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Acordei sem saber direito onde eu estava

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Acordei sem saber direito onde eu estava. Foram muitos dias trocando de hotel, então eu não conseguia lembrar onde tinha parado. Olhei para o relógio ao lado da cama e vi que eram duas da tarde. E eu finalmente estava no meu quarto. Resmunguei, virando o rosto para o travesseiro e sentindo o sol bater em minhas costas. Eu tinha dormido a manhã inteira. Olhei para o meu corpo e vi que eu estava sem camisa, mas ainda usava a calça do dia anterior. Foi então que lembrei do celular de Lilly e das mensagens que eu tinha trocado com Molly, a garota que havia encontrado o telefone dela.

Peguei meu celular e vi que eu tinha milhares de mensagens não lidas. A última era de Molly, me pedindo desculpas por ter passado a noite inteira me escrevendo. Na verdade, não sei onde encontrei forças para passar a noite acordado conversando. Eu estava muito cansado e tinha certeza de que ia apagar assim que chegasse em casa, mas ao invés disso eu passei a noite conversando idiotices com ela.

Espreguicei-me, digitando uma mensagem para Molly sem levantar o rosto do travesseiro. "Eu acabei dormindo antes de terminar a conversa. Foi mal! Vou falar com a Lilly hoje para ver quando vocês podem se encontrar", escrevi, sentindo vontade de escrever mais. Mas não. Eu não sabia quem ela era e tinha aprendido com Steve que a gente precisava ser bem cuidadoso com quem conversava agora que a banda estava ficando conhecida. Muitos artistas acabavam se expondo quando davam intimidade para desconhecidos e Steve sempre frisava o fato de que precisávamos cuidar da nossa imagem se a gente queria conquistar as pessoas.

Caminhei até o banheiro, ignorando todas as outras mensagens, mas voltei assim que ouvi meu celular vibrando. Por algum motivo achei que fosse Molly, mas não era. Era o meu pai. Pensei se devia atender, porque com certeza não ia ser uma ligação tranquila.

- Finalmente acordou? - perguntou ele, assim que coloquei o telefone no ouvido.

- Acordei - respondi, caminhando novamente até o banheiro - eu ia enviar uma mensagem avisando que já estava em casa, mas apaguei - menti. Eu havia passado a noite toda conversando com uma estranha. 

- Entendo... ser músico cansa - debochou ele.

- Pra caralho - devolvi, me olhando no espelho e percebendo o quão bagunçado estava o meu cabelo. Mas eu não ia cortar. Eu gostava assim e, aparentemente, o sexo oposto também. 

- Enfim, não foi por isso que eu liguei. Queria saber se tem um paletó para usar no evento de domingo. 

Ah, o evento de domingo. Meu pai ia inaugurar a nova filial da imobiliária dele e queria que todos os filhos estivessem presentes. Eu ia ter que sair correndo do show para chegar a tempo da festa, então não estava planejando usar nada social.

- Pai, eu vou aparecer depois que sair do show. Acho meio inviável aparecer de terno.

- Ian, esse é o único favor que eu te pedi. Te avisei do evento semana passada e você ainda não pensou na logística? Não calculou quanto tempo vai levar para chegar e quanto tempo tem para se arrumar? Achei que a gente já tinha conversado sobre você ser mais responsável...

A Vida é Dura Para Quem é Molly (Livro I) [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora