Culpa

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Mais um dia se iniciava, a luz do sol refletia nos prédios espelhados da Meyer, que pareciam iluminar toda a cidade. A Meyer, com sua nobreza e beleza, ensinava muito mais do que cursos, ensinava jovens a como se tornarem profissionais de sucesso, como serem astutos e decididos no que iriam fazer. Ali, tudo era possível. Aquela construção sofisticada inspirava os estudantes a alcançarem seus sonhos e fazê-los realidade.

— Nossa, eu tive um sonho horrível ontem, — contou Monalisa, caminhando para a universidade com Gabriella, Luara e Melq. — eu não lembro muito, mas sei que eu era chamada de egoísta por várias pessoas e elas jogavam coisas em mim.

— Que estranho. — Gabriella franziu as sobrancelhas.

— Eu acredito que os sonhos tenham um significado, sabe? — Luara comentou, procurando algo em sua ecobag. — Talvez, sonhar seja uma linguagem da mente e nós temos que desvendar.

— Tá querendo dizer que sou egoísta, amada? — retrucou Monalisa.

— Claro que não, — afirmou Luara. — mas que sonhos podem ter significado, sim.

— Será que a sala 317 foi um sonho coletivo? — questionou Gabriella.

— Não! Não é possível, aquilo foi muito real. — respondeu Monalisa. — Não percebeu tudo o que aconteceu? Não tem como aquilo surgir da nossa imaginação.

— É, e eu não acho que exista sonho coletivo. — continuou Luara.

As três garotas pareciam empolgadas com a conversa, ainda não raciocinaram totalmente sobre o que aconteceu na sala 317. Acompanhado delas estava Melq. Calado, pensativo. Seu celular que vivia em sua mão, agora em seu bolso, desligado. Não conseguiu dormir desde as 03:17 da manhã, quando acordara assustado. Caminhava para mais um dia de aprendizado na Meyer, ao lado das pessoas que ele alegou não gostar. Como alguém poderia ter um caráter como o dele?Capaz de agir falsamente com pessoas que se importam, e aquela não era a primeira vez que o jovem alto de pele escura e olhos cor de mel confessava seus reais planos. Quem dera a Meyer ensinasse-o a ser verdadeiro. Ele nunca ligou para os outros, sempre se preocupando consigo mesmo. Apesar do seu jeito extrovertido e brincalhão, escondia uma má índole terrível. Melq era o tipo de pessoa em que não se podia confiar. Aparentemente inofensivo, com seus óculos redondos no rosto e algumas marcas de espinha, ele já pisou em muitas pessoas para conseguir o que queria. Mas agora, principalmente depois daquela noite, Melq estava confuso. Confuso pois sentia em seu peito algo que, até o momento, não sentia antes: culpa.

No segundo dia de aula na Meyer, os alunos novatos participavam da "Hora das Boas-Vindas", que acontecia no auditório central, uma palestra com Rosália Meyer falando sobre a história, os três pilares e todas as outras coisas importantes que um novo estudante da Meyer precisava saber. Stephanie, namorada do Lucas, geralmente ajudava na organização do evento e fez o garoto jurar ajudá-la.

— Tudo está perfeito! — gritou Stephanie, animada.

Lucas, sentado e mexendo no celular, cheio de sono por ter que chegar mais cedo na universidade, simplesmente a ignorou.

— Luquinhas, estou falando com você. — Stephanie o catucou.

Ele distraído, mandando mensagem para Josielly, a olhou com um sorriso fingindo concordar com seja lá o que ela estava falando.

As salas de aula estavam sempre cheias, a Meyer possuía um sistema de ensino tão agradável e interessante que os alunos sentiam prazer em assistir as aulas. Era algo muito curioso, como se estivessem em transe. Suas vidas eram tão normais como as de qualquer um, mas na Meyer, tudo era empolgante. Tudo era melhor. Tudo se tornava estranhamente mais atrativo e prazeroso.

SALA 317Onde histórias criam vida. Descubra agora