Capítulo 2 - Fransien

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Eu não me sinto bem em meio a multidões; pessoas demais em espaços pequenos me deixam nervosa.

Esse era o porquê de eu não ir à festas. Então, onde eu estava com a cabeça quando disse sim a Eline? Ah, sim. Ninguém nunca consegue dizer não a ela. Eline, minha irmã do meio, tem a tendência de conseguir sempre o que quer, e isso às vezes é um pé no saco.

Foi fácil para ela convencer a nossa mãe a deixá-la sair. Nossos pais amam paparicá-la. Até mesmo Corjan, nosso irmão caçula de dez anos, tem menos regalias do que ela.

Além disso, mamãe não gosta que Eline vá a tantas festas e reclama do fato de eu não ir a nenhuma. Então, se eu for acompanhar Eline, será uma vitória para ela. Assim como se eu não for, e Eline consequentemente ficar em casa, também a deixaria feliz.

Com o pequeno "empurrão" que nossa mãe deu, praticamente me obrigando a ir com Eline, e mais o seu suborno de lavar os pratos nos meus dias de escala de limpeza, não tive como negar o seu pedido de ir à festa.

Por que as pessoas não conseguem resistir ao seu sorriso? Ela é linda, isso é fato, mas não é só sua beleza. É sua personalidade, sua espontaneidade, ela é extrovertida e comunicativa, é difícil não notá-la e não admirá-la.

Por isso não é uma surpresa quando a encontro em um dos quartos, depois de procurá-la pela casa inteira, beijando um cara. Não qualquer cara, logo percebo, mas o cara que estava no Midnight Coffee hoje, o do celular estridente. Claro que Eline conhecia ele. Claro que ele se interessaria por ela.

— O que você está fazendo com minha irmã?

Ele olha de mim para Eline, e posso ver as engrenagens em sua mente maquinando, talvez assimilando a informação que acabei de lhe dar. E pela sua expressão é fácil saber que ele não fazia ideia da minha existência.

— Não fiz nada com ela — ele diz, enquanto Eline começa a rir.

— Eu quero que você faça — Ela diz, descaradamente.

Ele olha para ela com o cenho franzido.

— Não sou o Eliot, Eline. Quanto você bebeu? — Ele volta seus olhos para mim, acusação estampada neles — Ela não tem idade para beber, por que você a deixou beber assim?

Me aproximo e puxo Eline dos seus braços. Ela é maior do que eu e joga completamente seu peso sobre mim, fazendo com que tropece em meus próprios pés. Revirando os olhos, ele segura minha irmã novamente, equilibrando-a com facilidade.

— Está de carro? — questiona. — Bebeu?

Talvez ele esteja me deixando levemente intimidada.

— S-sim. E não.

Ele puxa Eline em seus braços com facilidade e desce as escadas sem verificar se o sigo.

— Droga — reclamo, enquanto sigo o cara escada abaixo.

Eline, nada boba, se aproveita da situação e passa as mãos pelos ombros e pescoço do seu salvador.

Quando chegamos ao gramado, ele me olha por cima do ombro, esperando, pelo o que, não sei.

— Onde está o carro? — pergunta, talvez notando minha cara de interrogação.

Ah. O carro. Passo a sua frente, conferindo se ele está me seguindo. Ouço os risinhos de Eline, que agora traça os lábios do homem que a carrega, com as pontas dos dedos. Ele reveza o olhar entre ela e o chão, tomando o cuidado para não tropeçar com ela nos braços, mesmo assim, anda com confiança, como um rei com sua rainha nos braços.

Jogo Insaciável - North River #1 ~ DEGUSTAÇÃO ~Onde histórias criam vida. Descubra agora