Helen interpelou o conselheiro militar do rei logo após a reunião:
— O que foi aquela história de dragão, Baltazar?
— Quanta maturidade ouvindo atrás da parede, Helen...
— Pare com isso, Baltazar. Você sabe que sempre fico curiosa com o que acontece no reino. É injusto meu pai me impedir de saber das coisas!
— Mas seu pai é o rei!
— Não, o rei é que é o meu pai! E como ele é meu pai, tenho o direto de saber das coisas!
— Não adianta mesmo discutir com você...
— Fala logo sobre o dragão, Baltazar! Por que não havia me contado?
— Foi muito tempo até juntarmos o quebra-cabeças... Como eu iria comentar que o reino foi atacado por uma criatura mítica, uma lenda ancestral? Todos iriam me achar louco!
— Eu não iria.
— O que você faria era sair correndo em direção a Esbert para averiguar a situação com seus próprios olhos!
— Verdade, eu faria isso, sim...
— Esqueça isso, Helen. Deixe a história do dragão para os militares de Azon. O rei já não a quer nem patrulhando, imagine investigando este assunto! Sem chance.
Helen guardou aquela história em seu coração. Não sabia o motivo, mas ficou muito intrigada. Quando o povo iria saber? Seria realmente um dragão? Eles teriam defesas contra a criatura ancestral?
A garota deixou Baltazar e foi conversar com o cavaleiro alto e moreno no corredor. Ela com dezoito anos e seu irmão Lucas sete anos mais velho:
— Luke, o que disseram na reunião?
— Nada que precise saber, irmã.
— Fala logo! Vi as expressões atormentadas de todos que saíram do grande salão.
— Notícias que dizem respeito à gestão da cidade e aos militares, só isso! Relatórios de patrulhas, vilarejos... essas coisas.
Helen, então, teve que ser mais incisiva:
— Pare, Luke. Sei que aqui todo mundo quer me proteger e me privar dos problemas, mas você me conhece muito bem! Tenho o mesmo sangue de vocês! Além disso, ouvi alguns representantes de Azon falando sobre "incêndio" e "dragão" — ela não mentiu, apenas deixou de contar que havia ouvido tudo aquilo de trás do quadro na parede falsa.
Seu irmão finalmente assentiu.
— Ah, Helen... Não dá pra esconder nada de você, mesmo! Realmente é algo muito estranho, mas o vilarejo de Elsbert, ao sul do reino, foi consumido em chamas, não restando nenhum cidadão vivo para contar a história. Várias evidências deixadas no local nos fizeram acreditar que tudo foi causado por um grande dragão.
Helen conseguiu o que queria. Agora não precisava mais esconder que sabia do dragão, afinal de contas, ouviu a informação oficial do filho do rei. Buscando suprimir sua animação, perguntou:
— E como vamos matar o dragão?
Lucas respondeu:
— "Vamos" é muita gente, criança! Você não tem noção da dimensão do perigo que está batendo à nossa porta! Não é uma aventura adolescente! Poupe-me de perder meu tempo discutindo isso com você. Tenho mais o que fazer.
Ela tinha ido rápido demais. Aprendeu desde criança que, como era mulher, quando quisesse algo precisava dar várias voltas ao redor do assunto, para só ao final, quando tivesse a situação favorável, realmente emitir sua opinião ou fazer uma solicitação.
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Antúrië - A Espada Élfica do Pôr do Sol [EM ANDAMENTO]
FantasiaQuando as sombras ressurgem dos Pântanos da Putrefação, somente algo muito poderoso pode rechaçá-las para o lugar de onde vieram. Conheça as aventuras do elfo Melónmë e do anão Dulin nas terras de Landeral!