Sacrifício, Sabedoria e Serviço

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Era setembro de 2010 e todos na Universidade Meyer pareciam bem envolvidos na campanha de combate ao suicídio, o Setembro Amarelo. Afinal, depois dos acontecimentos daquele ano, seria estranho eles não estarem. Entre os meses de abril e maio, quatro estudantes da Meyer cometeram suicídio, isso foi um choque para as pessoas pois aquela universidade era bastante famosa e todos almejavam estudar nela.

A Meyer foi fundada por Magdala Meyer em 1973 e tem mantido um crescimento intenso até os dias atuais. Com seus mais de treze campus, ela prepara jovens de vários lugares para tornaram-se profissionais diferenciados. Sua construção em mármore, prédios espelhados e pisos de porcelanato leva os alunos e funcionários a carregarem a missão da Universidade Meyer: "Sacrifício, Sabedoria e Serviço", os 3 S's, e o respeito pela família Meyer, que se sacrificaram, construíram e administram aquela universidade colossal até os dias atuais. De geração em geração, hoje a Meyer está sobre a liderança de Rosália, uma mulher intrépida e disponível para os que a buscam.

Rosália passou boa parte do ano de 2010 lidando com críticas e dando informações à imprensa sobre o funcionamento da Meyer, pois acreditavam que os alunos cometeram suicídio devido a pressão psicológica imposta por professores e os estudos. Mas isso foi claramente desmentido devido a informações de estudantes.

— Eu não consigo entender o que os levou a cometerem suicídio, — comentou Virgínia, uma garota próxima as vítimas. — os quatro nunca reclamavam de nada, viviam tão bem, não deram nenhum sinal, nenhuma pista. Foi algo que realmente nos pegou de surpresa.

De fato, ninguém conseguia entender o que aconteceu para que aqueles quatro alunos, tão jovens e contentes, com um futuro brilhante pela frente, se matassem. Foi um abalo para muitas pessoas e um caso confuso de se lidar. Geralmente os suicidas dão indícios de que estão com ideias negativas, mas ao analisar o cotidiano e os últimos dias de vida dos jovens, não conseguiram encontrar um motivo se quer para o que aconteceu. Os quatros tinham uma vida muito boa, não haviam sofrido nenhuma perda, ou dano emocional, ou enfrentavam problema financeiro, familiar, nada. Eram queridos pelos alunos e professores. Nos dias seguintes o luto reinou nos corações, até que em setembro o assunto voltou a tomar foco por ser o mês de prevenção e combate ao suicídio. Rosália, a coordenadora geral, se mostrou um tanto que comovida e agradecida pela mobilização dos alunos e funcionários.

O tempo passou, turmas se formaram e turmas novas iniciaram, somente ele poderia levar embora aquele clima pesado de 2010. E agora, dez anos depois, um novo ano começava na Meyer. Um dia antes das aulas começarem, um grupo de amigos se divertia no apartamento dos irmãos gêmeos Lucas e Josielly Guimarães, filhos de um dos casais de médicos mais prestigiados da cidade.

— Josy, seus pais não surtam por você escolher Ciências Contábeis? — perguntou Monalisa, abrindo uma lata de refrigerante. — Geralmente os pais querem que os filhos sigam as profissões deles, né?

— Os meus não. — respondeu Josielly. — Quando eu e o Lucas começamos eles super apoiaram os nossos cursos, eles dizem que a gente tem que fazer o que gosta. Por isso Lucas resolveu fazer Engenharia, inclusive.

— Queria que minha mãe pensasse assim, — lamentou Melq, com a boca cheia de comida. — até hoje ela pergunta se Publicidade e Propaganda dá dinheiro.

— Essa questão do dinheiro é tão irrelevante no fim das contas. De que adianta ter dinheiro e não ser feliz com o que trabalha? — questionou Luara, enquanto mexia nas tranças da sua amiga Gabriella, que concordou com ela. As duas faziam Serviço Social.

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