Atrasada! Suspirei ao olhar para o meu relógio de pulso enquanto me continha para manter a postura ao passar pelas portas de vidro da enorme sede de uma empresa de construção civil. Não conseguia entender o motivo daquele trânsito todo para chegar até ali, mas fez sentido quando vi o tanto de repórteres aglomerados na recepção e a pobre mulher diante deles não sabia o que fazer.
Ajeitei uma parta numa mão e um café na outra, enquanto cogitava se chegava ou não perto da recepcionista para me identificar.
Joguei uma mecha do meu cabelo castanho e perfeitamente escovado para trás antes de respirar fundo, contando até três. Eu era bem mais forte do que um bando de repórteres, não ia ser o efeito formiga deles que me abalariam. Além disso, nem estavam ali por mim e sim pelo meu cliente.
- Ah, café. Ótimo! - Mal me dei conta de um cara roubando o meu copo de café. - Estou mesmo precisando de um pouco. Dá próxima vez pede para colocarem um pouco mais de açúcar.
- Ei! Isso é meu - rosnei, mas mal tive tempo de protestar, porque o sujeito entrou para dentro de um dos elevadores e tudo o que consegui ver foram as costas do seu terno perfeitamente alinhado. Cara folgado! Tinha que ser muito babaca para roubar o meu café assim na maior cara dura.
Eu que achava que os idiotas de terno se resumiam ao meu escritório de advocacia. Tolice!
- Vânia! – uma mulher saiu do meio da multidão e veio até mim. Ela estava descabelada, suada e me pareceu muito aflita. – Finalmente você chegou.
- Está um caos aqui, estamos contando com a sua ajuda para contornar a situação.
- Aquela deve ser a advogada. – Um dos repórteres apontou para mim e todos se viraram na minha direção.
- Vem comigo! – A mulher me puxou pela mão e passou comigo pelas catracas, de onde seguimos até um dos elevadores.
- Ah, esses repórteres, parece um monte de urubus carniceiros, não podem ver um sinal de carne podre que eles se aglomeram. – Ela passou as mãos pelo cabelo espigado ao se encarar diante do espelho.
- Estão fazendo o trabalho deles. – Dei de ombros. Ainda que o trabalho deles fosse criar polêmica em cima do caso de assédio de um rico em cima de uma funcionária.
Não era algo raro. Homens na posição dele costumavam pegar o que queriam independente de quem tivessem que atropelar. Não aceitavam não como resposta e quando eram menosprezados pegavam assim mesmo, às vezes até contra a vontade.
A porta do elevador abriu e eu segui a mulher por um longo corredor até uma porta com o nome de Franklin Martins e embaixo seu cargo: diretor executivo. Todo dia tinha um CEO babaca se metendo em confusão, pensei sem conter meus julgamentos. Imaginava que talvez fosse por isso que a empesa de advocacia onde eu trabalhava ganhava tanto dinheiro.
A mulher bateu a porta e ouvimos um entre antes de ela puxar a porta e nos esgueiramos lá para dentro. Um homem estava de pé, encarnando o horizonte além das paredes de vidro da sua sala. Reconheci o terno giz cinza, o cabelo loiro e os ombros largos. Era o imbecil que tinha roubado o meu café.
- Senhor Martins? – chamou a mulher e ele se virou para nós.
Parecia disperso. Levou uns cinco minutos para erguer a cabeça e nos encarar. Ele tinha profundos olhos verdes, parecia estar na casa dos trinta anos e a expressão estava fechada.
- Quem é essa? – Olhou-me de cima abaixo, com desdém.
- A advogada que a Azevedo e Castro enviou para lidar com o incidente.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Possessivo & Arrogante ( Degustação)
RomanceAtenção: Esta é uma obra de ficção imprópria para menores de 18 anos. Pode conter gatilhos, incluindo conteúdo sexual gráfico, agressão física e linguagem imprópria. Não leia se não se sente confortável com isso. ___________________________________...