Capítulo 4 - Franklin

634 38 7
                                    


Joguei as chaves do carro no móvel ao lado do cinzeiro e caminhei até o bar, servindo um copo bem cheio de uísque. Tomei duas goladas sem me preocupar com o gelo e senti o liquido descer queimando pela minha garganta. Queria que aquele dia se resumisse a uma tarde enfadonha com duas horas de reunião sobre os projetos que seriam efetuados no próximo trimestre, mas infelizmente, acabei me deparando com uma matéria num jornal sensacionalista que me deixou puto. Eles não podiam esperar que o inquérito fosse concluído antes de tentarem enterrar a minha reputação.

CEO inconsequente de empresa milionária estupra subordinada.

A manchete ainda reluzia na minha mente toda vez que eu fechava os meus olhos. A maldita liberdade de imprensa não deveria vir antes da verdade. Porém, era como se estivessem se lixando para ela. Faria a questão de processar todos esses jornalecos quando a verdade viesse à tona. Sabia bem o que havia acontecido, nunca forcei mulher alguma a fazer comigo algo que ela não quisesse e quando Camila não conseguisse manter suas afirmações, o jogo iria virar.

- Frank é você?

Olhei para a entrada do corredor e vi a minha irmã caminhando até mim. Ela estava tentando se equilibrar nas muletas, enquanto caminhava até mim.

- Por que saiu do quarto, Eva? – Larguei meu copo em cima do balcão do bar e fui até ela, segurando-a pela cintura.

- Ouvi você chegando, quis ver como estava.

- Eu estou bem. – Fui andando com ela até o quarto.

- Estão dizendo coisas horríveis de você na internet. Sei que não machucou aquela mulher.

- Logo eles vão saber também. – Respirei fundo ao abrir a porta e ajudá-la a se sentar na cama. – Onde está a Júlia?

- Pedi ela para ir comprar rocambole para mim, estava com vontade de comer. Sinto falta de quando a mamãe fazia para gente.

- Não gosto que você fique sozinha. – Segurei as mãos dela entre as minhas.

- Eu sou uma mulher, meu irmão. Posso cuidar de mim mesma. Além disso, não adianta se culpar para sempre pelo que aconteceu.

- Dizer que eu não tenho culpa não muda nada, nem trás o papai e a mamãe de volta.

- Mas vai te ajudar a viver. Pode se casar, ter uma família, ao invés de passar o resto da vida cuidando da irmã inválida.

- Eu adoro a sua companhia. – Dei de ombros.

- Não irá perdê-la.

- Sei que não. – Beijei-a na testa.

- O que temos para o jantar hoje?

- Brócolis, aspargos, rabanetes, peito de frango e tudo do melhor da minha dieta de baixo carboidrato.

- Eca! – Fiz careta e a minha irmã riu.

- Ainda bem que teremos rocambole de sobremesa.

- Não conta para o médico. – Colocou os dedos sobre a boca em sinal de sigilo.

- Pode deixar.

- Agora vai tomar banho! – Ela de um tapa no meu ombro.

Assenti e me levantei da cama dela. Subi para ao segundo andar da casa onde ficavam o restante dos quartos e me esgueirei para dentro do meu. Joguei as peças do terno sobre a cama a e fui para a suíte. Eva tinha razão, eu precisava de um banho para tirar de mim ao menos parte do estresse do dia.

***

Eu estava sentado na sala de jantar, comendo na companhia da minha irmã quando a empregada noturna chegou perto de nós e eu desviei o olhar de Eva para encará-la.

- O que foi?

- Tem uma mulher lá embaixo querendo falar com você, disse que era um assunto muito importante.

Puxei o meu celular do bolso e vi uma série de ligações da Camila que eu estava ignorando.

- Por acaso ela é baixa, tem o cabelo pintado de loiro e anda com o nariz em pé?

Júlia fez que sim.

- Manda ela ir embora.

- Você já foi um pouco mais gentil com as mulheres – balbuciou Eva ao empurrar uma rodela de rabanete de um canto para o outro do seu prato.

- Antes que você comece a me julgar. Essa é a mulher que está me acusando de estupro.

- Pera aí que vou dar na cara dela! – Minha irmã tentou se levantar, mas eu segurei o seu braço. – Você não vai a lugar nenhum. Foca em terminar o seu jantar e a Júlia vai mandar essa mulher em bora.

- Ah, ela merece umas bolachas bem dadas na cara. O que ela está fazendo com você não se faz com ninguém.

- Fica calma, irmã. Bater nela só vai piorar tudo. Júlia, diz para ela ir embora.

- Sim, senhor.

- Que ela merece uns tapas, ela merece. - Eva deu um tapa na mesa, fazendo com que eu risse.

- Não duvido que mereça, mas estou torcendo para que ela se enrole na própria mentira.

- Frank, eu quero votar para a universidade. Estou pensando em fazer um mestrado. Sei que não quer nem precisa que eu trabalhe, mas eu odeio ficar presa em casa o dia todo. As provas para o ano que vem vão começar em dois meses e quero me candidatar.

- Tem certeza? – Recuei, mas não quis parecer preocupado demais.

- Não é porque não consigo ais andar direito que não possa estudar. Sei que pode contratar um motorista bonitão para mim.

- Você estudar ou transar no banco de trás de um carro? – Cerrei os dentes, enciumado.

- Quem sabe. – Piscou para mim. – Eu não tenho uma foda boa desde antes do acidente.

- Eva!

- Sei que vou ser sempre a sua irmãzinha, mas eu sou só oito anos mais nova do que você. Sei que não é legal te lembrar, mas você fez trinta e dois no mês passado.

- Obrigado por me lembrar disso.

- Já tem até cabelo branco, olha só!

- Meu cabelo é loiro, deve ser o reflexo da luz. – Empurrei a mão dela.

- Sei...

Possessivo & Arrogante ( Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora