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Bruna

O Ocean estava cheio. Muita gente bonita, risadas, bebidas, uma música animada tocando ao fundo. Legal, era o que eu diria em qualquer outro dia e sairia correndo para dançar, mas não naquele específico. Era a primeira vez que eu estava rodeada de amigos, em um sábado, e a única coisa que eu queria era sair dali, respirar fundo, e controlar a vontade insana de quebrar a cara de todas as mulheres que flertavam com ele.

Mas o que eu sentia não tinha sentido algum, por que, quem faria isso? Ele não era meu, era livre e nós éramos apenas amigos, amizade essa que se tornou mais concreta em um momento particularmente difícil para mim quando, dois meses atrás, Marina (minha irmã mais velha) e eu fomos atacadas por um antigo namorado psicopata dela, minha irmã passou dias desacordada no hospital e ele passou cada momento comigo, me dando forças. Então eu teria que ser grata não é? Sim! Exatamente. E não ficar cercando o cara, desejando a morte para cada mulher que trocasse olhares com ele. Eu queria me dar uns socos.

Me inclinei para pegar meu copo de chope na mesa e bebi um gole.

- Se você continuar secando o cara assim, não vai demorar muito para ele perceber que você tá afim dele Bru.

A expressão divertida de Clara - minha melhor amiga depois de Marina - me tirou do devaneio sangrento que minha mente elaborava e fitei seus olhos azuis claros. Clara era uma beldade, com seu cabelo rosa, gargalhada escandalosa e o dom de beber litros de cerveja e nunca se embebedar, nos tornamos amigas desde o primeiro dia na faculdade.

- Eu não estou afim dele, estou de TPM e meus hormônios estão confundindo meus sentimentos. Acontece o tempo todo.

Lutei para não desviar os olhos dela e focar de novo no homem grande servindo drinks no bar. Apesar da parca iluminação - que dava um aspecto mais misterioso e sensual ao lugar, além da aparência rústica - era impossível não notar o grande e gostoso garçom ali, eu desconfiava de que ele era o motivo do público feminino estar em peso no local.

Afonso Aires era absolutamente incrível, da pele negra que reluzia, o curto rabo de cavalo negro preso na nuca, os olhos de um castanho dourado quase translúcido, o tamanho considerável ( eu chutaria um metro e oitenta ), os músculos grandes e fortes formando sua silhueta imponente, o sorriso misterioso de lábios fechados que era a sua marca, a barba bem feita enfeitando seu rosto, o homem era a definição de perfeição. Observei uma garota loira se aproximar chamando por ele, ela se inclinou no balcão e cochichou algo no seu ouvido, o que fez ele rir discretamente. Soltei um suspiro exasperado.

- Sua TPM, pelas minhas contas já dura alguns meses amiga, dá para olhar para mim? Noah está vindo aí.

Noah era o melhor amigo loiro e carrancudo de Afonso, e eu tinha a impressão de que Clara tinha uma queda por ele. Tratei de me aprumar na cadeira e desviar os olhos. Peguei meu celular enquanto nosso acompanhante se acomodava e pedi um táxi.

- Quantos chopes você já bebeu hoje Clara?

Perguntou ele encarando minha amiga com seus estranhos olhos pretos, era uma espécie de brincadeira nossa, esperávamos bater o recorde de vinte canecas ( daquelas bem grandes ) de chope para ela se embebedar, ela já havia chegado a dez sem nunca ficar tonta. Ri baixinho.

- Eu odeio essa brincadeira, só porque vocês são fracos para beber não quer dizer que eu seja uma beberrona.

Ela fez uma cara emburrada e não resisti a cair na gargalhada, Noah não esboçou reação, como sempre e preferiu focar no celular. Meus olhos naturalmente foram para Afonso, eu ainda tinha um sorriso no rosto mas ele meio que ficou preso na minha cara tamanho o frio na barriga que senti.

Sempre Te EsperoOnde histórias criam vida. Descubra agora