Capítulo 11
A professora Sullivan falava entusiasticamente algo sobre Platão, mas sua voz parecia distante de mim naquele momento. Meus olhos ainda estavam inchados e avermelhados, assim como meu nariz, pelo choro de dez minutos atrás, mas a aula de filosofia parecia estar sendo mais interessante para o resto da classe do que minha cara de enterro. Felizmente.
Meu corpo estava jogado de qualquer jeito sobre a cadeira, e meu rosto descansava pesadamente sobre um punho, apoiado por um cotovelo sobre a mesa. Com o olhar vagando pelas linhas do caderno, eu ainda podia sentir a sensação de culpa presa em minha garganta, como se minha dor de cabeça pulsante já não se encarregasse de me castigar o suficiente.
Quando a srta. Sullivan deixou a classe após sua longa aula dupla, notei que uma pessoa se aproximou da minha carteira, e ergui meu olhar pra ver quem era. Meus parabéns ao filósofo que disse que as coisas sempre podiam piorar, se é que Murphy era um. Filosofia não era meu forte mesmo.
- Eu só queria te falar que nosso trato está desfeito – Kelly murmurou, parecendo tão irritada por estar me dizendo aquilo que evitava me olhar – Pode ficar tranqüila, aquelas fotos nem existem mais.
Franzi levemente a testa, sem entender por que ela estava fazendo aquilo, mas antes que eu pudesse abrir a boca, ela já se afastava em direção à sua carteira. A única possibilidade que me veio à cabeça me fez afundar ainda mais em minha própria depressão. Só podia ter dedo dele naquela história.
Durante a última aula, eu continuei mergulhada em meu desânimo, e mal conversei com Katherine na hora da saída. Também não vi Hazza, que provavelmente devia estar atrapalhado no laboratório, e assim que avistei o carro de mamãe na saída da escola, corri em sua direção. Eu precisava sair daquele lugar e ficar sozinha no meu quarto o mais rápido possível.
Passei o dia naquele mesmo humor, só deixando meu quarto pra comer um pouco. Quando deitei na cama após o jantar, o cansaço de uma noite mal dormida me venceu, e eu dormi pesadamente, apesar dos insistentes pesadelos. Todos previsíveis, envolvendo o acidente de Louis.
Acordei no dia seguinte, um pouco menos cansada, e segui minha rotina matinal até chegar à escola. Apreensiva pra saber se ele viria hoje, eu me sentei ao lado deKatherine, como sempre, e não desgrudei meus olhos da entrada do colégio. Para minha sorte, não demorou muito e Hazza chegou, conversando animadamente com alguém, que não era ninguém mais, ninguém menos que o professor Tomlinson.
Meus olhos se cravaram nele, que parecia completamente saudável, fora o pequeno curativo em sua testa. Não estava pálido, muito menos abatido. Parecia até bastante animado, rindo enquanto conversava, e andava normalmente, sem sinais de lesões ou fraqueza. Um alívio imenso me dominou, mas não consegui relaxar por completo, porque logo os olhos de Hazza estavam nos meus, e ele sorriu fraco, parecendo ressentido com a desculpa brusca de ontem. Tudo que me faltava era ficar mal com ele, sem dúvida.
O dia se passou tediosamente, fora minha inquietação. Depois do intervalo, arrastei Hazza para uma sala que sempre ficava vazia no térreo e me desculpei pela pressa do dia anterior, restabelecendo a calma em nossa relação. Apesar de tudo estar se endireitando novamente, eu ainda estava determinada a pedir desculpas a Louis e me ver livre daquela horrível sensação de culpa, mas só a hipótese de ter aquele olhar enfurecido no meu já me fazia tremer da cabeça aos pés. Eu não tive coragem de procurá-lo naquele dia, muito menos no dia seguinte, e só voltei a vê-lo quando minha aula de biologia laboratório chegou, mais rápido do que eu gostaria.
Entrei no laboratório, tensa apesar dos sempre agradáveis minutos sozinha com Hazza depois de sua aula, e vi o professor Tomlinson cercado por Kelly e suas amigas. Ele estava encostado na lousa, com os braços cruzados na altura do peito e um sorriso charmoso, conversando amigavelmente com as meninas. Notei que ele já não usava mais o curativo na testa, e fiquei feliz por saber que ele estava fisicamente recuperado do acidente, que de certa forma, eu causara. Me sentei no lugar de sempre, tentando em vão não observá-lo demais durante a aula, mas olhar pra ele ou não era indiferente, já que seu rosto não se virou uma vez sequer na minha direção. Louis me fez sentir como se eu nem estivesse ali, coisa que ele sabia fazer e muito bem. O que eu estava esperando dele afinal? Que ele viesse me agradecer por tê-lo enfurecido tanto a ponto de fazê-lo ferrar com sua BMW? Ele tinha dito que nunca mais olharia na minha cara, e estava cumprindo com sua palavra.
Após o que me pareceu uma eternidade, o sinal tocou, anunciando o fim da aula, e todos seguiram em direção à mesa dele para lhe entregar seus relatórios. Diante da pressa do resto da classe para ir embora, eu apenas continuei sentada, encarando meu relatório feito pela metade com muito esforço, até me encontrar sozinha com Louis no laboratório. Previsivelmente, ele apenas continuou sentado em sua cadeira, organizando os relatórios recém-entregues, com a expressão concentrada.
Respirei fundo, me enchendo de uma falsa coragem, e fiquei de pé para entregar meu relatório. Senti a folha tremer de leve em minhas mãos, denunciando meu nervosismo, mas continuei caminhando devagar até alcançar sua grande mesa. Assim que parei à sua frente, notei seu olhar se desviar brevemente dos relatórios e se erguer quase que imperceptivelmente até a altura de minha cintura, o bastante apenas pra me reconhecer e voltar a ignorar minha presença. Respirei fundo novamente, com o coração se debatendo dentro do peito.
- Professor... – comecei com a voz fraca, encarando sua cabeça baixa, e não tive coragem de terminar. Minhas lágrimas estavam lá, como no dia anterior, sem que eu sequer permitisse ou as quisesse ali e tornando minha voz embargada, mas ele não pareceu se importar. Arrancou meu relatório de minhas mãos de um jeito brusco, ainda sem me olhar, e o colocou de qualquer jeito em sua pasta. Fechou-a, guardou-a em sua mochila e pôs-se de pé, já com uma de suas alças sobre o ombro e caminhando determinadamente até a saída do laboratório.
- Me desculpe – ouvi minha voz dizer, num sussurro esganiçado, e o silêncio substituiu o barulho de seus passos, denunciando que ele tinha parado de andar. Mesmo sem vê-lo, pude senti-lo ainda presente, mas não tive coragem de me virar para encará-lo e apenas esperei alguma reação sua, que demorou eternos segundos para finalmente vir.
- Não perca seu tempo – a voz fria dele rosnou, ecoando pelas paredes do laboratório, tão silencioso que me permitia ouvir os batimentos acelerados de meu coração com nitidez. Fechei os olhos com força, tentando parar de chorar por uma tristeza profunda que eu mal conseguia entender, enquanto seus passos revelavam que ele tinha me deixado a sós com minha culpa esmagadora.
Naquela semana, eu não fui à casa de Hazza. Segundo ele, Louis o convidou para uma viagem de fim de semana com alguns amigos no iate de sua família, para comemorar a sorte dele por ter saído ileso de seu acidente. Hazza mencionou o nome da cidade litorânea para onde eles iriam, que era por sinal onde ficava a casa de praia dos Tomlinson, mas eu estava com a cabeça carregada demais pra prestar atenção nesse detalhe. Estranhamente agradecida por não ter que ir à sua casa na sexta fingir que estava tudo bem comigo, e com a promessa de que Hazza me recompensaria devidamente na semana seguinte, eu, já apresentada ao poder financeiro do professor Tomlinson, apenas o desejei boa viagem com um sorriso terno.
Os pesadelos culposos continuaram, me perturbando noite após noite. Eu ainda não tinha contado a ninguém sobre esse meu complexo de culpa doentio, mas os sinais de desânimo eram notáveis. Durante um passeio com Katherine naquele domingo, ela perguntou o que estava me incomodando, e mesmo que por um momento eu pensasse na hipótese de contar a ela, preferi dar a desculpa esfarrapada de que estava com insônia. Não deixava de ser verdade, porque ultimamente o sono passava reto por mim.
A semana começou outra vez, igualmente cinzenta e angustiante. Louis continuou fingindo que eu não existia, mas em compensação, Hazza se tornava cada dia mais grudento. Não sei se era porque estávamos num relativo jejum, ou se eu tinha sido traída durante a viagem no fim de semana e ele também estava sofrendo de culpa, querendo me recompensar com todo o seu carinho incondicional. A última hipótese só me ajudava a ficar ainda mais deprimida, então eu preferia acreditar na primeira, me fazia sentir necessária pra alguém. Mesmo que esse alguém estivesse me sufocando inconscientemente.
Diferente da semana anterior, dessa vez a aula de biologia laboratório demorou a chegar. E quando eu me dei conta de que ela finalmente havia chegado, já estava caminhando na direção de uma das bancadas, com o olhar apreensivo nele. Louis usava uma camisa pólo listrada de azul marinho e branco, calças jeans num tom escuro de azul, e tênis tão brancos que faziam os olhos doerem se eu os observasse por muito tempo. Terrível, absurda e irrevogavelmente lindo.
Novamente, ele explicou como a aula procederia sem me olhar, e dessa vez eu já estava mais preparada pra isso. Consegui responder todas as questões essa semana, recuperando os velhos hábitos,e quando o sinal tocou, deixei meu relatório onde todos os alunos colocaram os seus, numa pilha sobre a bancada mais próxima da porta. O que eu interpretei como uma tentativa dele de bloquear qualquer tipo de diálogo comigo. Mas aquilo não bastaria pra me afastar. Eu precisava continuar tentando, até finalmente me ver livre daquele fardo que parecia me roer por dentro a cada dia.
De início, pensei em não falar com ele. Apenas guardei meu material, ainda um pouco indecisa, e fui uma das últimas a deixar o laboratório, com os braços firmemente cruzados na altura do peito e andando devagar. Mas me forcei a parar apenas alguns passos depois, após ser facilmente ultrapassada por meus colegas de classe ainda restantes, e juntando toda a minha coragem, dei meia-volta e andei na direção do laboratório, dessa vez determinadamente.
Toda a minha bravura sumiu assim que parei à porta, e não tive coragem de entrar. Dali eu podia ver o professor Tomlinson em pé de costas pra mim, organizando e colocando a pilha de relatórios recém-entregues em sua pasta. Mordi o lábio inferior, hesitante, mas antes que eu pudesse tomar alguma decisão, ele ergueu a cabeça pra frente e virou-a na minha direção, como se tivesse notado minha presença.
Bastou um segundo do olhar dele no meu pra que eu me lembrasse a razão de estar ali, e assim que ele voltou a olhar pra bancada, resolvi ser realmente enérgica e mudar aquela situação. Minha mente ainda estava um pouco embaralhada, mas eu logo tratei de organizá-la.
- Por quanto tempo você pretende continuar me evitando? – foi tudo que consegui dizer, finalmente entrando no laboratório e parando ao lado dele. Louis não me olhou, continuou a organizar os relatórios dentro de sua pasta, fingindo interesse neles. Mas eu podia ver que seu olhar era vago, talvez incomodado com a minha observação. Continuei insistindo, apesar da coragem um pouco mais vacilante agora, assim como a firmeza de minhas pernas.
- Mesmo que você finja não me notar, eu vou dizer o que tenho pra dizer – comecei, indo direto ao ponto e ficando ainda mais irritada pela permanente falta de expressão no rosto dele – Você pode não querer me ouvir, mas pelo menos eu vou estar com a consciência limpa por ter cumprido meu dever.
Bela escolha de palavras, Mellany. Realmente, não podia ser melhor. Em matéria de maturidade, eu parecia uma criancinha banguela de cinco anos mal acostumada a ouvir nãos, do tipo que faz escândalo nas lojas de brinquedo. Louis não fez nada, apenas continuou olhando na direção de sua pasta enquanto seus lábios se contraíam cada vez mais, demonstrando o nível crescente de sua raiva. Eu o observava atentamente, ansiosa por um sinal de derrota dele, mas como Louis não facilitou as coisas e se manteve quieto, eu prossegui.
- Eu sei que duvidei de você e te acusei de coisas horríveis – recomecei, tentando fazer com minha voz parecesse calma, e ele suspirou profundamente – E também imagino que seu acidente tenha sido, em parte, minha culpa. Você não sabe o quanto eu me arrependo por tudo isso, e sei que não mereço o que estou pedindo, mas... Por favor, me desculpe.
Por alguns segundos, ele continuou me ignorando, e ficando cada vez mais nervosa, não desisti. Eu não pretendia sair daquele laboratório sem pelo menos ouvir uma palavra ou receber um olhar dele.
- Parabéns, já pediu suas desculpas ridículas – Louis suspirou, longos segundos depois, ríspido – Pode ir embora agora.
Fechei os olhos por um instante, sentindo a breve dor de um fora, e voltei a encará-lo, tentando esconder o alívio por ter conseguido arrancar nem que fossem palavras duras dele. Talvez não fosse dos melhores, mas definitivamente aquilo já era um começo.
- Eu entendo perfeitamente a sua grosseria e sei que até mereço ser tratada assim, mas também quero que entenda que me arrependi e estou aqui me desculpando – falei, com a voz ainda mais serena – Eu sei que não fui justa com você, sei que peguei pesado.
- Você já pegou pesado comigo antes – ele disse com a voz fria feito gelo, apoiando um de seus braços sobre o balcão e propositalmente deixando à mostra a cicatriz que minha caneta havia deixado há algum tempo atrás – Não pareceu tão arrependida na época.
Senti uma pontada de culpa pela lembrança que ele havia trazido à tona, e de alegria ao mesmo tempo por estar conseguindo fazê-lo falar. Suspirei de leve, concluindo mais firmemente a cada resposta que eu merecia ser visualmente ignorada por ele. Ainda era inegável que ele tinha pedido por aquele golpe, mas a cicatriz agora me causava um pouquinho de remorso.
- Você também não parecia se preocupar comigo naquela época – eu retruquei, pensando alto, e notei que seus olhos se tornaram reflexivos e se ergueram um pouco dos relatórios – Pelo menos não como agora.
- Porque você não se metia em encrencas – ele rebateu, se recompondo e voltando a fingir interesse em sua pasta – Definitivamente não como agora.
- Você costumava ser a minha única encrenca – comentei, com um sorriso discreto e encarando-o vagamente – Nunca pensei que você seria a pessoa que me tiraria delas.
- O que você quer de mim afinal? – Louis explodiu de repente, socando a superfície da bancada e finalmente me olhando com a expressão conflituosa – Primeiro você diz que me odeia mortalmente, depois vem me pedir desculpas toda arrependida e nostálgica... Vê se me esquece, suas crises bipolares não me interessam!
Franzi a testa, incrédula com as acusações dele, enquanto o via voltar sua atenção pros relatórios. Meu cérebro funcionava disparado, ecoando incessantemente as palavras rudes dele. Quer saber? Já chega de ser boazinha, não estava adiantando porcaria nenhuma bancar a psicóloga com um homem ignorante como Louis.
- Eu é que te pergunto, o que você quer de mim? – exclamei, tão furiosa quanto ele, ou até mais – Vivia me humilhando, se fazendo de gostosão na frente dos outros, mas na verdade você lambia o chão que eu pisava! Tudo que você sempre quis foi que eu te desse bola, coisa que você nunca conseguiu!
- Se enxerga, garota, o mundo não gira em torno da porra do seu umbigo! – ele retrucou, com a voz alta – Você só liga pra si mesma, pros seus sentimentos, pras suasvontades, pros seus interesses! Você se faz de santa, mas no fundo você não passa de uma menininha fútil, metida e egoísta que só sabe reclamar e criticar os outros!
- Eu não admito que você fale desse jeito comigo! – quase berrei, sentindo lágrimas involuntárias e inconvenientes se formarem em meus olhos ao ouvi-lo dizer tudo aquilo de mim com a voz carregada de sinceridade e agressividade. Ergui minha mão na direção de seu rosto pra lhe dar um tapa, mas na metade do caminho ele agarrou meu pulso e me impediu de concluir a ação.
- Estou cansado de você – ele rosnou, olhando fundo nos meus olhos, e de repente sua expressão se tornou mais amena, com um toque de surpresa por me ver chorar. Sua respiração quente batia em meu rosto, suavemente ofegante pela discussão, e só então me dei conta de que tínhamos nos aproximado desconfortavelmente sem perceber. Tentei não parecer tão submissa àquele olhar, tão próximo de mim que eu podia ver as oscilações de tamanho de sua pupila, mas pelo visto não estava dando certo. Seu perfume invadia meus pulmões sem pedir permissão, misturados ao seu hálito que cheirava levemente a canela. Por mais estranho que possa parecer, a combinação dos dois aromas era tão boa que eu me sentia entorpecida. Continuamos por longos segundos nos encarando, assimilando nossa proximidade física perigosa, ou pelo menos tentando.
Nitidamente derrotado, pelo que sua expressão facial demonstrava, Louis aproximou seu rosto ainda mais do meu, e sem conseguir pensar, eu não o impedi de resumir a distância entre nós a pouquíssimos centímetros. Seus olhos estavam baixos na direção de meus lábios, e sua testa estava um pouco franzida, tentando encontrar algum vestígio de sua determinação a me evitar sem parecer ter muito sucesso. Involuntariamente, eu também passei a encarar os lábios dele, extremamente convidativos, me sentindo como se estivesse presa numa bolha com ele, distantes da realidade. Era uma atmosfera totalmente surreal.
Senti a mão livre dele envolver meu rosto devagar, e completamente entregue ao momento, permiti que ele vencesse a distância entre nós e me beijasse. Assim que seus lábios tocaram os meus, inúmeras e pequenas explosões começaram a acontecer dentro de mim, em cada centímetro do meu corpo, acelerando meu coração e tornando meus sentidos ainda mais aguçados. Ele soltou meu pulso, e eu deslizei minhas mãos por seus ombros devagar, sentindo um desejo incontrolável arder por baixo de minha pele. Um desejo que havia sido como uma bomba-relógio dentro de mim durante todos aqueles últimos dias agoniantes, se escondendo atrás de uma falsa culpa e apenas esperando o momento certo para explodir.
A outra mão de Louis envolveu firmemente o outro lado do meu rosto, me mantendo próxima dele e intensificando os movimentos determinados de nossas línguas. Parecíamos famintos um pelo outro, buscando desesperadamente fazer com que toda a distância entre nós sumisse por completo. Abracei-o pelo pescoço, tremendo da cabeça aos pés, e senti que ele se curvou de leve pra me abraçar pela cintura. Seus braços fortes me envolveram, e suas mãos destemidas subiram até a metade de minhas costas, me acariciando de um jeito estonteante.
Eu estava tão enlouquecida, tão fora de mim, que alguns minutos depois me vi agarrando seus cabelos da nuca, já totalmente ofegante como ele, enquanto sentia Louis soltar pesadamente o ar durante o beijo. Num impulso, permiti que ele me erguesse pela cintura rapidamente e me sentasse na bancada, se encaixando entre minhas pernas e derrubando sua pasta cheia de relatórios no chão. Sem nos darmos conta desse pequeno desastre, continuamos nos beijando enfurecidamente, até que toda a euforia daquele momento começou a se mostrar de sua cintura pra baixo. E que euforia.
Mesmo impedida de me afastar dele por uma força invisível e extremamente dominadora, minha consciência aos poucos foi voltando, e fui me dando conta do que eu estava permitindo acontecer. Várias imagens passaram pela minha mente, a maioria envolvendo Hazza e sua imensurável adoração por mim, e o sentimento de remorso foi se tornando ainda maior que o poder de toda aquela situação. Eu não podia fazer isso com ele. Eu não podia nem queria fazê-lo sofrer, mesmo sem saber, por um momento de impulso meu, do qual eu provavelmente me arrependeria no dia seguinte.
E foi pensando em Hazza, em tudo que tínhamos, em tudo que eu sentia por ele, que eu afastei Louis pelo peito, partindo aquele beijo enlouquecido. Meu olhar tonto encontrou o dele, totalmente confuso, e eu não consegui nem começar a dizer tudo que se passava em minha mente embaralhada. Abri e fechei a boca várias vezes, arfante, mas tudo que realmente consegui fazer foi descer da bancada, com as pernas extremamente bambas, e deixar o laboratório, lançando a Louis um último olhar hesitante.
Enquanto eu descia tremulamente as escadas, agradecendo por não estar sendo seguida por ele, um único pensamento dominava minha cabeça, prevalecendo sobre os demais. Naquele momento, eu tive a confirmação de algo que vinha crescendo sorrateira e traiçoeiramente dentro de mim, como uma doença que se alastra aos poucos, e que só se torna notável quando já é irreversível.
Eu estava completamente atraída por Louis Tomlinson.
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Biology
FanfictionAqui vai ser contada a história de Mellany Brown, também conhecida como Mel, você acha que nunca iria se envolver com um professor, imagine dois Obs: Essa fanfic não é minha, ela é postada no site fanficobsession.com.br