Ele está aqui

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Não demorou muito para que a notícia da morte de Marília se espalhasse. Os pais dela vieram tão apressados da viagem, o abalo de perder uma filha, ainda mais filha única, fazia o coração daquele casal quase explodir de dor. A perícia havia investigado tudo, e mais uma vez, não tinham respostas. Nenhum sinal de arrombamento, nenhum registro ou fio perdido que entregasse uma resposta para aquele ocorrido. Nenhuma digital na corda, nada. Tudo era um infinito, angustiante e inquietante mar de dúvidas.

Era manhã, Josielly, Lucas e Monalisa estavam na delegacia e haviam prestados depoimentos. Foram eles que pediram ajuda, precisavam ser ouvidos e acompanhados. Os pais de Marília, também ali presentes, se consolavam junto com alguns familiares. Luara e Gabriella chegaram no local desesperadas, se abraçavam com os outros.

— O Antony chegou faz quase uma hora. — contou Josielly. — Ele foi a última pessoa que viu a Mary viva, eles querem ouvi-lo.

— Vocês acham que ele poderia ter feito isso? — sugeriu Gabriella, enxugando as lágrimas.

— Ele era violento. Mas eu não sei, não se sabe nada de ninguém hoje em dia. — Josielly terminou, e Monalisa se aproximou um pouco mais deles, nervosa.

— Vocês não percebem? — cochicou. — Tudo isso tá acontecendo depois daquela maldita sala!

— A 317? — perguntou Luara.

— Claro, Lua! Primeiro o Melq, agora a Mary. Vocês não estão percebendo? E a morte deles dois foi muito parecida.

— Nenhuma deixou rastros. — Josielly afirmou. — Os dois só surgiram enforcados, do nada.

— E vocês não se lembram do que aconteceu no apartamento do Melq com a gente? Com vocês, no caso. Ficaram loucos, falando do passado.. De condenação, não sei.

O grupo começou a olhar entre si e Monalisa continuou.

— O que eu sei é que tem algo muito estranho com isso tudo e tenho medo disso.

A porta se abriu e Antony saiu dela, completamente abalado. Os olhos cheios d'água, ele se aproximou do grupo.

— Caramba, que barra difícil.

Sem nem pensar duas vezes, Lucas esmurrou o rosto de Antony que o fez tombar para trás. E antes que pudesse dar outro, foi segurado por Josielly e Gabriella, depois dois policiais se aproximaram o repereendendo.

— Você tem cara de pau de bater nela e depois aparece falando que é difícil, seu desgraçado? — Lucas entrou em crise, chorando e gritando. — Você não amava a Mary! Você não sabe do que tá falando, ela era nossa amiga e você a machucou.

Josielly o sentou em uma das cadeiras, tentando acalmá-lo.

— Você disse que esse Antony agrediu a vítima? — perguntou um dos policiais.

— Sim, e fazia abusos psicológicos com ela também.

— Nós só fomos pra casa da Mary nessa madrugada pois ela ligou pra mim chorando, dizendo que o Antony havia batido nela. — Josielly explicou. — Eles já se separaram uma vez, mas acabaram voltando. Marília sempre me contava como Antony as vezes era extremamente possessivo com ela.

— Isso é mentira, a gente se amava.

— Cala a boca. — um outro policial apontou o dedo para Antony, que se calou.

— Eu não tenho pra quê inventar isso.

— Antony Damasceno, acompanha a gente, por favor.

SALA 317Onde histórias criam vida. Descubra agora