A cidade das almas

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Acordei bem cedo e bem-disposta, contudo, o medo de falhar em minhas missões, era inevitável.

Olhei para as janelas, estava em um local totalmente diferente da fazenda.

Olhei para mim e levei um grande susto! Estava num corpo físico de quinze anos, conforme a Estrela-guia já havia me esclarecido tudo no dia anterior; e olhei para trás, avistei duas asas!

Elas balançavam levemente como se estivessem me mostrando que eu poderia voar!

Decidi com firmeza em meus pensamentos que era chegado o grande momento, e que deveria sair da casa e explorar o local dessa nova dimensão onde me encontrava e procurar as almas que aceitassem minha ajuda, o meu trabalho a cumprir.

Então eu saí, dei um impulso de leve e fui percorrendo as ruas flutuando, voando lentamente e ainda pouco acima do chão.

Olhei para trás, a tal casa da Fazenda, não existia mais, simplesmente desapareceu.

Essa dimensão era como uma cidade esquecida do mundo, não era dia, estava na noite, o que me deixou intrigada, sentia uma intuição que não havia dia naquele local meio sombrio e imerso numa quietude inexorável.

Seguia pelas ruas sobrevoando e cheguei em ruas onde ficavam as tais almas, com corpo físico igual ao dos seres humanos, algumas em grupos e outras sozinhas.

Notei que todos ficavam sentados com olhares apáticos, olhando para um nada e fixamente, não se movimentavam por um longo tempo.
Passei a reconhecer naqueles rostos, que lhes faltava o milagre de viver.

Embora fossem já falecidos, sucumbiram a uma tamanha tristeza, que impossibilitava qualquer modo de vida razoável, a fim de sobreviver àquela sua atual situação naquela dimensão.

Alguns ficavam mais escondidos em cantos mais escuros nas ruas, havia umas luzes amarelas, simulando postes de luz, em um ponto de cada quadra das ruas, contrastando com a luz do luar.

Minhas asas eram como de uma borboleta, só que proporcional ao meu tamanho.

Elas emitiam uma luz dourada que seria impossível alguém não me enxergar.

Fiquei muitos dias vagando pela cidade, percebi que era uma cidade imensa, isso foi quando num certo momento, decidi voar bem alto e peguei uma visão geral de cima, mas minha visão nem alcançava os limites da tal cidade, percebi que havia algo muito além que ainda não me era permitido saber.

Quando eu necessitava de repouso e asseio e alimentação, a casa da Fazenda como uma mágica da Estrela-guia, eu desconfiava, surgia e eu passava uns 2 dias nela, em seguida a casa desaparecia novamente e ressurgia vários dias depois.

Durante os intervalos em que não tinha a casa, eu me banhava num lago que descobri, e localizei um local de árvores frutíferas e hortas.
Enquanto meus primeiros dias se passavam e ninguém me procurava ou me dirigia um olhar, eu continuava sobrevoando as ruas, sem desistir, sentia que o objetivo era muita paciência até conseguir conversar com um deles.

Acredito que foi como se tivesse passado uns dois meses sem nenhum êxito.

Até que exatamente em um dia que eu me encontrava extremamente exausta, de tanto persistir, estava sem forças para me alimentar, não aguentando mais, eu desci e me recostei em uma esquina de um setor da cidade.

Muito cansada, quase não dormia há semanas, a casa da Fazenda estava demorando a aparecer, então decidi passar uma noite ali, no meio deles.

Antes disso, eu descansava poucas vezes ao lado do lago que havia encontrado.

Finalmente, para minha surpresa, um homem sentado próximo a mim, aparentava uns trinta e cinco anos, resolveu, com muita dificuldade e lentamente, olhar para mim!

Pareceu-me ter feito um certo esforço pessoal para falar comigo.

Eu estava suada, com muito sono e fome, mas sem forças para ir no pomar.
Talvez ele tenha percebido.

Finalmente, senti que coisas extraordinárias iriam acontecer, e aquilo era apenas um começo.

O esforço desse homem em começar um contato comigo.

Mas eu não quis deixar ele muito perceber meu contentamento, pois alguns deles, mostravam-se um tanto assustados e viviam numa inércia.

Fiquei parada uns minutos, fingindo que não havia percebido nada.

Em seguida, ele me fitando, conseguiu fazer contato comigo:
- Olá...- ele disse!

Eu agora prontamente lhe respondi:
- Olá, muito prazer! Qual seu nome?
Caso não se importar em me revelar.

- É Francisco.

- Prazer, Francisco. Eu sou Ana.

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⏰ Última atualização: Dec 07, 2019 ⏰

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