|BAE JOOHYUN|
Eram passadas pouco mais de 13 horas desde a última vez que estive em casa. Hoje o dia fora demasiado cansativo, de fato o esforço em conciliar minha vida pessoal com o trabalho estava exigindo muito mais do que eu tinha para oferecer. Quando me dei conta disso, pressurosamente comecei a listar minhas tarefas rotineiras e fazer uma correlação que partia da mais essencial até a mais fútil, afinal precisaria abrir mão de ao menos duas delas.
Entrei no elevador de serviço, não era uma boa hora para levar sermão do porteiro por entrar no elevador principal carregando sacolas. Apesar de ainda considerar essa norma ridícula, aquela não era uma boa hora para reivindicar meus ideias e senso jurídico.
A certa altura, pude observar no espelho o reflexo de uma Joohyun pálida e com olheiras tão profundas quanto um buraco negro. Sem vestígio de dúvida, no momento em que chegar em casa a primeira coisa que farei será preencher meu rosto com uma grossa camada de creme facial.
As sacolas começaram a machucar minhas mãos e trocá-las de posição estava se tornando inútil. O toque indicando a chegada do elevador ao 5° andar me aliviou e antes mesmo da porta abrir por completa, já estava há uma boa distância daquela caixa de ferro com cheiro de tapeçaria antiga.
Conforme seguia em direção ao apartamento 27, a melodia que soava como heavy metal ou qualquer variação barulhenta de rock parecia mais alta a cada passo.Claro, Yeri.
Movida por uma generosa dose de estresse, apressadamente destranquei a porta com o código decorado. Joguei as sacolas no chão, sacudindo as mãos na esperança de que isso faria com que as marcas deixadas pelas alças desaparecerem, e funcionava pois em poucos instantes pude sentir meu sangue voltar a circular.
Dentro do apartamento a música soava ainda mais ensurdecedora. Entrei no quarto de Yerim e fiquei surpresa ao me deparar com toda aquela bagunça. Era inegável o talentoso que aquela garota possuía em transformar qualquer ambiente em um lixão. O quarto parecia um ninho de cachorro, não chegava a feder mas as cortinas fechadas e as paredes em tonalidades de cinza cediam ao cômodo um caráter carcerário. Certamente estar ali poderia facilmente desencadear o colapso de qualquer claustrofóbico.
Sem hesitar, dei fim a todo aquele caos sonoro e como aguardado o protesto veio segundos depois.
_ Que merda Joohyun, eu estava ouvindo!
Uma confusão de madeixas saiu debaixo das cobertas, revoltada. A jovem me lançou um olhar nada amigável.
_ Você quer ficar surda, garota? Tenho métodos muito mais eficazes que não levariam o prédio inteiro a surdez junto com você. _Chamei sua atenção enquanto abria as cortinas, dando de frente para uma vista repleta de luzes dos incontáveis edifícios e o trânsito consideravelmente calmo para aquele horário. _Yeri, você sabe como essa gente é, nós não podemos abusar. Isso atrapalha e rompe a paz das pessoas, ninguém quer ouvir jovens americanos no auge de sua revolta oitentista sem sentido gritarem às 20:27h da noite.
_ Problema inteiramente deles e seu, que escolheu mudar pra esse lugar onde só tem gente chata, esnobe e velha. _Deu uma rápida pausa antes de retomar seu discurso de indignação. _E isso é Mayhem, eles não eram americanos.
Parei para encarar seu peito arfante após a descarga de uma jovem encolerizada.
_ Você já terminou? _Gente bem educada, por correção. _E não me importa se são americanos ou marcianos, são pessimamente terríveis no que fazem. Levanta dessa cama, anda, anda! _A incentivava ao mesmo tempo que alimentava sua raiva com palmas provocativas.
Nos últimos meses esses ataques de histeria se tornaram comuns para Yerim, e infelizmente eu precisava ser compreensiva. Desde a semana em que chegamos a esse prédio ela, que como qualquer jovem era uma massa fervilhante de hormônios, vem reclamando incansavelmente. Sim, talvez a vizinhança não fosse a mais agradável, talvez o apartamento fosse antigo demais para seu gosto pessoal, mas naquele momento era por ele que meu salário era capaz de pagar em Un Village.
VOCÊ ESTÁ LENDO
♛ P s y c h o♕ [ Seulrene ]
Fanfic| História sendo reescrita| Quando um homicídio brutal acontece na grande Seoul, a agente de polícia Bae Joohyun, recém empossada em seu cargo é escalada para investigar o que virá a ser um dos maiores casos do país. Determinada a descobrir a...