24. Narrador

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A sala de estar da casa de Cinderella parecia um mar, só que cheio de pessoas por todos os lados. Ela pensou que seriam apenas seus amigos, mas Sabrina fez questão de convidar mais pessoas, o que claramente fez sem falar nada para a garota.

Cinderella havia convidado Jack, mas ele não estava ali. Lhe mandou diversas mensagens com a mesma pergunta: "você está bem, Jack? Você não vem?". Jack apenas lhe respondia com um "eu estou bem, não se preocupe", sem mais explicações.

O que levou a pensar que ele estaria chateado pelo fora - não proposital - que ela deu. Sabia que aquilo poderia acontecer. Obviamente Jack estava chateado, mas ela não poderia imaginar que tanto.

- Amiga, isso tá incrível. Quando convidei o pessoal, pensei que metade nem viria, mas me enganei. Olha isso... - Sabrina falava atônita. Sua voz saía embargada e com um cheiro forte de álcool.

- Realmente incrível. Não tinha falado que seriam apenas nossos amigos? Isso parece só nossos amigos pra você, Sabrina?

- Não seja chata, Ella. Deveria ficar feliz que quase todos vieram. Vai ser ótimo pra eles te conhecerem melhor e assim, quem sabe, pararem de te encher tanto o saco.

Ella riu com escárnio.

- Como se isso fosse mesmo possível. Essas pessoas não gostam de mim, só vieram porque tem bebidas e comida de graça. - Sabrina balançava uma garrafa de uísque no ar, enquanto ouvia atentamente as lástimas de sua amiga. - E você não devia beber tanto.

- Nem vem. Você não vai cortar meu barato. Isso... - apontou para a garrafa. - Me faz ter coragem pra fazer o que eu quero fazer.

- E o que seria?

Quando ela iria falar algo, Sammy chegou de súbito, fazendo Sabrina beber mais um grande e longo gole da bebida. Ela olhou para sua amiga e sorriu maliciosamente.

- Isso...

Sabrina puxou Sammy pela camisa de botões que ele trajava e o beijou alvoroçadamente. Ella arregalou seus olhos e abriu sua boca em um perfeito "o". Já sabia que o motivo de Sabrina propor aquela social seria dar uns pegas em Sammy Wilk, assim como a mesma disse, mas ela nunca achou que sua amiga realmente teria coragem. Talvez o álcool tenha dado um certo empurrãozinho.

Sabrina soltou os lábios do garoto - que ficaram extremamente avermelhados - e ainda agarrada a ele, piscou para Ella e começaram a subir as escadarias desajeitadamente.

Cinderella observou seus amigos e não amigos dançarem em meio a sala, cozinha e até mesmo corredor. Pensou em como mentira para Constance sobre o fato de que não teriam bebidas e sentiu um breve arrependimento.

Ela lhe mataria se entrasse por aquela porta naquele instante.

Nate lhe lançava olhares enquanto dançava. Olhares atrevidos e com uma certa malícia, o que fazia seu rosto esquentar. Ella o achava bonito e não podia negar que de fato era, até cogitou a ideia de sair com ele, mas não ousou seguir a diante. Ele era legal e divertido, mas definitivamente não era seu tipo.

Sempre que estavam juntos, seus pensamentos iam diretamente para Jack, sem movito aparente. Talvez pela forma como as coisas aconteceram com ele. Ela partira seu coração e se sentia mal com isso, se sentia mal ao pensar na forma como lhe falou tudo que sentia - ou não sentia. Queria ter uma conversa civilizada com Gilinsky e lhe perguntar se estava realmente tudo bem. 

Mas... não. Não poderia. Não devia. Não saberia nem como começar aquilo.

Fechou seus olhos e balançou a cabeça. Pegou um copo com um líquido doce e aparentemente sem álcool, e ingeriu tudo de uma vez. A música não tão alta parecia tocar dentro de sua cabeça. Olhou para a multidão e arregalou seus olhos.

Bem no meio daqueles que dançavam, surgiu Jack Gilinsky e... Beatriz?

Ella forçou sua vista e pensou ter tido uma alucinação, mas não. Definitivamente era ela. Jack segurava sua mão e estavam andando em sua direção.

- Jack... - Ella falou quase em um sussurro. Seu coração disparou de repente. - E Beatriz...

- Oi, Ella. Como vai? - Jack cumprimentou, com um sorriso mínimo. Beatriz apenas deu um sorriso torto, sem muito esforço.

- Bem. Pensei que você não viria.

- Eu não tinha certeza se deveria mesmo vir, mas Bea me fez mudar de ideia de última hora. Não se importa se ela ficar, não é?

Cinderella sentiu um nó se formar em sua garganta. Seu estômago revirou e quase sentiu vontade de vomitar ali mesmo. Sua mente lhe implorava por um belo não. Beatriz e ela nunca se deram bem e apesar de não sentir raiva ou algum sentimento ruim por ela, não achava que seria uma boa ideia deixá-la ficar. Não tinha certeza se deveria, mas ao abrir sua boca, engoliu aquela pequena palavra que queria tanto falar.

- Imagina... é claro que ela pode ficar. Fiquem à vontade.

Não sabia como e nem de que maneira aquelas palavras saíram de boca. Não queria dizê-las. Não queria. Droga... não queria mesmo.

Jack lhe lançou um sorriso e levou a garota em meio às pessoas que dançavam, se perdendo naquele emaranhado. Ella pegou mais um copo do líquido doce e bebeu de uma só vez.

Sua consciência dizia que ela havia feito a coisa certa. Como sua madrasta sempre dizia: não é porque alguém lhe trata mal, que você deve se portar da mesma forma.

Fechou os olhos por alguns segundos e balançou a cabeça. Não deixaria que a presença de Beatriz estragasse o que deveria ser um ótimo dia para ela. Definitivamente não deixaria.

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ainda tô pensando em como vai ser o final de cinderella e tô completamente sem ideias, socorro

Cinderella • 𝐉𝐚𝐜𝐤 𝐆𝐢𝐥𝐢𝐧𝐬𝐤𝐲Onde histórias criam vida. Descubra agora