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Eu não fazia ideia de como eu tinha chegado ali, mas a única coisa que eu sabia era que eu estava andando de carro com Ian Connolly num domingo, indo para lugar nenhum

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Eu não fazia ideia de como eu tinha chegado ali, mas a única coisa que eu sabia era que eu estava andando de carro com Ian Connolly num domingo, indo para lugar nenhum. Ele tinha me resgatado da festa e descido as escadas do prédio correndo comigo, o que me fez sentir como se eu estivesse em um filme. Era como se o galã tivesse salvado a mocinha do destino chato dela e a feito acreditar que coisas impossíveis podem acontecer.

Corremos até o carro dele e entramos depressa, como se estivéssemos em uma perseguição policial. Eu não fazia ideia do que estava acontecendo, mas pela forma como ele e o pai estavam discutindo antes da gente fugir, tudo o que Ian queria era se distanciar ao máximo daquela festa. 

Ele saiu depressa com o carro e dirigiu por Nova York como se estivéssemos fugindo do país. O único som que podia ser ouvido dentro do carro eram nossas respirações ofegantes e o rádio dando as notícias da madrugada.

- Molly... - começou ele, assim que paramos em um sinal - eu não devia ter feito isso. Você tava trabalhando. Vou te levar de volta... - disse, dando seta para pegar o primeiro retorno.

- Não! - falei, com uma voz mais alta do que eu queria - não, eu não quero. Agora que você me fez provar da liberdade, eu não quero voltar pra prisão.

Ian riu de leve, mas parecia um pouco incomodado. 

- Eu geralmente não fujo dos meus problemas, mas hoje foi uma emergência - justificou-se ele, como se estivesse arrependido de estar dividindo aquela parte da vida com uma estranha - meu pai também não é sempre daquele jeito, então a situação toda foi bem atípica - explicou, querendo me convencer - a gente raramente briga assim. Hoje foi uma exceção. Acho que nunca aconteceu antes.

- Imagino... - falei, tendo certeza de que não era verdade. Ian estava ansioso de mais, passando a mão nos cabelos e batendo com os dedos no volante. Era como se precisasse conversar, mas não se sentisse confortável o suficiente para se abrir comigo - tá com fome? - perguntei, querendo mudar de assunto.

- Muita.

- A gente pode passar naquela lanchonete em formato de disco voador que abriu ao lado da loja da Apple para ver se os sanduíches são mesmo de outro mundo - falei, me referindo a propaganda que faziam na TV.

Ian riu, parecendo relaxar um pouco. Seguimos a caminho da lanchonete e a maneira como Ian conversava foi se transformando. Em pouco tempo ele estava me contando das coisas absurdas que ele e os outros membros da banda haviam feito quando estudavam juntos na escola. A forma como ele conversava era tranquila, quase como se estivesse com sono. 

- Como assim o Evan colou barba falsa pra fingir que era o Daxton? - perguntei, no meio de uma das histórias.

- O Evan não tem barba, não adianta! E como ele sabia tudo de física, foi fazer a prova no lugar do Dax, que aproveitou para viajar com a namorada e a família dela. A barba ficou perfeita e na escola eles usavam o cabelo igual, então não tinha como o professor desconfiar.

A Vida é Dura Para Quem é Molly (Livro I) [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora