3. Imprevistos

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Os dois meses restantes de aula demoraram a passar e Fabinho se sentiu grato por não ter mais que aturar as pegadinhas e gozações de Renato. Quando acordou naquela manhã, Fabinho só escovou os dentes e correu para a cozinha. Seus pais estavam tomando o café da manhã e ele logo se juntou a eles, comendo rápido. Partiriam hoje logo depois de finalizarem a arrumação da casa.

— Você está ansioso para partir, né filho ? Falou seu pai.

— Mas é claro, falou o menino com a boca cheia de comida.

— Puxou isso da sua mãe, disse ele e fez um carinho em Sophia, que só revirou os olhos.

As malas de Fabinho e de seus pais já estavam prontas e, portanto, só faltavam os toques finais. Depois do café, sua mãe foi falar com a vizinha para que cuidasse de seu jardim e seu pai lançou alguns feitiços de proteção na casa para evitar roubos. Com tudo pronto, a família pegou o carro, colocou as suas malas nele, trancaram a casa e pegaram a estrada.

Para Fabinho, a viagem foi um pouco cansativa, quer dizer, somente em parte por conta das sucessivas paradas em ótimos hotéis durante o percurso. Mas finalmente, no dia 5 de dezembro eles chegaram ao sítio, que ficava na cidade de Bonito. Ao sair do carro, Fabinho correu para dentro da casa, querendo encontrar logo Vitória e Flávia, suas amigas tão queridas e realmente as encontrou, de forma peculiar, ao entrar na casa: Fabinho tropeçou na soleira da porta e se chocou com as duas meninas que estavam saindo naquele instante depois de verem o carro chegando e os três caíram no chão.

— Cuidado por onde anda seu louc... Fabinho ! Falou Vitória ao ver quem tinha se chocado contra as duas. A garota sorriu.

— Fábio ! Que falta de educação, filho ! Repreendeu Sophia.

— Desculpem... O menino falou.

— Ah.. Não foi nada, disse Flávia sorrindo e se levantando.

— Não se preocupe Sophia, ele só estava ansioso... Foi o que disse Larissa, que veio acompanhada do marido para receber os visitantes.

Os garotos se levantaram e Fabinho abraçou as duas garotas, um pouco envergonhado da sua entrada triunfal.
Sophia também fez o mesmo e abraçou seus dois amigos.

— Quanto tempo...

— Sophia, nós nos vimos em a poucos meses, deixe de drama. Disse-lhe Felipe, mas aceitou o abraço de bom grado.

Felipe e Larissa eram um casal meio estranho à primeira vista: ele era alto, os cabelos pretos no início da calvície penteados para esconder o fato, os olhos verdes e o corpo um pouco fora de forma. Ela era uma mulher esguia, de lindos cabelos lisos que caíam até a cintura, os olhos quase pretos e a pele morena. Ele vestia uma camisa e bermuda simples, enquanto ela vestia um lindo vestido florido. Apesar das diferenças físicas todos podiam perceber o quanto os dois se amavam. Ambos eram bruxos mestiços. As duas filhas do casal eram também um pouco diferentes entre si: Flávia, de 11 anos recém-completados tinha a pele clara da mãe e os mesmos olhos verdes do pai, seus cabelos pretos eram levemente ondulados e era esguia como a mãe.

Vitória, que tinha a mesma idade que sua prima era a segunda "filha" do casal e tinha os cabelos pretos cortados na altura dos ombros, os olhos escuros de uma ave de rapina, a pele moreno-clara e era mais baixinha. Ela morava com os tios desde a morte dos pais, que Fabinho não chegou a conhecer, mas sabia que Felipe e Larissa a amavam como uma filha. A garota era bem descontraída, ao contrário de Flávia que era mais discreta, com olhos que pareciam estar atentos a tudo a sua volta.

O pai de Fabinho que vinha vindo atrás, trazia as malas que vinham levitando ao seu lado, mantendo o controle do feitiço com a varinha. Ele deixou as malas próximo a porta e logo foi cumprimentar os amigos.

As Crônicas de Castelobruxo - O Círculo de furorOnde histórias criam vida. Descubra agora