♛ P s y c h o♕ [ Seulrene ]

| Seis |

|BAE JOOHYUN|

As gotas de chuva batiam violentamente contra o para-brisa e apesar do relógio não apontar para mais do que 10:26h da manhã, o céu estava escuro o bastante para o pisca alerta do carro a diante iluminar todo o interior da viatura com a luz vermelha.

_Chegamos, finalmente. _Sooyoung anunciou.

Estávamos há horas viajando e minhas articulações doíam com a falta de movimento. Os bancos de couro sintético pinicavam minha pele coberta pelo linho da calça, contribuindo com o desconforto durante aquele trajeto. Olhei pela janela e precisei cerrar os olhos para tentar enxergar alguma coisa no meio de toda aquela tempestade.

O Centro Correcional era protegido por cercas de arame farpado eletrizado, sua arquitetura monstruosa e cinzenta fazia jus ao título de presídio de segurança máxima, solitário ali no meio daquela planície há 128 Km de Seoul tornava qualquer fuga quase impossível.

Sooyoung estacionou a viatura e saltamos apressadas, rumo ao portão de funcionários. A chuva gélida impulsionada pelo vento que soprava ao oeste castigava minhas mãos envoltas no cabo do guarda-chuva.

_Vamos pelo pátio! _Ouvi a oficial gritar, competindo com o tiroteio de gotículas barulhentas.

_Eu vou seguir você. Nunca estive aqui antes, não conheço nada!

Entramos em um corredor que embrenhava as profundezas do prédio e prosseguimos até a sala de espera com pisos de linóleo logo após passarmos pela vistoria do detector de metais. Os policiais mau encarnados me fuzilavam com olhares carregados de desconfiança e temi estar acidentalmente armada com um canivete ou quem sabe até uma pistola, quero dizer, era de se esperar de alguém da polícia, mas esse não é o tipo de coisa que nossa mente acostuma fácil.

_Sou o oficial Im Jaehyun. A visita dura uma hora, não mais do que isso, podendo acabar antes se for da vontade do detento ou do visitante. Não é permitido qualquer troca de objetos entre as partes sem que haja inspeção. Tanto vocês quanto ele serão revistados antes e após a visita. _Ele disparava as instruções decoradas mecanicamente, como uma máquina programada. _Dois oficiais ficarão na porta e irão intervir se assim necessário. Por último, vocês serão assistidos pela câmera de monitoramento.

Fingi prestar atenção no procedimento básico que já sabia de cor e salteado. Posteriormente, fomos direcionadas à sala de visitas que mais se aproximava de uma sala destinada a interrogatórios. A ausência de janelas, as lâmpadas incandescentes de luz branca, a mesa metálica com os pés enferrujados, todos os detalhes tornavam aquele ambiente absurdamente opressor.

_Esses caras não brincam em serviço mesmo, achei que aquele oficial ia ... sei lá._Sooyoung comentou, cruzando os braços.

_Deixaram você entrar armada?

_Quase não. Isso aqui é uma prisão de segurança máxima, mas esse brasão aqui _apontou para o lado esquerdo do peito_, ainda tem alguma autoridade nesse país. Esses putos, sinceramente.

Permiti escapar um sorriso. Confesso que as vezes me considero verdadeiramente uma admiradora de Sooyoung, seus trejeitos, postura despretenciosa ao mesmo tempo que confiante e principalmente a impulsividade nas falas, com um vocabulário extenso das mais criativas ofensas a qualquer um que lhe desagradasse. Tudo sobre ela tornava sua presença segura e confortável.

Era definitivamente o mais próximo que tinha de uma amiga durante aqueles dias, sinto que de alguma forma encontramos uma na outra alguém com quem compartilhar as dificuldades de se encaixar em um espaço tão restrito para pessoas como nós.

_Como se você precisasse de um distintivo para impor respeito. Basta uma olhada para essa sua cara carrancuda.

_Já olhou para o seu reflexo por mais de um milésimo de segundo, miss simpatia? Francamente, você também não colabora hein.