02. Ella

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Fecho o zíper da minha mochila e jogo-a sobre meu ombro. Olho novamente o relógio em meu pulso e me xingo mentalmente. Eu devia ter saído mais cedo de casa.

Embora meu despertador tenha tocado na hora exata, meu corpo não estava preparado para acordar naquele momento. Então, assim que me sentei na cama, deixei meu corpo se jogar para trás, me fazendo dormir novamente. O que claramente eu me arrependi de ter feito.

Caminho até meu armário que ficava perto da máquina de refrigerantes. Digamos que, eu não gostava muito da posição que ele ficava.

Assim que o fecho, sinto meu coração quase sair pela boca.

Samuel Wilkinson e seu grupinho estavam parados em minha frente, me encarando fixamente. Beatriz, a líder do grupo, saiu do meio deles e veio até mim, parando e cruzando os braços.

- Incrível como existe gentinha que não se situa.

Ela falou brandamente, enquanto mascava um cliclete. Uma pequena bola se formou e estourou, quase grudando em seu nariz.

Me segurei firmemente para não rir.

- Falando comigo, Beatriz?

- A única gentinha que estamos vendo aqui é você, então... sim.

Seus cães de guarda não desgrudavam nem um minuto dela. Pareciam seguranças mal encarados que ficavam em frente de alguma boate, impedindo a entrada de penetras.

Eu realmente não gostava daquela parte do colégio. Por que meu armário não podia ficar em outro lugar? De preferência, num lugar bem longe de Beatriz e seu grupo.

- Deixa a garota em paz, Bea - Jack Gilinsky se pronunciou, surgindo do seu lado.

Jack era legal ou tentava ser, mas sempre andava com aquelas pessoas que eram totalmente o oposto. O que me fazia crer, às vezes, que ele era como aquelas pessoas.

- O que foi, Jack? Vai virar defensor da pobre Cinderella? - Jack revirou os olhos. - Quem sabe você não encontra um dos sapatinhos de cristal dela e vocês se casam. 

Revirei meus olhos violentamente. 

- Eu não quero confusão, Beatriz. Por que não vai embora e leva seu grupinho com você?

- Talvez porque você está na nossa área do colégio - ela falou com um ar convencido. Seu nariz estava empinado e sua sobrancelha esquerda arqueada.

Olho em volta e levanto uma sobrancelha, em total discordância.

- Engraçado, não estou vendo seu nome e muito menos do seu grupo em lugar algum. - sorrio debochadamente.

O rosto de Beatriz ganhou um tom vermelho e suas sombrancelhas se ergueram abruptamente. Seus amigos seguraram o braço da garota no instante em que ela tenta vir para cima de mim. Recuo dois passos para trás e sinto meu coração acelerar.

Do meu lado direito, Jack Johnson e minha amiga, Sabrina, vêem até mim e se posicionam do meu lado.

- Chegaram os ratinhos da Cinderela - Sammy murmurou. - Ótimo.

Gilinsky encarou Beatriz como quem dizia que ela devia parar, ou se meteriam em problemas caso o diretor ou algum professor aparecesse. Beatriz cerrou os dentes e se desvencilhou dos braços que a seguravam. Estalou seus dedos duas vezes no ar, o que fez seu grupinho a seguir como cães fiéis, assim que seus pés começaram a andar.

- Desculpa por isso, Cinderella. Eu... - um grito foi ouvido por Jack e seu maxilar travou. - Desculpa. - Gilinsky me olhou e sorriu minimamente, antes de sair correndo.

- Patético... - Sabrina murmurou. - Desculpe, Jack, mas é a verdade. Seu amigo é patético e idiota.

- Não discordo, Sabrina.

Recosto-me em meu armário e suspiro pesadamente.

- Eu só queria que eles parassem de me zoar e me deixassem em paz. Ouvir piadinhas em relação ao meu nome durante dois anos seguidos, não era algo que estava em meus planos - joguei minha cabeça para trás e fechei os olhos.

- Não fica assim, Ella... olha, as pessoas com um tempo, vão se acostumar com seu nome. E eles nem te zoam tanto assim, vai...

- Ei, Cinderella... - um garoto de jaqueta azul escuro e cabelos bagunçados gritou. Olhei em sua direção. - Será que se eu pedir a sua fada madrinha, ela transforma minha bicicleta em uma Honda novinha? - ele começou a rir descontroladamente.

Encarei Jack com um olhar fuzilante, enquanto ele apenas sorriu sem mostrar os dentes. Sabrina se pôs atrás de mim e começou a me empurrar, enquanto eu resistia e ansiava pelo fim daquelas aulas.

pobre ella... não zoem o nome de um coleguinha, isso não é legal

Cinderella • 𝐉𝐚𝐜𝐤 𝐆𝐢𝐥𝐢𝐧𝐬𝐤𝐲Onde histórias criam vida. Descubra agora