Lovely

6. The Mysterious Traveller

LOVELY - CAPÍTULO 06

Srta. Maryse Trueblood já deveria estar dormindo àquela hora da noite. Não que fizesse muita diferença. Logo completaria uma semana desde a última vez que dormira por tempo suficiente sem acordar atormentada. Embaixo dos cobertores, estava um tanto ocupada pensando com todo o esforço que conseguia empregar.

Contemplando a escuridão, repassava em sua mente aquele momento de horror diante das amigas, com a temível descoberta de que Lorde Robert Lightwood, um dos melhores partidos da nobreza inglesa, havia obtido um prêmio estupendo pelo assassinato do jovem herdeiro Stephen Herondale.

Sabia que era perfeitamente natural pais escolherem os maridos das filhas, e por isso não sentia tanto rancor quanto seria possível, mas então perguntava-se o quanto exatamente seu pai sabia a respeito da ligação entre os Herondale e os Lightwood. Estaria ele disposto a entregar Maryse aos braços de um homicida? Talvez dependesse da opinião pública... Nesse caso teria de esperar até a notícia ser anunciada nos veículos de comunicação, ao invés de continuar torturando-se, incerta, durante as madrugadas.

Mesmo sem o descanso apropriado, conseguiu acordar e aparentar normalidade diante das criadas. Era cedo, mas os jornais e revistas já teriam chegado. Caminhava por um dos corredores da residência londrina Trueblood, com o objetivo de chegar para o desjejum quando ouviu as vozes dos pais, em uma mistura de sussurros e gritos, por trás de uma parede.

Sem jamais abandonar sua cautela, certificou-se de que não havia alguém muito próximo, e logo esgueirou-se para ouvir através da porta.

“Isso não vai acontecer. Nossa filha não se casará com alguém com fama de assassino, não importa o quão bem-relacionado ele era até agora.” Era a voz de Lady Trueblood.

“Não suba o tom. Não esperava que as revistas menos respeitáveis fossem colocar a situação desta maneira. Se até agora insisti para que o duque oficializasse um noivado com Maryse, meu pedido está cancelado. O assassinato provavelmente ficará impune, isso ficou claro desde que um criado da ralé não foi detido na primeira ou segunda noite. Quem os cochichos irão culpar é o que importa, e não posso enterrar a imagem da família de vez. Um casamento entre o duque e Maryse está fora de questão.” Após o veredito do lorde, pode-se ouvir o suspiro aliviado da dama.

Rapidamente a jovem saiu de perto da porta e seguiu seu caminho para a refeição, tentando manter a compostura e portando um sorriso pequeno e discreto.

Um sorriso satisfeito.

***

Ser duque, visconde e barão não é fácil. Mesmo assim um certo lorde muito comentado resolveu que também queria ser marquês... Não é exatamente uma surpresa, visto que através dos séculos a tal família sempre aparentou possuir um dom para a crueldade e indecência. Contudo certamente essa ambição poderia ter sido arranjada de forma mais discreta e limpa.

Lorde Michael Wayland esforçava-se para não rasgar o papel com a mão. Mesmo com todo o esforço, é claro que mexeriqueiros colocariam a situação desta forma. Robert era muito inteligente, mas era capaz de fazer uma bagunça… Ainda estava chateado com ele após saber de suas negociações irresponsáveis. E isso não ajudava. Mesmo os dois tendo saído com urgência da mansão Herondale, a exposição da linhagem destruiu todos os esforços de discrição.

"Agora que tudo já foi para o alto… Tem algo que possamos fazer?" Perguntou Eliza, que também lia os tabloides em uma cadeira próxima. Estavam na residência londrina dos Rosewain, reunião que havia se tornado comum nos últimos dias.