20. Ella

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Meus dedos tamborilavam na mesa amarronzada e minhas pernas tremiam. Meu coração estava tão acelerado que parecia que iria explodir.

Eu estava tão nervosa que nem percebi quando comecei a morder meus lábios.

Droga, eu odiava fazer isso.

Eu nunca pude imaginar que Jack gostava de mim. Claro, Sabrina falava isso uma vez ou outra, mas sempre levei na brincadeira. Nunca imaginei que fosse sério.

Eu não deveria estar surtando tanto, mas é inevitável. Ninguém nunca me disse que gostava de mim. Não desse modo que Jack, ou melhor, meus amigos disseram que ele gosta.

Depois daquela mensagem que me pegou de surpresa, e aquele dia na sala de aula, passei minutos, ou até mesmo horas confusa. Tentei imaginar que era brincadeira, mas depois que Jack me enviou aquelas mensagens, minha tensão só aumentou.

E agora eu estou aqui. Sentada numa cadeira meio desconfortável, com as pernas tremendo e esperando ele chegar para conversarmos.

Isso não poderia ser pior.

Ouço o barulho abafado da campainha e sinto um zumbido em meu ouvido. Eu até conseguia ouvir o batuque das minhas batidas cardíacas.

Fica tranquila, Ella, é apenas o Jack. Não é nada demais. Fica tranquila.

Fui até a porta, e com as mãos tremendo, girei a maçaneta. Ele estava lá, parado, com as mãos enfiadas nos bolsos e encarando o chão. Seus olhos se erguem assim que ele me vê e sorrio desajeitadamente, tentando não transparecer meu nervosismo.

- Jack, que surpresa te ver aqui.

- Mas você me chamou...

Assim que suas palavras saíram, me amaldiçoei na mesma hora. Estava tão nervosa que tinha esquecido desse pequeno detalhe.

Sorri torto e o convidei para entrar. Assim que fechei a porta, meu coração parecia ter parado. Não conseguia mais ouvir as batidas.

Pedi para que ele se sentasse, o que me permitiu ter um tempo para beber um copo com água e segurar minha ansiedade. Ou pelo menos tentar.

Sentei em uma distância considerável dele e coloquei minhas mãos sobre meu colo. Um silêncio se instalou naquele meio e com regularidade, eu conseguia ouvir as batidas do meu coração voltarem arduamente.

De perto, pude ver o quanto seu maxilar era perfeitamente desenhado. Jack pigarreou e eu o encarei.

- Então, Ella... eu esperei muito por esse momento e agora não sei bem o que dizer. - uma risada sem humor foi o único som que saiu depois de sua fala. - Eu sei o que você dever estar pensando: Jack Gilinsky, o cara mais babaca de toda a escola, apaixonado? Sei que parece piada, mas...

- Não é piada, Jack. Isso só mostra que você não é tão babaca quanto aparenta e é capaz de ter sentimentos - falei, com a voz trêmula. O sangue nos ouvidos estava tinindo tão alto, que eu conseguia ouvir o som perfeitamente.

- Até me surpreende te ouvir falando isso de mim. Logo eu, que sempre peguei no seu pé e te zoei, desde a quinta série.

- Eu sempre soube que por baixo daquela casca de mau e pose de idiota, existia um garoto legal e gentil. E eu estava certa.

Um sorriso surgiu em seus lábios e me fez sorrir junto. Seus dentes eram tão brancos quanto uma nuvem no céu.

- Ella... - Jack pega em minha mão direita, o que faz meu coração acelerar. - Eu gosto de você. Na verdade, eu sempre gostei. Desde a quinta série, quando comecei minha implicância contigo. Acho que foi mais uma maneira de chamar a sua atenção. Você sempre foi a cinderela que vivia rondando em meus sonhos. - um sorriso involuntário surgiu em meus lábios e finalmente, com coragem, encarei seus olhos. - Eu nunca pensei que essas palavras saíriam da minha boca, mas... você aceita namorar comigo?

Naquele instante, o sorriso sincero e involuntário que surgiu em meus lábios, foi desaparecendo lentamente. Puxei minha mão lentamente da sua e me levantei.

Eu nunca me imaginei nessa situação e agora que eu estava, não sabia o que dizer ou fazer. Outra garota em meu lugar, estaria feliz, e não como estou agora. Confusa e com o coração apertado.

Saber que Jack sentia algo por mim e algo sincero, era estranho e ao mesmo tempo bom. Mas o que ele não sabia, era o que eu sentia. Eu não tinha o mesmo sentimento que Jack tinha por mim, e a ideia de poder magoá-lo, me deixava destruída.

Tudo que eu menos queria era partir seu coração.

Sinto sua mão tocar em meu braço e um arrepio percorre minha espinha. Fito seus olhos fixamente e me obrigo a falar a verdade. Eu precisava falar.

- Jack...

- O que houve? Eu disse algo de errado?

Meu coração estava a ponto de explodir. Eu quebraria o coração daquele garoto. Como eu poderia fazer isso?

- Não. Não é isso. É só que... - respirei fundo e engoli em seco. - Jack, eu fico lisonjeada e surpresa por saber que você gosta de mim. Eu nunca imaginei que isso poderia acontecer, mas...

- Você não sente o mesmo por mim, não é?

Eu me sentia em um filme adolescente, ao qual uma garota partia o coração do garoto que gostava dela. E era o que estava prestes a fazer. Seus olhos pareciam tristes e perdido o brilho que antes tinham.

- Não. Eu sinto muito...

Aquelas palavras pareciam mais ter destruído o meu coração do que o dele. Suas mãos não paravam quietas, ora ficavam mexendo uma na outra, ora enfiadas nos bolsos da calça.

Um meio sorriso apareceu no canto de seus lábios e ele suspirou.

- É, meus amigos avisaram que isso poderia acontecer. E não é que eles tinham razão?

Rimos sem humor. Aquele lugar parecia cada vez menor para nós dois.

- Jack, ainda podemos ser amigos, não é?

- Ah, claro. Amigos...

Sem pensar ou por um momento um tanto tenso, o abracei. Minha tensão parecia ter ido embora com aquele abraço. Era tão bom e confortante. Senti suas mãos em minhas costas e por um momento, exitei sair daquele abraço. Talvez tenha sido o melhor que já recebi.

Escutei um pigarro alto e nos separamos minimamete. Minhas mãos ainda pousavam em volta de seu pescoço e as suas em minha cintura.

- Que lindo. Finalmente meu bebê desencalhou. - Constance estava parada em frente a porta, com duas sacolas na mão. Jack e eu rimos e nos separamos, quando percebemos que ainda estávamos próximos. - Você deve ser o tal Jack que tanto a Ella falou. Muito prazer, querido genro.

- Cons... - olhei para ela com um olhar repreendedor.

Jack riu sem graça e disse que não tinha problema. Ele disse que gostava que ela o chamasse assim.

- Bom, acho melhor eu ir.

- Ah, querido, por que a pressa? Não quer ficar para o almoço?

- Eu agradeço, senhora Constance, mas acho melhor eu ir. De verdade, obrigado.

- Não precisa agradecer, meu jovem. Saiba que o namorado da Ella é muito bem vindo aqui.

Olhei para Jack e sorri sem graça. Constance lhe deu um abraço e ele veio até mim. Seus olhos me fitaram e sorrimos um para o outro. O levei até a porta e assim que a fechei, Constance deu pulinhos de alegria.

Tive que lhe explicar que não era o que estava pensando, o que me gerou uma série de ameças e gritos, dizendo que eu era louca por ter deixado um partidão como Jack ir embora, e que mais cedo ou mais tarde, eu me arrependeria.

Minha boadrasta conseguia ser bastante exagerada às vezes.

©

constance é maravilhosa demais meu pai, não aguento

Cinderella • 𝐉𝐚𝐜𝐤 𝐆𝐢𝐥𝐢𝐧𝐬𝐤𝐲Onde histórias criam vida. Descubra agora