prólogo

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Na minha cidade o céu estava sempre nublado. Acho que devia-se ao facto das pessoas serem estranhas, ou talvez sentiam o mesmo que eu, medo, opressão. Não se comemora nada ou seja não comemorávamos o natal, nem brindávamos a chegada de um novo ano, muito menos a Páscoa. Simplesmente  não se fazia nada!
Para além do medo, tínhamos mais algo em comum, às casas. Praticamente  éramos obrigados a ter casas resistentes e fortes, uma daquelas capazes de aguentar um terramoto—ninguém atrevia-se a pintá-las, portanto era raro distingui-las.
O espírito de sobrevivência que partilhávamos, obrigava-nos a conviver mutuamente para que posássemos compartilhar os matérias de construção e se calhar, um dia, enfrenta-los.
A minha casa era grande. Tal como as outras suficientemente forte para aguentar um ataque também, tinha uma cave caso ela fosse derrubada. O meu pai trabalha dia e noite a fazer armadilhas para nos proteger. Era um homem alto, não conseguia ver com nitidez o seu rosto, é sempre complicado ver rostos num sonho mas, penso que era negro tal como eu, era grande e parecia forte, estava sempre com umas calças de ganga, uma camisa branca, um casaco preto e umas botas super pesadas, e o mais importante estava sempre com armas e facas.
Para além dele eu vivia com a minha mãe, e com duas raparigas. A minha mãe era muito calada, parecia estar em choque, não falava, estava sempre sentada a olhar para o nada, não á consigo descrever bem, mas recordo-me de ser uma mulher média e magra — estava sempre com uma saia comprida de cor preta, e uma blusa cinzenta. Olhar para ela deixava-me triste. Não sei descrever as duas raparigas que viviam connosco, mas penso que eram minhas amigas, ou minhas irmãs....sei lá.
De repente ouvimos um barulho vindo do teto, fiquei logo assustada, bom, acho que todo mundo ficou. Rapidamente me levanto e vou para as escadas que tínhamos  dentro de casa, essa dava acesso ao teto, de onde vinha o barulho estrondoso.
É estranho, porque nada me tirava da cabeça que o teto tinha sido derrubado, mas como? Achei que as nossas casas praticamente eram de ferro.

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