Capítulo 07

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Cinco e quarenta e dois. Esse era o horário que meu celular marcava quando pisei no Starbucks, já de volta a Londres. Geralmente após as excursões, a turma era levada até lá pra tomar um lanche e relaxar um pouco após um dia de aprendizado fora da escola. Meu momento de relaxar baseou-se em ficar sentada numa das mesas mais isoladas de todos, com um frapuccino que minha garganta não queria engolir entre meus dedos gelados e a cabeça pesada. Meu dia tinha sido um lixo, um dos piores da minha vida, sem dúvida.

Encarando a paisagem cinza e chuvosa que havia do lado de fora pela janela de vidro ao meu lado, eu brincava com o canudo do milkshake praticamente intocado, sentindo um mau humor gigante urrando dentro de mim. Meu estômago demonstrava fome, mas eu não tinha vontade nem capacidade de comer ou beber alguma coisa. Com um cotovelo apoiado na mesa e a cabeça apoiada na mão, enquanto a outra se distraía com o copo, eu mantinha meu maxilar tenso, sem nem notar o ser que se aproximava devagar.

Vi alguém se sentar na cadeira à minha frente, e sem nem precisar mover meus globos oculares, reconheci o indivíduo como sendo Louis Tomlinson. Falta de sexo dava em perseguição desesperada, só podia ser. Sem dizer nada, ele ficou me encarando, com as mãos no colo e um sorrisinho insuportável. Incomodada com a presença dele, desviei meu olhar dos pingos de chuva que escorriam pelo vidro da janela até encontrar o dele.

- Perdeu alguma coisa? - resmunguei, sem mexer mais nada além dos meus músculos faciais. Louis continuou com seu sorrisinho divertido antes de erguer uma de suas mãos sobre a mesa, fechada num punho, e responder:

- Eu não, mas eu acho que você sim.

Franzi a testa, sem nem tentar entender, e ele abriu a mão, deixando uma coisa rosa clara pender de uma pequena corrente prateada entre seus dedos polegar e indicador unidos. O meu chaveiro.

Senti meus olhos se arregalarem e meu queixo cair na hora em que vi a bailarina balançando de leve bem na minha frente. Imediatamente, arranquei-a da mão dele, segurando-a com firmeza enquanto a observava por alguns segundos, e logo depois a coloquei dentro da bolsa.

- Quer dizer que ela estava com você desde o começo - murmurei, morrendo de raiva, quando voltei a encará-lo - Por que você não me devolveu assim que soube de quem era?

- Sua criatividade me comove, Brown - ele disse, rindo da minha cara - Pra que eu ia querer ficar com o seu chaveiro? Foi o Hammings que o encontrou e só me deu agora, por isso eu vim devolver.

Continuei encarando-o, sem saber se acreditava ou não. Preferi não ocupar minha mente com aquele assunto, já estava tudo resolvido, meu chaveiro estava comigo de novo e eu pouco me importava se ele estava dizendo a verdade ou não. Ele era um imbecil de marca maior e estar sendo sincero não o faria menos desprezível.

- Obrigada, se era isso que você queria - resmunguei, grossa, voltando a encarar a paisagem lá fora. Que estado calamitoso eu havia atingido, era capaz até de agradecê-lo pra vê-lo longe de mim.

- Eu quero bem mais de você - ouvi o professor Tomlinson murmurar, com os olhos cravados em mim - Sei que minha vez vai chegar, e tenho paciência pra esperar.

Sem dizer mais nada, ele se levantou e voltou a se sentar em sua mesa junto com o professor Hammings, finalmente me deixando sozinha com meus pensamentos, e com um ódio cada vez maior dele. Se antes daquela excursão eu já estava decidida a contar tudo sobre o Tomlinson pra Hazza, agora eu não perderia a chance de fazê-lo o mais breve possível.

- Mãe, cadê você?

Seis horas e cinqüenta e três minutos. Eu estava parada na porta da escola, quase congelando de frio, falando com minha querida e pontual mãe ao celular. Por que raios ela não estava parada na frente do colégio pra me levar pra casa se a porcaria da excursão estava prevista pra acabar às seis e meia? Quase meia hora de atraso, bem típico de mamãe mesmo.

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