Capítulo 1

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               Sorrio para cada pessoa que passa por mim no corredor deste avião

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               Sorrio para cada pessoa que passa por mim no corredor deste avião. Embora eu não conheça absolutamente ninguém aqui, quero dividir a minha euforia com todos. Além do mais, não posso arrancar esse sorriso bobo do rosto. Tudo bem, é provável que eu pareça uma jovem mulher que acabou de fugir da ala psiquiátrica mais próxima e esteja assustando a todos, mas não posso me importar demais. Estou tão feliz... tão feliz... tão feliz!

Meu coração retumba em meu peito, batendo feito um tambor bem orquestrado entre minhas costelas e chegando ao meu ouvido com facilidade. Será que mais alguém pode ouvi-lo agora?Espero que não. O som iria assustá-los bem mais do que o meu sorriso constante. Contenho a respiração e comprimo ligeiramente os lábios, afastando o meu sorriso com extrema relutância enquanto olho através da janela. Não adianta muito e sorrio outra vez. É como quando temos uma crise de risos espontânea, mas sabemos que precisamos contê-la por ora e ainda assim não conseguimos parar de rir.

Preciso abrasar a minha ansiedade e acalmar meu coração. O que parece uma tarefa impossível no momento pois: estou viajando sozinha pela primeira vez e, também pela primeira vez, irei conhecer um homem com quem venho me relacionando virtualmente nos últimos oito meses.

Alguém que conheci através de um site de namoro. Eu sei que isso soa muito imprudente, mas não me julgue antes de ouvir a história completa. Seu nome é Peter Anderson e ele é lindo. Com grandes olhos azuis sob cílios pretos. Um sorriso arrebatador e um rosto de anjo, que me rouba o fôlego sem esforço algum. Eu estou apaixonada!

Talvez um pouco mais do que eu devesse estar para o meu próprio bem. Mas não podemos ditar as escolhas do coração e Peter é tão perfeito. Gentil e inteligente. Bem-humorado e espirituoso. Ele tem um ótimo gosto musical e ama bons livros. Gosta de cinema e assim como eu tem uma paixão avassaladora por filmes antigos. E eu já disse que ele é lindo?

Sim, sei que já, mas não custa nada reforçar esse adjetivo. Foi muito simples me encantar por ele logo no início, quando trocávamos apenas breves mensagens em um aplicativo de namoro e eu mal podia ver o perfil nublado do seu rosto.

Foram semanas de um flerte quase inocente, juvenil e divertido. Seria difícil confessar isso sem parecer uma pessoa ingênua e irresponsável, mas acho que já estava apaixonada logo nos primeiros dias.

Quando Peter pediu o meu número de telefone, não hesitei em lhe dar. Passamos a nos falar com mais frequência, de forma íntima e pessoal. Trocamos muitas fotos e confidências e não tardou para que ele se tornasse parte da minha rotina e ganhasse um lugar de extremo destaque em meu coração.

Namorar à distância nunca foi algo desejado por mim. Eu era bem cética quando o assunto era esse, na verdade. Em minha mente duas pessoas jamais poderiam manter um relacionamento sem contato físico. Sem sequer se beijarem uma única vez, mas conhecer Peter me provou o contrário.

Começamos a namorar dois meses após o nosso primeiro contato e desde sempre alimentamos o sonho de um primeiro encontro real. Face a face. Olhos nos olhos. Peter mora em Denver, no Colorado. Ele é formado em designer gráfico e trabalha para uma empresa de jogos para videogame. Tem uma casa de dois quartos, no subúrbio e em seu nome, totalmente paga. O que, se você me perguntar, é algo mais do que admirável para alguém de vinte e sete anos.

Eu moro em Austin, no Texas e ainda estou presa à minha faculdade de História, dividindo uma casa minúscula com mais três amigas e sem planos sólidos para o futuro. Então milhares de quilômetros nos separam. Estamos em estados diferentes e em momentos de vida opostos e Peter já deixou mais do que claro que ficaria feliz com a minha mudança para Denver. Mais especificamente para o seu apartamento, porém, sei que seria uma loucura tomar essa decisão agora.

Sim, eu estou encantada, apaixonada e cheia de borboletas em meu estômago, mas ainda tenho um pouco de juízo e ele me impede de dar esse passo imprudente. Não estou nada preparada para dividir a vida com alguém do sexo oposto que não seja o meu pai ou meu irmão, talvez em um futuro próximo.

Ou quem sabe o meu encontro físico com Peter seja do tipo arrebatador e o seu beijo me tire do chão e bagunce toda a minha órbita. Eu ficaria em Denver se isso acontecesse? Provavelmente. Meu pai me mataria por isso? Sem a menor dúvida, mas perco a razão quando o assunto são beijos arrebatadores.

Eu já sonhei milhares de vezes com os beijos de Peter. Cansei de imaginar qual a sensação de ter os seus lábios nos meus e minha expectativas estão nas alturas. Deus, se seus beijos forem horríveis eu cairei dos céus direto no asfalto e isso irá machucar muito. Meus pensamentos me fazem rir enquanto busco o meu celular na bolsa sob a minha poltrona, enviando uma mensagem para Peter antes da decolagem.

Bree: O avião decola daqui alguns minutos, pode acreditar? Estou tão feliz, mal posso esperar para pisar em Denver e te abraçar!!!!

Digito com rapidez e envio em seguida, deixando o celular sobre a minha coxa coberta por jeans. Não tarda até que o aparelho vibre com uma resposta de Peter.

Peter: E eu mal posso esperar para te abraçar de volta, tão apertado. Nunca mais vou deixá-la sair dos meus braços, meu anjo

Mordo levemente o interior da minha bochecha, evitando que um gritinho de felicidade escape dela.

Bree: E eu não irei querer sair dos seus braços, acredite Vai me esperar no aeroporto? Chego em duas horas e vinte minutos.

Sua resposta vem um segundo depois.

Peter: Claro, anjo. Eu estarei lá... te amo, minha linda.

Bree: ♥♥♥♥

Eu nunca disse que o amo, mas Peter não parece se importar com isso e se mantém repetindo as três palavrinhas para mim. Eu não sei se tenho medo de lhe confessar algo tão grande ou se simplesmente não tenho a mesma convicção que a sua. Paixão e amor são duas coisas distintas. Eu sei que sinto a primeira, mas não tenho certeza da segunda.

Guardo o meu celular na bolsa quando a aeromoça passa por nós e nos orienta. Em seguida, o anúncio do piloto soa nos alto falantes e travo o meu cinto. O avião decola sem problemas, mas fecho os olhos e me agarro à poltrona enquanto ganhamos o céu. Volto a abrir os olhos quando sei que estamos em segurança, voando entre as nuvens brancas, através do céu límpido. O sorriso que estampa o meurosto logo depois é quase obsceno. Ninguém deveria se sentir tão feliz assim,mas eu me sinto...

Deixe a Neve lá Fora (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora