06. Ella

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Um sorriso involuntário surgiu em meus lábios e escuto um pigarro. Um pigarro que me faz erguer o olhar imediatamente. Reparo que um par de olhos escuros e curiosos me fitavam fixamente.

- Por que você está sorrindo desse jeito? É algum namoradinho novo? Ai, finalmente. Qual o nome do meu futuro genro? Pode convidá-lo para vir até aqui.

Acabo rindo de suas palavras exageradas e revirando os olhos. Constance, minha madrasta dava pulinhos de alegria e repetia "eu sabia" diversas vezes.

Sim, eu tenho uma madrasta. Mas não é como se fosse a madrasta má da cinderela. Meu pai morreu em um acidente alguns meses atrás e eu nunca conheci a minha mãe. Constance é a única família que tenho agora.

Minha boadrasta, eu diria.

Olho em seus olhos negros como a noite e respondo diretamente:

- Claro que não, é só... um cara.

- Um cara que te fez sorrir feito boba apenas com uma mensagem - Constance perpetuou, com ênfase em suas palavras.

Expliquei quem era esse cara para ela e no mesmo instante pensei que seu sorriso desmancharia, dando espaço para uma expressão chateada e brava, pela situação em que eu me encontrava com ele. Mas não, aquele sorriso ainda pairava em seu rosto, o que me deixou confusa.

- Bem, se esse tal de Jack está arrependido é o que importa, não é?

Suspirei. Eu não sabia bem ao certo. Se bem que eu não sabia de mais nada. Não sabia se deveria dar um voto de confiança para ele, nem se aquela conversa foi mesmo de verdade. Talvez, ele finja que não conversamos e volte a agir como o velho Jack de antes.

- Não sei, Cons. Não é tão simples assim. Jack sempre me zoou por causa do meu nome... ele e aquele grupinho. Por que justo agora ele decidiria mudar? Não faz sentido.

- Talvez, porque ele percebeu que sua atitude não era legal. - Constance acariciou minha bochecha com seu polegar. - E talvez porque ele goste de você.

Levantei subitamente do penúltimo degrau da escada. Neguei veemente, afastando toda e qualquer hipótese de que Jack sinta algo por mim.

- Claro que não, Cons. Jack não é o tipo de garoto que se apaixona, muito menos por uma garota como eu.

Constance me repreende com o olhar. Ela se levanta e fica parada em minha frente.

- Como assim por uma garota como você, Ella? Sabe que não gosto quando fala dessa forma.

Um suspiro longo saiu por entre meus lábios. 

- E por que estamos falando sobre esse garoto mesmo? - encerrei aquela conversa. Dei um beijo em sua bochecha e subi correndo as escadas, deslizando minha mão sobre o corrimão amarronzado. 

Ouvi sua voz gritando para eu não subir as escadas correndo, - o que claramente ignorei - e em seguida ela falou algo sobre shippar, Jack, amor e lasanha numa mesma frase.

constance é muito ícone sem defeitos putz

Cinderella • 𝐉𝐚𝐜𝐤 𝐆𝐢𝐥𝐢𝐧𝐬𝐤𝐲Onde histórias criam vida. Descubra agora