04 • Fell It

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     You surrender your heart
     I surrender every dream
     Surrender the Night — My Chemical Romance


     — Como é? — ouvir o eco da minha voz viajar por todo barracão enquanto aquele homem me olhava sério demais.

     — É isso mesmo que ouviu, eu estou interessado em comprar em barracão, vou te explicar melhor a situação. — ele se aproximou de mim tentando fazer eu escutá-lo, eu o faria independente da situação ou motivo, mas minhas pernas estavam começando a tremer, aquele assunto parecia muito adulto para minha cabeça, e olha que eu tenho trinta anos de idade.

     — Certo, vamos conversar, deixa só eu preparar um café e vamos sentar na mesa ali do fundo. — apontei para uma mesa que ficava aberta no fundo do barracão mas era ali que eu tinha alguma reunião com um pai ou professor se necessário. — O Senhor aceita alguma bolachinha ou algo do tipo?

      — Eu aceito sim, e meu café é preto. — concordei com a cabeça e senti minha cabeça girar levemente, eu estava sem comer desde manhã, na verdade eu estava esperando a hora de ir pra casa para eu comer um pão com queijo ou algo do tipo, mas todo aquele assunto mexeu com a minha cabeça e revirou meu estômago.

     — Só um minuto, o senhor já pode ir se sentando. — segui para a mesinha que ficava o café, a água e as bolachinhas para as crianças, fiz o café e coloquei uma bolachinhas de chocolate na bandeja com duas xícaras de café preto a levando até a mesa de reunião.

     — Não precisa me chamar de senhor, pode me chamar de Frank mesmo. — ele sorriu e cruzou as pernas parecendo bem sério sobre tudo aquilo, me aproximei deixando a bandeja em cima da mesa e me virei para tirar o avental sujo de tinta, meu macacão não estava muito diferente, mas eu pelo menos podia me parecer um pouco mais profissional daquela maneira.

     — Certo Frank, no que eu posso ajudá-lo? — eu já tinha dito aquilo antes, mas meu vocabulário de negócios não é muito extenso, me sentei na cadeira e peguei uma bolachinha a devorando em dois segundos antes de beber metade do meu café em um gole.

     — Eu sou dono de uma destilaria de uísque que se chama Iero and Sons, ela é uma destilaria antiga que vem sendo passada por várias gerações, Gerard. — percebi que não estava o encarando esse tempo todo, eu olhava a pequena marquinha que tinha na mesa por causa de uma vez em que bati uma tesoura ali, balancei a cabeça e ergui meu olhar para o homem na minha frente. — Você bebe uísque?

     — Eu não bebo álcool, o mais próximo de algo viciante que eu estou é do café. — ri baixinho tentando me acalmar um pouco.

     — É uma pena, você com certeza já teria ouvido falar de minha marca, somos bem grandes, a maior destilaria do país e talvez até do mundo. — o sorriso dele era bonito, não que ele fosse um homem feio, mas eu não conseguia receber boas intenções dele, não depois de descobrir que ele quer tirar minha vida de mim. — Estou com uma ideia nova, um uísque totalmente diferente do que temos aqui no ocidente, mas para isso eu preciso de uma área de estudo e eu também estou procurando um lugar aqui próximo do centro de Jersey para poder montar uma loja junto com a fábrica.

     — Entendi. — disse baixo e empurrei meu cabelo para trás. — Mas eu sinto muito, eu não posso vender esse barracão, eu trabalho aqui.

     — Mas veja bem, eu posso te dar dinheiro o suficiente para montar um barracão e ter fornecimento o suficiente para poder comprar seus materiais artísticos sem que isso prejudique a sua vida. — me senti levemente ofendido, ele queria dizer que eu não tinha dinheiro nem para me manter ali naquele lugar. — Ou se preferir eu posso alugar o barracão, claro que eu alugaria por dez anos no mínimo com contrato assinado, mas assim você teria uma renda mensal bem rechonchuda.

Art Drunk • frerardOnde histórias criam vida. Descubra agora