Eu não odeio você | Hiatus

6. O acidente, aos dezesseis.

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Os livros estão sempre a repetir que os jovens conhecem o amor assim que dão o primeiro beijo ou quando cruzam com alguém em um corredor de escola e as mãos se tocam como em clichê perfeito e previsível, mas para Louise o amor foi criado, moldado e entregado a ela no exato momento em que ela foi agraciada em braços quentes em uma cama de hospital, com um garoto ao seu lado, um irmão gêmeo. Louise Davis sempre detestou como todos romântizam o amor romântico e esquecem que nem todas as histórias de fato, abordam o amor entre o homem e uma mulher.

Lou aprendeu o que era amor aos três anos quando Nathan quebrou seus lápis de cor ao meio e ela não o odiou para todo o sempre como disse que faria, ela esqueceu o corrido minutos depois quando o garoto entregou a ela um desenho de um coração torto, deformado e amarelo. Louise escutou as batidas do próprio coração aos seis anos em uma aula de biologia e tentou escutar as do irmão entendendo que coração não era um desenho bonito, ele era algo mais profundo, tão profundo que a menina desenvolveu a tese de que achar o coração de Nathan era como encontrar Petróleo.

Louise duvidou do amor que sentia pelo irmão em todas as brigas que compartilharam em 16 anos de vida, se perguntou porque não poderia simplesmente vende - lo no mercado livre e se livrar do peso morto, a menina se perguntou porque era gêmea de alguém tão diferente dela e porque estava sempre cuidando e protegendo Nathan de suas idiotices , quando ela era a caçula por ser 12 minutos mais nova. Louise duvidou do amor todos os momentos da vida, menos aos dezesseis anos quando as imagem do acidente continuaram se repetindo em sua cabeça.

Louise tentou pressionar os olhos para que ficassem abertos o suficiente para não cair de volta as lembranças do carro prata de Caleb Hill sendo esmagado após o capotamento. O sono desejava tomar conta da menina enquanto ela tentava segurar as lágrimas e não se lembrar, ela não queria lembrar da imagem do irmão gêmeo com o corpo para fora de um carro que nem sequer era dele enquanto sua perna estava presa nas ferragens e seus olhos fechados, sua expressão serena como em uma despedida final.

Louise se negava a aceitar aquilo, se negava a aceitar que em plena madrugada de sábado nas férias de verão do segundo ano eles estavam em uma sala de hospital quando deveriam estar em uma festa ou em casa fazendo maratona de One Tree Hill, eles estavam no hospital jogados em um local qualquer em um chão gélido esperando notícias do irmão que estavam em uma sala de cirurgia há pelo menos seis horas.

Maldita idéia de ir a festa de Tom walkins, Louise pensou assim que jogou a cabeça de leve contra o concreto. Naquele terceiro sábado de verão todos os jovens da Bantley School estavam animados para a grande festa do time de basquete, o São Francisco King da Bantley onde os grandes atletas do time iriam competir em um perigoso e irado racha onde Nathan Davis e seu rival do time, Max Maddox iriam competir na grande viela perigosa da cidade.

Maldito momento em que a menina se negou a ir aquela festa onde o irmão foi jogado contra árvore e teve o carro, que nem mesmo era seu, capotado. O acidente foi televisonado e compartilhado de forma absurda, como se todos estivessem gostando de ver aquela desgraça alheia a uma família desconhecida. Louise estava detestando todas as mensagens que estava recebendo e todos os olhos que a encaravam no hospital.

O pior momento foi quando o médico se aproximou e avisou aos presentes ali que Nathan Davis, o irmão adorado da menina, haveria perdido metade da perna direita que havia ficado presa na engrenagem do carro capotado, todos presentes estavam em choque e pensando sobre o sonho do menino que agora, estava sendo destruído naquela mesa de cirugia.

Nathan nunca mais jogaria basquete.

As três da manhã quando o garoto negro de vestes claras de hospital foi posta em uma pequena saleta onde apenas um vidro o distanciava dos familiares, Louise sentiu seu mundo desabar com uma das mãos sobre o vidro e a outra caindo com o corpo para o chão.