O Cachecol Vermelho

Five

Highest In The Room - Travis Scott

– Que filme você quer assistir? – perguntei apontando para a TV. A Netflix estava aberta.

– Que tal algum filme de terror? – ele sorriu. – Invocação do mal?

– Eu tenho medo. Mas vou colocar porque você pediu. – fiz biquinho.

Soobin deu risada e mordeu um pedaço da pizza.

Timidamente, fui apoiando a cabeça na volta do pescoço dele.
Ele passou um braço pelo meu ombro.

– A gente tá' parecendo um casal. – eu disse tímido.

– Quem sabe não seremos algum dia? – ele riu.
Dei um soco fraco em seu peito e voltei minha atenção ao filme.

Durante o filme todo, eu tomei vários sustos e Soobin riu da minha cara.
Apesar disso, meus sentimentos estavam voltando.
Minha vontade de viver, estava voltando.
Porém, nada dura para sempre, não é?

No finalzinho do filme, apesar do medo, resolvi ir ao banheiro.
Peguei meu celular e fui.

Quando voltava do banheiro, meu celular vibrou. Levei um susto.
Vi uma mensagem de um número desconhecido.
Abri.

– Você me paga, Choi Yeonjun.

– Quem é?

– A pessoa que mais te odeia nesse mundo.
Você roubou o que era meu!

– Não estou entendendo.

– Vou espalhar para todos que vocês estão namorando.

– Quê? Eu e quem estamos namorando?

– Soobin.

– Emma?

– É bom que se lembre do meu nome.
Irei acabar com a sua reputação de aluno queridinho.

– Emma, você entendeu errado. Não estou com Soobin.

– Eu segui vocês dois. E agora sei onde você mora.
Eu vi vocês pela janela. Vi você se apossando do
corpo do Soobin!

– Você me seguiu?!

– Você deveria ter deixado o Soobin enquanto podia.
Morra.

Ela ficou offline.
Meu coração acelerou.
Eu precisava contar ao Soobin. Não tinha jeito.

O medo que eu estava sentindo do filme, se tornou o medo de arruinar a vida de Soobin.
Em pouco tempo de aula, ele se tornou o popular da escola.
Ele era tudo que um garoto perfeito poderia ser.
Era atleta, inteligente, bonito e gentil. Nunca o vi tratar alguém mal. Seu lema era gentileza gera gentileza.

Eu não podia acabar com tudo isso.
Não podia acabar com a felicidade dele.

Voltei para o quarto e Soobin estava assistindo o filme.

– Soobin. Temos que conversar. – falei sério.

– Pode falar. Senta aqui. – ele disse apontou para o seu lado com a cabeça.

Hesitei. Fiquei parado com o celular rente ao peito.
Olhei para a janela. Eu não devia ter deixado a cortina aberta.

Fui até lá rapidamente e a fechei brutalmente.

– O que foi, Yeonjun? Você está me assustando mais que o filme. – ele disse arqueando uma sobrancelha. Sua expressão era de preocupação.

– Emma. – eu disse nervoso. – Ela sabe que nós...

– Nós nos beijamos? – ele disse e levantou, ficando de frente para mim. – E qual o problema?

– Ela disse que ia espalhar para a escola inteira. – mostrei a mensagem para ele.

– E? – ele sorriu e colocou a mão em meu rosto. – Eu não me importo.

– Isso vai estragar a sua reputação. – falei colocando minha mão sob a sua.

– Se as pessoas não me aceitarem como eu sou, elas não são boas de verdade. – ele roçou a ponta do nariz no meu. – Não me importo. Tendo você, é o que importa. E não irei deixar a Emma te machucar.

– Ela disse para eu morrer. – eu abaixei a cabeça e senti uma lágrima cair. – Eu estava bem. Mas sempre tem alguém para acabar com tudo.

– Você não pode morrer. Você me mantém vivo. – ele me deu um selar demorado nos lábios. – Eu realmente gosto de você.

Eu o abracei.

– Só vamos apenas curtir hoje. Amanhã nós vemos o que faremos. – ele sorriu.

Eu e Soobin passamos o dia e um pouco da noite apenas assistindo filmes românticos e de terror. Grande parte dos filmes assustadores eu me confortava em seu peito. Ele apenas dava risada.

– Acho melhor eu ir dormir. Pode dormir aqui. Eu durmo no outro quarto. – disse dando um beijo rápido e fui para o quarto próximo ao que estávamos.

Quando abri a porta, eu pensei ter visto um vulto pequeno no quarto. Depois ouvi uma respiração.
– Eu não devia ter assistido aqueles filmes de terror.

Me dirigi ao quarto de Soobin.
Ele estava mexendo no celular.

– O que aconteceu? – ele perguntou erguendo o olhar preocupado.

– Posso dormir aqui? – perguntei envergonhado.

– Pode, claro que pode. – ele sorriu. – Mas por que isso tão repentino?

– Eu acho que vi um vulto e ouvi um barulho no quarto. Estou com medo.

– Quer que eu vá lá ver? – ele disse enquanto levantava da cama.

– Vou me sentir mais seguro se você for. – disse com o rosto quente. – Você é mais forte que eu.

Ele veio até mim e colocou a mão em meu rosto. – Eu vou te proteger. Não se preocupe.

Ele saiu do quarto.

Ouvi o ranger da porta e depois não ouvi mais barulho nenhum.
– Soobin? – perguntei baixo e coloquei a cabeça para fora do quarto. – Tá tudo bem?

Não me respondeu.

– Não acredito que vou ter que ir lá. – falei cochichando. Peguei meu taco de baseball de plástico que ficava encostado no armário.

Minhas mãos começaram a tremer.
Cheguei na porta do quarto. Estava aberta, porém as luzes estavam apagadas.

– Soobin! Por que diabos as luzes estão apagadas? – ouvi um suspiro. – Soobin! Pare de me assustar!

Acendi a luz rápido e alguém pulou em cima de mim.

– Olha o que temos aqui! – Soobin gritou e olhei para seus braços enquanto ele levantava.

– Mas que...