- Papyrus! – Gritou o esqueleto. – Aonde você está? – Questionou o pequeno enquanto caminhava pelo píer. O sol estava se pondo, tingindo o céu com milhares de cores sangrentas. Gaivotas histéricas revoavam acima de sua cabeça, fazendo grande algazarra.
Colocando a mão a frente dos olhos para que pudesse enxergar sem ter o sol poente lhe ferindo as órbitas, ele pôde vislumbrar uma silhueta escura de contraste ao horizonte. Ela estava sentada bem próxima ao fim do ancoradouro, sendo quase imperceptível devido à iluminação. Todavia, Cross o reconheceu.
O esqueleto correu na direção de seu irmão com um sorriso em sua face, expondo a falta de alguns dentes de leite.
- Irmão! – Exclamou, abraçando Papyrus por trás, arrancando-lhe de seus devaneios.
- Cross! O que faz aqui?! – Exclamou o outro, surpreso. – Você não deveria estar na escola?! – Apontou, desconfiado. O caçula soltou-lhe e se sentou ao seu lado, deixando que suas pernas ficassem penduradas para fora do ancoradouro, com seus pés balançando animadamente acima das marolas.
- A senhorita Alphys nos liberou mais cedo. – Disse sem fitá-lo.
- Oh, é mesmo? – Ele agarrou o irmão pelos ombros, esfregando os nós de seus dedos no crânio esbranquiçado do caçula de maneira dolorosa. – Ou você estava gazeando como sempre?! – Acusou.
- Pare, Papy! Isso dói! – Reclamou Cross tentando livrar-se da tortura, porém seu irmão era mais forte.
- Não até você me contar a verdade! – Exigiu de maneira dura. – Mentir é uma coisa muito feia! – O mais velho aplicou ainda mais força na fricção.
- Está bem, está bem! – Choramingou o outro. – O Matthew levou a gente para ver aquela mina que foi desativada! – Confessou.
- A mina desativada? Aquela que desabou, matando mais de quarenta operários? – Questionou. Seu tom de voz aumentou, demonstrando um misto de preocupação e irritação. – Está maluco, pirralho?! Queria que o resto desabasse sobre você, transformando-te em pó?! – Repreendeu.
- Ai, ok, desculpa, desculpa! – Retrucou Cross. – Agora me larga, você está afundando meu cânion! – Reclamou o caçula, conseguindo se livrar dos braços de Papyrus quando este afrouxou o aperto.
- Deixe de ser criança, eu nunca conseguiria afundar esse seu cabeção! E não é “Cânion”, é “Crânio”, saberia a diferença se ficasse mais tempo na escola. – Retorquiu com um sorriso quase lhe surgindo a face.
- Não enche, idiota! – Retrucou o outro, envergonhado, enquanto que desviava o olhar. – E eu não sou criança! Tenho 12 anos! – Protestou sem lhe fitar.
- O fato de ter dito sua idade para me contestar, apenas prova que você é uma criança sim, seu bobo! – Comentou, caindo na risada.
- Pare de usar palavras que não existem para parecer mais esperto! – Retorquiu Cross.
- Você quis dizer “inexistentes” e “sapiente”, certo? – Provocou Papyrus com um sorriso presunçoso em seu rosto.
- Você está fazendo isso de novo! – Acusou. – Já mandei você parar!
- Já te falaram que você é muito fofinho quando faz birra? Suas bochechas se inflam e você fica todo corado em roxo. – Troçou, apertando as bochechas do irmão, aos risos.
- Para! – Protestou o caçula, tentando escapar do irmão mais velho, que estava sem fôlego de tanto rir. – Eu não sou fofo!!
Neste exato momento, o badalar dos sinos da igreja local reverberou pelas docas, assustando os dois esqueletos. Os risos se calaram imediatamente.
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Amor Por Peixe
Ficción GeneralExistem lendas ao redor do mundo sobre seres místicos vivendo nas profundezas do Oceano, mantendo-se ocultos à todos que procurassem por sua existência... Mesmo que as histórias tenham desaparecido com o tempo, o desejo de conhecer e provar o descon...