Capítulo 21.

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| Luan |

— Bem-vinda ao Vikings. — murmurei quando paramos em frente a entrada do circo e ela desceu, passando uma das mãos pelo cabelo.

Seria covardia da minha parte não admitir que o nosso selinho foi proposital?
Eu torcia para que ela se virasse o rosto quando eu falei perto do seu ouvido e para a minha sorte, isso aconteceu.

— É tão bonito quanto de noite. — sorri a olhando e desci da Magrela, indo na sua direção.

— Quero te mostrar todos os detalhes. Você vai se encantar ainda mais. — fui sincero e ela deu aquele sorriso de lado lindo, segurando a mão que eu estendia na sua direção.

A guiei para a entrada lateral do circo e coloquei minha bicicleta escorada perto dos trailers.

— Quero muito ver sua reação quando ver o que eu preparei pra você. — ela parou de andar, me fazendo parar também.

— Não vamos atrapalhar ninguém, não é? — sorri ao ouvir a sua pergunta e aproximei meu corpo do seu e coloquei a mão livre no seu rosto.

— Segunda é o nosso dia de folga, não vai ter ninguém lá dentro. — fui sincero, sabendo que parte dos funcionários estava conhecendo a cidade e a outra parte estava em seus trailers.

— Luan. — ela me repreendeu e eu ri.

Como seria beijá-la?

— Te juro. — aproximei meu rosto do seu e suas bochechas começaram a corar.

Eu adorava o jeito que suas reações pareciam ficar mais intensas quando eu estava por perto.

Deixei um beijo na sua bochecha, dessa vez em um canto mais perto da sua boca do que eu era acostumado a beijar e me afastei devagar.

— Vem logo. — pisquei um dos olhos e a puxei na direção da entrada, abrindo algumas portas e puxando algumas cortinas.

Júlia já foi mais longe do que qualquer outra garota foi. Ela estava me conhecendo de verdade e por mais que tenha sido ela a me reconhecer antes que eu contasse, eu estava feliz por estar sendo tão sincero com ela.

— É estranho não estar na plateia. — ela falou quando eu abri a cortina que dava acesso ao palco.

— Hoje você é a estrela principal. — dei de ombros e ela revirou os olhos, negando com a cabeça, soltando minha mão e indo na direção do centro do palco.

Eu não consegui simplesmente deixar de lado as minhas suspeitas sobre ela ter depressão, mas eu também não queria dizer que ela tinha a doença e devia procurar ajuda.

No pouquíssimo tempo convivendo com a garota dos olhos azuis, eu sabia que ir devagar e conquistá-la aos poucos era a melhor opção.

— O que é aquilo? — sua pergunta me tirou dos meus pensamentos e eu olhei na direção que ela apontava.

— Minha surpresa. — dei de ombros e ela desviou a atenção da gigantesca cama elástica que os trapezistas usavam como proteção.

— Nós vamos pular. — murmurei ao ver sua expressão de dúvida e ela arregalou os olhos, negando várias vezes com a cabeça.

— Óbvio que eu não vou pular, você ficou maluco? — seu tom de indignação me fez rir e isso pareceu irritá-la. — Eu vou embora. — ela disse e cruzou os braços, indo na direção das cortinas por onde entramos.

— Não vai não. — tive que correr para alcançá-la e como ela estava com o braços cruzados eu tive que abraçá-la para que ela parasse.

— Me solta. — neguei com a cabeça enquanto ela não fazia força alguma para sair dos meus braços.

— Não solto, é minha agora. — ela estalou a língua nos dentes e eu ri.

"Faça cócegas! Isso pode parecer idiota, mas é uma maneira garantida de arrancar um sorriso."

Lembrei a matéria que eu havia lido e percebi que era o momento perfeito para fazer isso.

— Vai pular comigo por bem ou por mal? — fiz meu melhor tom ameaçador e ela revirou os olhos.

Tirei uma das mãos do seu corpo e apertei sua cintura, recebendo um grito como resposta.

— Não se atreva. — seu tom foi ameaçador e inacreditavelmente sexy.

— Veremos. — dei de ombros e apertei sua cintura mais uma vez, sorrindo ao vê-la se encolher nos meus braços.

— Eu odeio... cócegas! Por favor, para com... isso. — sua voz saiu ofegante e eu ri, negando com a cabeça enquanto ela tentava se soltar.

Apertei sua cintura mais algumas vezes e no momento seguinte foi como se o tempo tivesse parado.

Meu coração acelerou e eu experimentei uma sensação de felicidade que eu não tinha conhecido em nenhum momento da minha vida. O som que preencheu os meus ouvidos sem dúvidas não seria esquecido com facilidade.

Júlia estava rindo!

Tirei a mão da sua cintura e sua risada foi se misturando com sua respiração ofegante.
A virei devagar, deixando-a de frente para mim e senti meus olhos marejarem ao vê-la sorrindo.

— Você sorriu. — murmurei, colocando uma das mãos no seu rosto e suas bochechas coraram.

Ela mesma parecia não ter se dado conta disso, já que levou uma das mãos até os seus lábios enquanto abaixava o olhar.

— Você sorriu! — minha voz saiu mais alta que o normal, mas dane-se, Júlia estava sorrindo.

— É, eu percebi, quer parar de gritar? — ela perguntou rindo e eu não controlei minha vontade de abraçá-la.

— Você sorriu. — falei mais baixo, já que estávamos abraçados e perto um do outro.

Fechei os olhos ao sentir suas mãos nas minhas costas, me mantendo perto do seu corpo.

A sensação foi melhor do que quando nos abraçamos pela primeira vez. Eu sentia que Júlia precisava de cuidados e agora eu tinha certeza de duas coisas: eu não fazia ideia de que cuidados eram esses, mas eu faria questão de dá-los a ela quando descobrisse.

Tirei minhas mãos das suas costas e fiz menção de me afastar, mas o fato dela ter continuado abraçada a mim me fez sorrir e voltar a envolvê-la nos meus braços.

— Eu gosto de te sentir tão perto. — fui sincero e subi uma das mãos para o seu cabelo.

— E eu gosto de estar aqui. — sua voz saiu trêmula e eu franzi as sobrancelhas.

— Seu abraço me faz sentir viva. — fechei os olhos e fiz carinho na sua nuca com o polegar.

Fiquei em silêncio e continuei a abraçando.

Ela precisava de ajuda e eu tinha que ajudá-la.

— Júlia... — comecei a falar, mas parei ao ouvir seu fungado.

Me afastei rapidamente e vi que ela estava chorando.

— Por que... — tentei perguntar e ela negou com a cabeça.

— Não faz essa pergunta. — coloquei as duas mãos no seu rosto.

— Eu não vou saber te dizer o motivo, eu não vou saber te explicar o que eu estou sentindo, então por favor, não me pergunta o motivo do meu choro. — neguei com a cabeça e engoli o nó que se formou na minha garganta. — Eu só gosto de estar nos seus braços e essa alegria aqui dentro — ela apontou para o próprio peito e vê-la nessa situação estava acabando comigo.

— Me assusta, porque faz tempo que eu não sinto isso. — a cada palavra, minhas suspeitas iam aumentando.

— Você não está sozinha, Júlia. Eu estou com você. — fui firme nas minhas palavras para que ela soubesse que era verdade.

O criador de sorrisosOnde histórias criam vida. Descubra agora