6. Contratempos

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O dia luminoso e convidativo do lado de fora contrastava bastante com o frio e a penumbra da daquele quarto, que era macabro o suficiente para arrepiar um adulto bem corajoso. O ambiente escuro era rodeado por pinturas que retratavam a dor e a morte em suas piores formas,as paredes tinham um aspecto grosseiro e sujo de sangue seco. O chão era de um cinza apagado. No teto se acumulavam teias e em um canto uma única caveira reluzia levemente, queimado.

Ele estava sentado em uma espécie de trono meio disforme e rude, cimo que brindando com os botões de seu manto negro. O capuz que escondia a sua face lhe dava um ar misterioso, talvez até um tanto lúgubre. O homem que se aproximava do quarto ainda estava receoso de entrar, mas o que poderia fazer ? Se era ele o designado para trazer as notícias ao mestre, teria de fazê-lo, mesmo que suspeitasse que não sairia vivo hoje: o mestre não iria gostar das notícias. Ele adentrou os aposentos do mestre e quando o viu logo baixou o olhar e lhe dirigiu a palavra.

- Mestre, tenho notícias a trazer.

- Diga. Falou o mestre, em um tom bem neutro.

- Os planos não saíram exatamente como o planejado, meu senhor...

- O que você disse ? O mestre levantou de repente, ainda calmo. Aparentemente.

- Tivemos uns contratempos na operação...

- Vocês falharam ? O mestre gritou, fazendo o servo se encolher de medo.

O rapaz somente anuiu, confirmando.

- O que eu faço com você ? Ele falou aparentemente tranquilo, sugerindo algo ruim pelo contexto.

- Senhor...

- Chega ! Ele bradou, interrompendo o servo e sacando a varinha.

- Por que não me contaram antes ?

- Mestre é que.... E o bruxo só falou isso, levando as mãos a garganta e tentando, inutilmente, respirar. Depois de 10 segundos o homem encapuzado baixou a varinha e finalmente o rapaz conseguiu respirar. Ele caiu no chão e ficou puxando o ar firmemente, ofegante.

- Alguma outra notícia ?

- Pai e filho foram vistos na Praça do Retorno, mestre.

- Ótima notícia. Envie seus homens Silênio e não os deixe escapar desta vez... Agora vá ! Respondeu o mestre, o tom de voz um pouco irregular.

Silênio se levantou e saiu dali o maus rápido possível. Em questão de minutos estariam atacando.

Fábio e seu pai estavam saindo da loja de artigos para pocionistas quando o confronto começou. Quando o garoto estava olhando para uma vitrine foi empurrado bruscamente pelo pai, segundos antes de ser atingido por um feitiço. Seu pai pegou a varinha e conjurou um feitiço de proteção que absorveu um segundo feitiço e gritou para o filho:

- Fique perto de mim, filho e quando puder corra para longe !

O menino obedeceu ao comando e saiu correndo atrás do pai, largando as sacolas no chão.

Ao seu redor, alguns bruxos encapuzados destruíam árvores e lojas. Por sorte, aquele dia estava bem movimentado e os inimigos estavam em menor número, mas eram ágeis e habilidosos, causando muita confusão.

Fabinho correu para se esconder atrás de um banco, um lampejo verde passou zunindo sobre a sua cabeça. O garoto viu que os resistentes estavam conseguindo vencer, mas que seu pai estava quase encurralado. O menino caçou a caixa com sua varinha e a encontrou meio aberta e jogada na grama. Ele correu até seu pai, que estava lidando com dois bruxos, mas estava somente na defensiva, recuando contra a parede.

As Crônicas de Castelobruxo - O Círculo de furorOnde histórias criam vida. Descubra agora