Capitulo 1 - The Ghost

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Rey estava exausta. Cada parte de seu corpo doía, e seus pés não conseguiam sustentá-la por mais nem um minuto. 

Ela se esforçou para se aproximar de Finn e da garota que agora ele cuidava com tanto carinho. O amigo não havia deixado o lado dela desde que chegaram ali, só percebendo a aproximação de Rey depois de alguns instantes.

- Ela parece cansada...- disse ela analisando o pequeno rosto adormecido e lançando um fraco sorriso em direção a Finn.

- Você também. - disse ele em um tom preocupado - Deveria descansar um pouco.

Ela ficou em silêncio por alguns instantes.

Seus pensamentos divagavam com muita facilidade depois de tudo, e o constante medo de uma nova ligação com ele através da Força fazia suas pernas fraquejarem.

- Hey, está tudo bem. Você está em casa agora.

Casa. Ela suspirou. Todos a diziam que aquela era sua casa, a Resistência.  Mas então por que isso não parecia certo?

- Ninguém pode te machucar, Rey. - disse, buscando as mãos dela e apertando-as levemente. - Está a salvo agora.

Ela assentiu e o abraçou. Sabia que Finn estava tentando confortá-la e apreciava a atitude do amigo, mas ele se equívocara. Já havia se machucado, e era tarde demais para tentar se proteger agora.

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Entrou em seu dormitório e deixou o sabre (ou pelo menos o que sobrou dele) sobre a pequena mesa ao lado de sua cama. Sua cabeça doía, mas o peso insuportável que carregava em seu peito foi o que a fez sentar rapidamente sobre os lençóis recém colocados.

Ela suspirou e fechou seus olhos, esperando encontrar paz no agora doloroso silêncio, mas foi em vão. Os olhos sinceros e pedintes continuavam a assombra-la, e a maldita voz, como quase um sussurro, insistia em habitar cada um de seus pensamentos.

"Rey, junte-se a mim. Por favor."

- Mas que droga... - apertou os olhos e levou as mãos a cabeça, tentando se desfazer daquele maldito fantasma.

Quanto mais se esforçava para apagá-lo, mais presente ele se fazia.

- Saia da minha cabeça! - ela disse uma última vez, como numa súplica.

Então, subitamente, uma onda familiar de calor percorreu seu corpo e seus dedos gelaram. Ela demorou alguns instantes até reconhecer aquela sensação.

- Eu não estou em sua cabeça.

Rey abriu os olhos rapidamente para confirmar a consumação do que ela mais temia.

Raiva e angústia tomaram conta de seu peito e ela se levantou, pronta para um ataque.

- Snoke está morto - ela disse entre os dentes, sua respiração descompassada - Porque sou obrigada a vê-lo mesmo assim?

Ela não parecia a única a carregar ressentimento. Os olhos de Kylo pareciam mais escuros que o normal e a Força a permitia sentir a onda intensa de sentimentos vindos de Ren.

Ele se sentia frustrado, furioso e traído.

Seus lábios formaram um sorriso sarcástico mas sua expressão era totalmente distante de algo descontraído. Ele parecia estar irritado, inquieto.

- Está agindo como se realmente me interessasse vê-la novamente, catadora de lixo. Sabe muito bem que nenhum de nós é capaz de fazer isso
- Kylo cuspiu cada palavra, ódio escondido entre elas - A Força é. Você não tem como evitar isso.

- Eu o odeio, Kylo Ren - a garota interrompeu-o, e o mesmo ódio estava presente agora em suas palavras. - Han estava certo. O filho dele está morto.

A anterior raiva que a garota sentia através da ligação havia sido substituída por uma mistura de dor e surpresa.

Os olhos de Kylo pareceram perdidos, assustados. Ele curvou as sobrancelhas como se questionasse o que acabara de ouvir, como se tivesse sido atingido por um sabre de luz manuseado por Rey.

A fúria e a mágoa que residiam em seu peito alimentavam as palavras que ela agora não controlava mais.

- Eu posso não conseguir parar isso agora, mas não vejo sentido na Força para me ligar a alguém morto para mim.

A raiva havia voltado para as expressões de Kylo, e agora mais do que nunca, Rey pode sentí-la crescer daquele lado da ligação.

- Não se preocupe, Rey - ele disse finalmente, fazendo-a estremecer ao ouvir a menção de seu nome - Logo, eu não serei a única coisa morta para você. Vou destruir tudo que ama. E depois acabarei com você.

Antes que ela pudesse sentir o peso daquelas palavras, ele havia sumido. Suas pernas não foram capazes de sustentá-la e ela se sentou sobre a cama novamente.

Por algum motivo, ela não conseguia sentir mais nada. A raiva, fúria e ódio haviam desaparecido com Ren. Mas uma dor dissipante havia se instalado ali, como se rasgasse o seu peito em milhares de pedaços.

Ela deitou sua cabeça no travesseiro e fechou os olhos. Havia se decidido e não voltaria atrás. Esqueceria Kylo Ren.

A decisão trouxe alguns segundos de alivio para seus pensamentos, mas este foi arremessado ao esquecimento e seus olhos encheram- se de lágrimas quentes e incessantes, seguidas de reprimidos soluços angustiados de Rey. 

Ela amava Ben Solo, e ele estava morto.

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