Capítulo 9 - Resgate

27 2 0
                                    

O grupo de goblins rapidamente envolveu os cinco companheiros em um semicírculo, deixando-os sem saída, de costas para um amontoado de cedros cheios de neve. Ao lado uns dos outros, não havia outra alternativa para o elfo e os anões a não ser lutarem por suas vidas.

Melónmë observava o líder do bando, que continuamente esbravejava para seus subordinados e apontava para Dulin. "Quão importante é este anão que o destino colocou em meu caminho?" — pensou o elfo. Ele falou baixo, para que apenas os anões pudessem ouvir:

— Pessoal, eles estão em maior número na proporção de cinco ou seis para um, mas eu tenho um plano. Quando um clarão se formar em nosso meio, corram todos em direção aos cedros ali atrás, entenderam?

Mesmo sem compreenderem totalmente, os quatro anões confirmaram com um breve aceno de cabeça. Aquele elfo já havia passado por situações complicadas e sempre tinha se dado bem, então merecia algum crédito. Os anões confiavam novamente na magia élfica.

— Lórin — continuou Melónmë —, você que é o guerreiro mais experiente, provoque-os!

Lisonjeado, o anão estufou o peito, direcionou seu machado para os goblins e esbravejou:

— O que estão esperando, seus ratos miseráveis! São tão covardes que nem unidos em bando conseguem capturar sua presa! Um até já perdeu a cabeça!

Lórin não soube se as criaturas haviam entendido suas palavras, mas tamanho foi o escárnio e a rudeza em sua voz, que os goblins que estavam à frente avançaram sem pestanejar.

"Só mais alguns passos..." pensou Melónmë. — Agora!

Em seguida, uma explosão de luz iluminou o local onde estavam o elfo e os anões, jorrando raios incandescentes em direção ao céu. Melónmë havia atirado outro de seus frascos em direção a uma rocha em meio à superfície nevada, o qual quebrou e emitiu a incandescente iluminação. Tão forte foi a luminosidade, que os goblins que corriam perderam a visão por um tempo e tropeçaram uns nos outros, amontoando-se e se machucando na queda.

De trás do grupo, o líder cuspia xingamentos naquele dialeto tribal quase esquecido, enquanto ordenava aos demais goblins para seguirem os fugitivos que escapavam em meio às árvores.

Enquanto corriam, Dulin exclamou, arfando:

— Mais uma de suas magias élficas, Melónmë!

— Só um pouco de bronze dourado, pólvora e algumas ervas!

— Mesmo assim, agradeço de novo por você estar por perto!

— Poupe seu fôlego, Dulin! A caçada ainda não terminou!

Enraivecidos por terem sido enganados, os goblins corriam como se não houvesse amanhã, quebrando galhos e chutando a neve. De físico mais leve, desenvolviam boa velocidade. Os anões, como eram mais robustos e atarracados, rapidamente se cansaram de tanto afundarem os pés na neve branca.

Pouco tempo depois, os goblins novamente haviam se aproximado.

Uma lança foi direcionada a Renin, que a rebateu com seu machado. Lórin desviou de uma flecha e Dulin viu outra passar rente à sua cabeça.

Melónmë ainda não havia pensado em outra estratégia, mas o sangue anão falou mais alto, e Renin sugeriu aos companheiros:

— Chega! Fugir é para os covardes! Anões com honra ficam e lutam até a morte!

— Vamos lutar! — concordou seu irmão gêmeo.

Lórin, mais velho e mais experiente, protestou:

Antúrië - A Espada Élfica do Pôr do Sol [EM ANDAMENTO]Onde histórias criam vida. Descubra agora