O Absurdo Dos Comuns

02. PERDÃO

Edcarlos sabia o motivo de ter passado tanto tempo odiando Deus: Deus não tinha feito nada. Pra ajudá-lo. Nada.

Edcarlos não era uma criança quieta, não. Na verdade, lembrava que dava muito trabalho aos pais, mas nunca imaginaria o que eles fariam. Um dia, acordou e eles tinham ido embora. Os dois. Ele esperou uns dias, mas nada.

A casa era de aluguel e logo o menino desesperado precisou desocupá-la. Ficou na rua, depois foi encontrado por um conhecido da família, contou a história, o senhor decidiu levá-lo pra casa.

Edinho pensou que seria a sua salvação. Até que era, mas nem tanto. Ele pensou que seria, mas não era tratado como um filho, não era tratado nem como uma criança, era um empregado da casa, só que sem salário. Nem estudar, estudava.

Tinha comida, porque ajudava a fazer, roupa limpa porque ajudava a lavar e quando cresceu um pouco, começou a trabalhar como servente com o seu Aldemiro, recebendo alguns trocados.

Edcarlos virou homem trabalhando mais do que podia, queimando o lombo no sol, até não aguentar mais e não depender de mais ninguém. Ele conseguiu. E por isso, perdoou Deus. 

Tinha passado por tudo aquilo pra se tornar o homem forte que era. Pensava nisso enquanto ia pro bar beber uma e jogar sinuca.

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