar meu pai para junto da gente. A noite com Jamie tinha me anestesiado por um tempo, mas voltar a realidade e ter que falar em voz alta tudo o que aconteceu, fez um medo enorme tomar conta de mim.
            Hoje fazem dois meses desde "O dia J",  foi assim que eu batizei o pior e melhor dia da minha vida. Ainda estou na Califórnia, tive que atrasar minha viagem por causa das audiências do caso, minha mãe quase desistiu do seu ano sabático, mas meu irmão Paul garantiu a ela que iria tomar conta de mim e depois de muita luta, conseguimos convencê-la.
             Enquanto termino de fechar minhas malas, sinto um ardor e sorrio. Não queria lembrar apenas da parte ruim, então hoje cedo resolvi que sempre que eu sentisse medo iria lembrar também de tudo o que aconteceu depois, mesmo que nunca voltasse a vê-lo outra vez. Foi por isso que acordei cedo e fui em um lugar que jamais imaginei ir e agora tenho um "J" tatuado no meu quadril, perto da linha da calcinha. J de Jamie, J de Jade, pra que eu nunca esqueça que mesmo que existam anjos na terra, eu sou forte, posso me amar e ser amada.
           – Como eu queria que ele visse! – Sorrio ao pensar alto.
          – Vamos, Dinha! Nós vamos perder o voo! – Odeio esse apelido que meu irmão me chama, me faz parecer uma criança de 10 anos.
          – Tô descendo! - Olho pro meu quarto e me despeço com o coração cheio me incertezas e confiança. Confuso.
          Dez horas depois eu e Paul estamos entrando no sei apartamento. Aliás, agora nosso. É madrugada e eu estou morrendo de sono. Quando nos aproximamos mais do corredor dos quartos eu tenho certeza que estou ouvindo gemidos femininos e paro incrédula.
          – Caralho! Falei pra JJ* que íamos chegar e não era pra trazer mulher pra casa.
          – É sempre assim? – Pergunto rindo e com um pouco de inveja da mulher, os gemidos são cada vez mais altos. Ou ela estava gostando muito, ou finge muito bem.
           – Vá para o seu quarto e tente não ouvir, amanhã vou conversar com ele.
           Meu quarto é menor que o antigo, mas muito bonito. Tons de amarelo e creme tomam conta, uma cama de casal no canto com colchas macias, um abajur na mesa de cabeceira, estante para livros e computador e o melhor, um banheiro com banheira. Tomo um banho rápido e prometo pra mim mesma que irei aproveitar daquela banheira no outro dia, deito ainda nua e puxo as cobertas por cima, o calor da Califórnia nunca me permitiu dormir vestida, tomara que eu não sofra muito com esse frio de Boston.
             Quando fecho os olhos pra dormir os gemidos recomeçam. Vamos lá, não sou virgem, mas foi uma única vez, péssima por sinal. Depois do 'dia J' eu simplesmente não senti mais atração por ninguém, era como se meu corpo tivesse esfriado. Até agora. Ouvir esses gemidos e o prazer que essa desconhecida está sentido me deixou excitada, não conheço JJ, mas começo a pensar em Jamie e passo meus dedos pela minha virilha. Encontro meu clítoris úmido e começo a me tocar devagar, conforme os gemidos aumentam eu acelero o ritmo também. Minha fantasia com Jamie está cada vez mais real, estou completamente molhada e excitada, meu corpo está febril, dois dedos dentro de mim me fazem pensar no volume dele que vi na praia, no beijo dele que poderia está passeando por mim agora. Meu corpo convulsiona enquanto me entrego ao orgasmo. Com a respiração acelerada, me encolho e espero o sono chegar.

Encaixe - De corpo e coração.Onde histórias criam vida. Descubra agora