Dentro do quarto

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— Nós precisamos voltar lá. Tem alguma ligação entre a sala e a morte de Melq, eu tenho certeza. — Monalisa conversava com Josielly por vídeo chamada.

— Monalisa, eu sei. Mas tenho medo que as coisas fiquem sujas pra gente, também. Você não tem medo de morrer?

Josielly parecia receiosa  e confusa desde o incidente no quarto de Melq, o passado da mesma e dos outros ali presentes veio a tona em minutos.

— Claro que tenho medo de morrer, mas algo não tá certo. Você mesma falou, Josielly. Tem pontas soltas.

— Talvez ir lá seja um erro, Monalisa. Sei que eu sugeri irmos lá, mas foi naquele momento. Eu não quero ficar mais cheias de problemas do que já estou.

— Que problemas você tem?

Josielly tentou responder algo, sem êxito.

— Olha, esquece, tá? Te vejo amanhã na Meyer.

Ela desligou, e Monalisa se viu na tela escura do seu próprio celular. Preocupada, inquieta, precisava descobrir a fundo mais coisas. O instinto de jornalista gritava e ela não conseguia parar.

No bairro vizinho, Marília e Antony não se entendiam muito bem. Já era madrugada e hora ou outra a garota se perdia nos próprios pensamentos, se sentia aflita e temia que as pessoas não acreditassem no que estava acontecendo.

— Antony, acho que estou enlouquecendo.

Ele chegou mais perto dela, coçando a cabeça.

— Marília, você não tá louca. Você tá sendo uma estúpida! Já faz dias que seu amigo morreu, tem que seguir sua vida, garota.

— Não é tão simples assim, Antony. Outras coisas estão acontecendo.

— Que coisas?

— Por favor, imploro que acredite em mim. — seus olhos se encheram de lágrimas. — Mas ultimamente tenho visto e ouvido coisas que não são reais.

— Como assim?!

— É tipo uma visão, mas eu sei que é algo sobrenatural, Antony.

Ele balançou a cabeça, um olhar de decepção enquanto via Marília aflita.

— Você é mesmo uma estúpida. — se levantou, alterado e começou a gritar. — Eu fui gentil com você, pedi pra gente voltar e aí você me vem com essa de sobrenatural, Marília?

— Antony, não tenho motivos pra inventar isso.

— Seu amigo morreu! Eu não tenho culpa disso e nem você, não quero que isso atinja a gente. Mas já deixasse atingir, Marília.

Antony era especialista em mover todas as circunstâncias ao seu favor. Jogava com a mente de todos para conseguir o que queria, e com Marília tudo o que ele precisava fazer era deixá-la se sentir culpada.

— Só quero que a gente tenha momentos bons, mas desde da morte desse cara você mudou comigo. E agora vem falar de sobrenatural e não sei o quê, para com isso, Mary. Não quero namorar com uma garota doida, melhora isso.

Marília enxugou as lágrimas, concordando com ele e pedindo desculpas. Ele se sentou, beijando-a. Até que todas as luzes da casa da garota se apagaram.

— O que foi isso? — Antony perguntou, assustado. — Seus pais chegaram?

— Não, eles estão viajando. Só chegam semana que vem.

Marília se levantou do sofá e até o disjuntor que ficava no corredor. Ela viu que fora desligado e o ligou novamente.

— Alguma coisa desligou o disjuntor. — ela falou, mas Antony não estava mais na sala.

SALA 317Onde histórias criam vida. Descubra agora