Diana

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— Então quer dizer que eles roubam os sonhos individuais que cada um tem?

— Sim. As pessoas levantam-se todos os dias porque têm sonhos, o mundo é movido pelo desejo e a ambição de melhorar, e temos como combustível os sonhos.

—É por isso que este vilarejo é meio que sombrio e triste?
— Vilarejo perdido...
—  O quê?
—  É assim que o vilarejo se chama. E sim. A maioria das pessoas deixou de sonhar.

Fiquei calada por alguns segundos, era muita coisa para minha cabeça, tinha que processar aquilo tudo.
Fui subitamente interrompida e chamada outra vez a terra pelo Matheus que repentinamente achou melhor contar-me uma história.

— Havia um casal cá no vilarejo que depois de ver os seus sonhos não concretizados, construíram a sua vida sonhando pelas suas filhas ,Diana e Laura. A Laura já estava mais ou menos encaminhada, portanto, era uma preocupação a menos. Mas para Diana, o casal matou-se de trabalhar para juntar dinheiro para ela, na esperança que um dia ela arranjasse um marido e se fosse embora desta maldita cidade desprovida de encantamento.
Mas ao contrário do que eles queriam, Diana tinha os seus próprios sonhos e projectos. Não queria sair deste vilarejo por nada, tudo isto porque tiverá se apaixonado por uma rapariga que estudava com ela.
Diana tinha medo de contar aos pais que gostava de uma rapariga e que futuramente se via casada com ela.
Mas a triste realidade é que os pais  a equiparariam a uma pessoa portadora de HIV, por outras palavras achariam que tinha uma doença sem cura e que infelizmente teriam que aprender a conviver com este mal terrível e, verdade se diga,  fazendo uma interpretação teleológica  ser heterossexual ou homossexual é tudo a mesma coisa, só que ainda existe pessoas que vêem a homossexualidade como uma doença, e para o azar de Diana era o caso dos seus pais. Infelizmente não estava prepara para ser olhada de outra forma por aqueles que amava, tinha medo então retratou-se durante um bom tempo, e aos poucos foi vendo seu sonho longe da sua realidade, até que um dia paralisou.

Quando ele disse paralisou, lembrei-me da minha mãe. Será que ela também....

— Conheces alguém que também paralisou, Vénus?

Embora tivesse me lembrado da minha mãe não me apetecia falar sobre o assunto, portanto achei melhor mudar de assunto.

— E tu? Qual é o teu sonho? — Perguntei ao Matheus olhando directamente para os seus olhos. Desta vez correspondeu da mesma forma e também olhou fixamente para os olhos, sem darmos conta estávamos numa guerra de quem desistia primeiro, mas a beleza dele derrotou os meus olhos, já não conseguia continuar. Os meus pensamentos já começavam a dar frutos.

— Quando não conseguimos mudar uma situação, o desafio é mudar-nos a nós próprios. — Está foi a grande resposta do Matheus.

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