Capítulo 2

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Cheguei em casa morrendo de saudades do meu bebê. Ficar o dia inteiro longe dele era muito mais difícil do que eu imaginava. Abri a porta da minha casa e larguei a chave em um móvel perto da entrada. Passei as mãos pelo meu cabelo, jogando-o para trás antes de desabotoar o blazer do meu tailleur. Estava morrendo de calor.

- Filha, é você? – Ouvi a voz da minha mãe vindo do quarto.

- Sim. Acabei de chegar.

- Que bom, estava preocupada com a sua demora.

- O depoimento do cliente durou sete horas. A delegada fez com que ele contasse a mesma sequência de fatos umas dez vezes umas cem vezes. Esperando que ele entrasse em contradição, mas ele se saiu bem. – Desci dos saltos e coloquei os sapatos num canto da sala antes de ir entrando na casa e encontrar a minha mãe ao lado do berço do meu filho.

Passei a ponta dos dedos pelo rostinho dele, observando que dormia calmamente, como se não tivesse nada no mundo com que se preocupar. Um bebê de nove meses certamente não deveria se preocupar com nada.

- Peguei ele na creche e já dei mamadeira e banho.

- Muito obrigada, mãe! – Sorri ao encará-la.

- Estava assistindo televisão mais cedo. Você viu que loucura aquele empresário que está sendo acusado de estuprar a funcionária. Que loucura! – Pôs a mão na boca, balançando a cabeça em negativa. – Não se pode confiar em mais ninguém hoje. Veja só! Quem ia imaginar um cara bonito e rico fazendo uma coisa dessas.

- Ele é um grande babaca, mas acho que é inocente.

- Você que não viu o vídeo daquela pobre moça chorando. Tadinha! É de partir o coração. Homens realmente não prestam.

- Vi o vídeo sim, mãe. Ele é o meu cliente. Ele pode ser um escroto, mas acho que é inocente. Dá para sacar quando um cara desse está mentindo ou não.

- Eu não colocaria a minha mão no fogo por um homem desses. – Minha mãe estufou o peito, balançando os caixinhas do seu cabelo e eu caí na gargalhada. – Não colocaria a minha mão no fogo por homem nenhum.

- Ah, dona Zezé.

- Vai defender esse cara?

- Vou. É o meu trabalho.

- Ai Ai...

- Vamos deixar isso para lá porque eu quero ficar um tempo com o meu filho.

- Eu fiz macarrão para o jantar.

- Que delícia!

Fui até o meu quarto, passei a mão na camisola que estava sobre a cama e segui para o banheiro.

***

- Oi, meu amor! – Peguei o meu filho nos braços assim que ele começou a chorar no berço. – Você deve estar com fome, não é? – Fitei aqueles olhinhos escuros que estavam lacrimejados.

Ajeitei ele nos meus braços e sentei na cama, colocando-o para mamar. Fiz carinho no rostinho redondo, sentindo a pele macia enquanto ele sugava meu seio com força. Sentia saudades dele durante todo o meu dia. Queria passar menos tempo com babacas ricos que haviam feito merda e mais com o meu filho que mal havia completado um ano.

Fiquei quase meia hora o amamentando e quando ele terminou de mamar, deitei-o ao meu lado, apenas para ficar observando-o. A pele fininha e macia dele era um pouco mais clara do que a minha, mas os olhos e os cabelos se pareciam muito com os meus.

- Como conseguiu abrir a porta?! – Ouvi o grito da minha mãe da sala que acabou acordando o meu filho e fazendo com que ele arregalasse os olhinhos.

Possessivo & Arrogante ( Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora