3. Mais gentil impossível

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— Como assim "não tanto quanto" eu, garoto piti?

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— Como assim "não tanto quanto" eu, garoto piti?

— Entenda, esse é um mundo diferente. O tipo de gente que vive aqui é diferente de você. — Ele começou a explicar, mesmo tendo dito que não iria. Foi grosso, na verdade. — Além disso, nesse lugar temos de muito o que você chama popularmente de magia, então o que te trouxe aqui foi logicamente um portal.

Ully o encarou em choque. Piscou duas vezes com o rosto ficando cada vez mais assimétrico até ele continuar.

— Demais para você? Você é humana, as pessoas daqui não, só isso. Estamos num universo paralelo ao seu. Se não sabia da existência disso antes, agora tá sabendo.

— Então estamos em outra dimensão, magia é real e você não é da minha espécie? — Ele assentiu com a cabeça e ela pensou por um segundo em silêncio. Ully começou a rir. Até tentou conter por respeito, mas não deu certo. Gargalhou até ficar com falta de ar. — Ata, conta outra.

— Certo. — Ele a encarou com seriedade, mantendo os braços cruzados. — Como explica o fato de você estar em outro lugar?

— Agora que você mencionou — Tossiu de rir. —, o ar é... Espera, como assim não tem poluição, eu não tô em São Paulo?

— Não está na Terra, para começo de conversa. Entendeu agora?

Ully encarou o garoto em choque. Não tinha uma resposta para isso e a ficha estava começando a cair. Precisava encarar os fatos: o ar era puro, tinha árvores demais e ela de fato passou por um tubão esquisito que a cuspiu ali. E ele de fato tinha olhos escuros, mas acinzentados, o que era meio estranho e nada humano.

— Mas tanto faz, ninguém te quer aqui. — ele continuou. — Te mando de volta em dois tempos. E principalmente, não conte para ninguém o que aconteceu se não quiser ser taxada de louca.

— Ah, isso aí eu já sou.

Ele bufou em desaprovação e traçou uma espiral com um braço, mas deu dois passos e não apareceu nada no caminho. Decidiu prestar atenção no que estava fazendo e tentou de novo. Nada. Começou a ficar preocupado, nada do que ele fazia abria um novo portal. Testou até um outro feitiço discretamente para ter certeza de que o problema não era nele, mas funcionou normalmente.

— O que foi? — ela questionou, com a voz trêmula.

Ele se virou e a encarou de olhos arregalados.

— Você não vai gostar disso, eu não vou gostar disso. — Respirou fundo. — Preciso que venha comigo até a minha casa.

— E em que situação maluca eu faria isso? Você é um completo estranho!

— O nome é Kael. Kael Ehwina Tanaka. — disse, a oferecendo uma mão para se levantar. — E eu preciso muito esconder você. Além disso, não tem como eu tirar vantagem dessa situação, eu não quero você aqui comigo. Ter você do meu lado só vai me trazer mais problemas e você não tem escolha.

Draconis | Do que você é capaz?Onde histórias criam vida. Descubra agora