Recordo-me de serem quatro horas da manhã quando mal conseguia pregar o olho. Não parava de pensar no que o Matheus me tinha dito sobre a Diana. Bom. Sejamos honestos. Receava que a minha mãe também tivesse paralisado. Será que a vida dela foi tão triste como a da Pobre rapariga?
Enquanto embrulhava-me nestes pensamentos, o Matheus continuava a dormir como se tivesse num hotel cinco estrelas que nada se assemelhava ao autocarro velho e sujo.Anteriormente perguntei-lhe se não era melhor eu voltar para casa visto que já se fazia tarde, mas o Matheus achou melhor eu ir de manhã por ser menos perigoso.
Sem dar conta olhei para a janela e me apercebi de que o sol já lá estava, eram seis e meia da manhã. Senti o coração quente. Depois de uma noite cinzenta e cheia de revelações finalmente um novo dia tinha chegado e trouxe com ele uma pitada de esperança para o meu coração.
— Matheus, temos que ir. — Disse-lhe como se tivesse acordar uma criança.
— Temos? Porquê que não vais sozinha? Não sei se te contei, mas eu vivo neste autocarro. — Respondeu enquanto espreguiçava-se.
— A sério? — Bufei.
— Tens algum problema com isso? —
Disse o Matheus enquanto censurava-me com o olhar.— A sério que não me vais acompanhar? Eu não conheço o caminho, por favor ajuda-me. Os meus pais devem estar preocupados. — Implorei.
— Ok.
Saímos do autocarro e começamos a caminhar para minha casa.
O vilarejo já estava movimentado, as pessoas já estavam a reforçar as suas casas.
Parei por um instante, olhei ao redor e notei que as pessoas daquela vilarejo só trabalham para sua segurança, não havia sorriso em seus rostos.
Acho que o Matheus se apercebeu do meu descontentamento e, em seguida pegou a minha mão e sorriu.
O meu coração ficou ao pulos, tanto ficou que mal consegui disfarçar a alegria que.— Um dias vais me contar? — Perguntei.
— Contar o quê! Vénus? — Respondeu o Matheus enquanto revirava os olhos.
— Quais são os teus sonhos.
— Tu és mesmo chata. Mas está bem! Um dia eu fala contigo sobre isto. — Comecei a sorrir quando ouvi aquelas palavras.
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Sonhos
RomanceO que a história conta não passa do longo sonho, do pesadelo espesso e confuso da humanidade. Arthur Schopenhauer