Six

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Señorita - Shawn Mendes&Camila Cabello

– Mas que diabos é isso, Soobin? – perguntei sorrindo.

– Olha só! Ele entrou aqui! Eu não sei como. Mas entrou. – respondeu feliz.

Soobin estava segurando um filhote de cachorro. Era um pastor alemão. Estava meio magro.

– Será que ele foi abandonado? E como será que ele entrou aqui? – perguntei passando a mão no cachorro que começou a lamber minha mão.

– Provável. Ele está magro demais e está sujo. E como ele entrou eu não sei. Você deve ter deixado a porta aberta alguma hora. – Soobin disse e me encarou com brilho nos olhos. – O que você acha de adotar ele? Eu não posso deixar ele lá em casa.

– Não sei Soobin. Não sei se é uma boa ideia. – respondi me afastando dele.

O cachorro choramingou.

– Viu só?! Ele quer você. Por favor! Eu ajudo a pagar os cuidados dele. Eu vou sempre vir aqui pra cuidar dele. – ele estava com os olhos tão brilhantes quanto uma estrela.

Suspirei e Soobin sorriu. Ele já sabia o que eu ia dizer.

– Só porque eu gosto muito de você. Não consigo dizer não para você. – disse me dando por vencido.

Soobin olhou para meu bastão na mão.

– O que pretendia fazer com esse taco? – Ele riu.

– Não sei. – sorri. – Pretendia bater no que estivesse aqui. E provavelmente eu ia perder. Mas o que importa é a intenção.

Ele riu mais.

– Vamos dar comida para ele. – comentei saindo do quarto.

Fomos até a cozinha.
Soobin sentou com o cachorro no colo. Eles pareciam felizes. Tanto Soobin quanto o cão.

Peguei um pão e molhei no leite.
Coloquei em um pote de plástico.

– Deixe ele em paz um pouco né Soobin. – sorri e coloquei o pote no chão. Soobin fez cara feia, mas soltou o cachorro.

O pequeno animal foi andando devagar até o pote.
Ele comeu tudo o que tinha no pote em questão de segundos.
Quanto tempo ele estaria sem comer? Aquilo me cortou o coração.

– Vou ir lá preparar um lugar para ele dormir. – falei.

– Vou junto. – pegou o cachorro e seguiu atrás de mim.

Acabei por pegar um cobertor velho e o coloquei ao lado da nossa cama.

Soobin soltou o cachorro e ele caminhou alegre em direção ao cobertor.
O cão deu três voltas e deitou.
Se aninhou facilmente.

– Que fofo. – Soobin disse baixo.

– Vamos fazer o mesmo que ele e vamos dormir.

– Ainda quer dormir comigo? – Soobin perguntou com cara maliciosa e sorridente.

– Posso? – perguntei tímido.

– Ainda pergunta? – sorriu.

Sorri fraco e deitei ao seu lado, virado com o rosto para ele.
Analisei todo o seu rosto.
Não tinha reparado como ele era bonito.
Sexy e fofo ao mesmo tempo.
Como alguém conseguia acabar com meu psicológico assim?

Não pude me segurar.
Dei um beijo lento em Soobin.
Soobin sorria sem parar.

– Você está feliz? – perguntei me aninhando em seu peito.

– Como nunca estive. – ele beijou o topo de minha cabeça. – Meu sonho sempre foi isso.

– Isso o que? – sorri.

– Uma família.


– Como é? – perguntei. Será que ouvi direito?

– Boa noite Yeonjun. – mudou de assunto.

– Boa noite.

– Yeonjun! Acorda! Estamos atrasados! – Soobin me chacoalhava.

Abri os olhos e olhei para ele.
Já estava vestindo o uniforme.

– Droga! – levantei rápido.

Vi o cachorro dormindo calmamente nas cobertas que deixei no chão.

– Vamos deixar ele aqui por agora, aí quando a gente voltar da escola, a gente vê o que faz. – falei arrumando a gravata.

Soobin concordou com a cabeça e fez carinho no cachorro.
– Até depois. – falou com voz fofa e saiu do quarto.
Saí atrás dele.

Apesar de Soobin ter quinze anos e aparência de adulto, ele tem alma de criança às vezes. 

Amo isso.

Deixei comida, água e jornal para o cão e saí de casa rapidamente.

– Como vai ser o nome dele? – Soobin perguntou enquanto caminhávamos.

– Não faço ideia. Alguma sugestão? – perguntei dando de ombros.

– Tom? Sei lá. Combina com ele. – ele sorriu. 

– Então está decidido. Tom é o nome do novo membro da família. – não contive o sorriso.

– Sabe... – Soobin falou mudando seu tom de voz eufórico para um tom calmo e doce. – Que bom que meu cachecol foi arrastado pelo vento aquele dia.

– Por que?

– Eu conheci você.

Meu coração palpitou rápido.

– Nem é grande coisa ter me conhecido.

– É sim. Muito. – ele bagunçou meu cabelo e olhou para o chão. – Aquele cachecol é muito importante para mim. Era do meu irmão. Aquilo foi a única memória boa que ele deixou.

– Sinto muito Soobin.

– Eu ainda não superei a morte dele.

Eu não sabia o que dizer a ele. Eu não sabia como era perder um membro da família. Só quase não tive meus pais presentes na minha vida, mas nem se compara a dor de perder alguém que ama muito.

– Ele era meu porto seguro. Por mais que fôssemos gêmeos, ele era o preferido, entende? Mas ele sempre me dizia que não, que eu era melhor do que ele. Que eu era o preferido. Que eu era perfeito. – sua voz falhou. – Estava tão óbvio. E eu não notei os sinais que ele deu. – Soobin fungou.

Segurei seu braço, o fazendo parar.
Puxei Soobin para um abraço apertado.
Ficamos um tempo parados ali mesmo, na calçada.

– Eu sinto muito Soobin. De verdade. Se você quiser, eu posso ser seu porto seguro. – segurei o rosto dele e fiz ele olhar para mim.

– Nós podemos ser o porto seguro um do outro." Ele sorriu fraco.

"Sim. Podemos." Eu sorri e fiz carinho em sua bochecha. "Agora vamos. Estamos muito atrasados mesmo."

Quando chegamos na frente do colégio.
As pessoas que estavam lá fora, olharam para mim e deram risada.

– O que... – comecei mas fiquei quieto quando vi uma folha no chão. Peguei ela e olhei mais de perto. – Mas que porra é essa?

O Cachecol VermelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora