| Prólogo | Cast |

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|BAE JOOHYUN|

       A garoa precipitava serenamente, humidecendo a roupa das pessoas abaixo e alheia a todo o movimento e alvoroço instaurado naquele bairro nobre da grande Seoul.
      O antiquado prédio negro exibia com dificuldade o letreiro neon "SakuraGan", cuja letra K piscava descontrolada. Ao redor,  curiosos se amontoavam afoitos, semelhantes a abutres na espreita apenas aguardando a morte de um animal indefeso. Policiais cercavam o local, impedindo aquela gente enxerida de meter o nariz no que não lhes era cabível desvendar. Fechei meu guarda-chuva antes de correr em direção à porta cercada por algumas fitas zebradas.

_ Com licença, a senhora não pode entrar aí! O local está isolado.
    
Apenas continuei andando sem me importar com a advertência do oficial careca que definitivamente tinha ocupações mais preocupantes do que me repreender.

Ao adentrar o hall, encarei as paredes descascando de modo que era possível ver os tijolos, momento em que fui surpreendida por Junmyeon.

_ Agente  Joohyun, é bom revê-la. Gostaria que fosse em circunstâncias melhores. Enfim, estão todos no segundo andar.

_  Leve-me até lá.

_ Já adianto que... Bom, é  preferível que veja por si.

O ruído que o atrito do meu coturno com a madeira envernizada da escada se sobressaía em relação aos demais sons, e isso trazia um imenso desconforto a minha misofonia.

    Aproximando-me do banheiro, o cheiro de carniça expandiu por minhas narinas, fazendo com que meu estômago se revirasse.
A cena era digna de um suspense Hollywoodiano, isso era inegável. Havia sangue nas paredes e no espelho oxidado, uma quantidade anormal para um corpo humano, certamente. Me dirigi à banheira, onde o fotógrafo pericial capturava as imagens.

O som dos cliques, aquilo também me incomodava.

_ Meu Deus... - Dei as costas para a vista defronte a mim, levando as mãos à boca, que naquele momento estavam gélidas.

_ Sangue de porco. O sangue da vítima foi drenado, pode perfurar todas as partes do corpo que não sairá um gota sequer.

Junmyeon falava, todavia eu não era capaz de capturar suas sílabas que saíam em disparada. Respirei fundo e em seguida troquei olhares com o delegado, de maneira que essa fosse uma língua como todas as outras, compreendeu o que eu queria dizer.

Agachei-me perto do corpo de um homem gordo de meia idade, pálido como cal e coberto por vísceras suínas. Três lesões incisas na região da nuca revelaram a figura de garras, intencionalmente simuladas por algum instrumento cortante.

Após analisar o cadáver, pus-me de pé e segui rumo ao espelho de parede inteira, onde a mensagem escrita com sangue se destacava.

Bear

_ Só isso?
_ Bom, não é sensato esperar que assassinos deixem um dossier na cena do crime.

Saí daquele banheiro o mais rápido possível, ignorando o sarcasmo de Junmyeon e as risadas de sua equipe.

Que droga, Joohyun.

Meu estômago se revirava como um verme em movimentos frenéticos, o suor escorria gélido por meu rosto formigando, os vasos saltavam em minha testa e pude ouvir atentamente meus batimentos cardíacos, minha respiração, o pulsar do meu corpo que protestava antes de sucumbir.

No momento em que notei os sons externos se afastarem e o constante chiado martelar meus ouvidos, percebi que minha pressão estava abaixando. Precisava sair dali, e rápido.

♛ P s y c h o♕ [ Seulrene ]Onde histórias criam vida. Descubra agora