Corações petrificados - parte 1

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   Passaram-se uma semana, duas, três, e tudo perm anecia estranhamente estático. O garoto estava entre os mais inteligentes da turma, e eu realmente não o entendia. Jessy o olhava com asco, e ele parecia saber disso.Até que um dia na escola algo inesperado aconteceu:
   -Parece que vamos fazer algo divertido dessa vez - a sarcástica professora Joy disse rindo.
   -E do que se trata? - perguntei curiosa.
   -vocês farão trabalhos em grupos de três.
   Quase todos ficaram muito animados, parece que finalmente ela não estava usando de ironia quando falou sobre algo divertido. Em poucos segundos todos estavam cochichando entre si para formar os grupos.
   -Mas isso não é tudo, pirralhos. Seus grupos serão formados por ordem alfabética, sem escolhas predefinidas.
  Eu nunca fiquei tão incomodada de me lembrar do meu nome como naquele momento, e os nomes citados já no primeiro grupo selaram minha sentença:
   -Akyra,Alysson e Astro, vocês formarão o primeiro grupo.
   Jessy se opôs imediatamente:
   -De jeito nenhum! Ela é minha amiga e devia estar no meu grupo, não desses dois!
   -Se poupe, garota. Ninguém aqui está falando de amigos, dane-se de quem você é amiga, o grupo da Akyra já está formado e vai continuar assim.
  Aquela voz imponente parece ter sido o suficiente pra calar a boca da garota, que se sentou novamente entre baixos murmúrios. Terminada a divisão dos grupos, fui imediatamente até a mesa de Aly. ele sempre me cativou muito, sua personalidade era excessiva e completamente fria, com os outros. Parecia que ele esquecia como era diante de mim. Por conta disso, eu sempre ia até ele quando estava incomodada ou reciosa de alguma coisa:
   -O que vc acha dele? - Disse enquanto pegava uma cadeira e me sentava ao lado dele.
   -honestamente, não me impressiona em nada.
   -vc fala como se fosse fácil fazer isso... - Rio, o mesmo sorri
   -não é impossível...
   -chama ele lá, eu não me sinto bem perto desse garoto ridículo.
   Aly me olhou com uma mistura de sarcasmo e carinho, e sem dizer mais nada, levantou-se e foi até a mesa de Astro chamá-lo para iniciar o trabalho. Ele falou com o mesmo durante uns cinco segundos e em seguida já vi os dois em minha direção, Astro carregava sua cadeira, enquanto Aly a mesa.
   Os dois sentaram-se sem dizer nada. Então Aly ficou impaciente quanto ao andamento do nosso trabalho, e decidiu tentar quebrar o gelo:
   -E então, como vocês sugerem que a gente faça?
   Ele sempre detestou a idéia de liderança, isso porque não tinha absolutamente nada do altruísmo necessário para um líder. O individualismo dele era uma das características mais marcantes, e a sua frieza o impedia de ter sensibilidade com seus liderados. Aquilo realmente era uma situação estranha. Eu não o respondi, apenas me deitei em sua mesa, querendo o carinho de suas mãos em meu cabelo. Como de costume, fui imediatamente atendida.
   -Não sei... nunca conversei com vocês, apenas o que sei é que precisamos nos juntar para fazer esse trabalho.
   Senti a raiva de Aly na tensão que suas mãos imprimiram no meu cabelo, ele detesta bastante coisa, mas poucas coisas o irritam mais que pessoas sem atitude. Não fiquei mais preocupada porque sabia que ele consegue esconder seus sentimentos como ninguém, e que por isso ele não intimidaria Astro com seu incômodo por aquela situação.
   -Nesse caso, precisamos combinar de sair um dia... O mais próximo possível. Não trabalharei com você sem antes conhecê-lo.
  -Tanto faz.
  Decidi me levantar antes que Aly me levasse á calvície, pois já imaginava o que aconteceria se Astro o irritasse assim mais uma vez.
  -Eu e Akyra vamos fazer compras na sexta. Esteja no shopping às sete se quiser que isso dê certo. Se vc faltar, diremos que não concordou em fazer conosco e faremos sozinhos.
   Astro pareceu um pouco intimidado, mas concordou. Eu definitivamente não acredito que Aly estragou nosso dia de compras com aquele ridículo. Ao olhar para trás, vi Gabriel, nosso amigo, vindo em nossa direção, enquanto Astro ia em direção à sua mesa. Eu não fiquei de todo triste, mas eu definitivamente fiquei bem encabulada quando vi Astro, no momento em que passou por Gabriel, caindo desacordado no chão sem nenhum motivo aparente...

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