Chapter 2 - Parte 2

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Era a hora do intervalo. Todd ia feito um raio atrás da namorada e eu sempre esperava a sala toda sair para ir depois com mais tranquilidade. A sala já estava silenciosa e juro que só percebi ter a presença de mais alguém quando nossos corpos se chocaram um contra o outro, minha Bengala escapou de minha mãos, iria me abaixar para pegar mas o perfume que preencheu minhas narinas me intrigou eram rosas misturado com... Aquele típico cheiro de roupa nova disfarçada por um perfume talvez de frutas, era um cheiro muito bom. Não tinha certeza, mas podia deduzir que seria a aluna nova, eu nunca havia reparado num cheiro parecido antes.

— Me desculpe.

A voz saiu um pouco mais baixa do que a da apresentação poderia ser o início de uma conversa, várias garotas já usaram e abusaram do "Esbarrei" para falar e começar algo comigo, então lá vamos nós. A desculpa vinha seguida da mesma pergunta "Quer ajuda para ir a algum lugar ?" E a partir daí:

— Depois que inventaram a desculpa tudo ficou mais fácil, eu não ver por onde ando tudo bem afinal sou cego, mas você... Também é? — Levantei as sobrancelhas — Está desculpada.

Apanhei a bengala do chão andando sem me importar com a resposta e se ela responderia. A situação do óculos havia realmente me tirado do sério. Ela teria uma péssima visão de mim acabei respondendo sem pensar, de qualquer forma cedo ou tarde é a visão que todos acabam tendo. Infelizmente ou felizmente esse sou eu, enquanto andava levantei a cabeça devagar prestando mais atenção aos passos indo para o lado direito do corredor, ela me parecia quieta demais. Afastei os pensamentos sobre o ocorrido seguindo o lado oposto em direção aos armários, movia a Bengala de um lado para o outro me Localizando no meio do corredor vazio, pelo menos na minha mente estava vazio. Encontrei os armários e como sempre levava as minhas mãos nas placas: 221, 222, 223, 224. O meu armário, retirei a chave do bolso da jaqueta e a bolinha de papel que fiz mais cedo veio junto não iria esquecer dela, colocando o dedo indicador sobre a fechadura para assimilar o local consegui abrir o armário sem mais dificuldades apenas para rapidamente guardar o notebook.

Me afastei do armário ainda o deixando aberto para pegar a mochila que havia deixado no chão, mas um barulho alto de algo batendo contra a porta forçadamente fez meu coração acelerar por alguns segundos.

— Sozinho ? Precisa de ajuda? Posso te emprestar meu cão. — As risadas motivadas pela piada sem graça ecoaram no corredor.

— Owen, eu deveria imaginar.

— Vim te dar a ilustre chance de ter minha companhia.

— Como se alguém quisesse ficar perto de você, escroto como é tenho pena dos seus amigos, se é que podemos chamar assim.

— Toda vez que olho pra você eu custo a acreditar que o nível da universidade baixou tanto a ponto de aceitar um cego, ainda mais em engenharia, chega a ser cômico.

— Não entendo o motivo da surpresa Owen, você é tão inteligente quanto uma criança do primário e também te aceitaram aqui sem saber se quer matemática básica. Percebesse que não fazem acepção de pessoas, ainda mais em arquitetura, chega a ser cômico. Que diferença faz um pai influente não é ?

— Audacioso — Comentou gargalhando — Sempre tem uma resposta na ponta da língua, você se garante demais não é? Pensa que está protegido por uma deficiência? Não tenho dó de te arrebentar aqui mesmo, sem medo algum.

— Sério mesmo ? — Fechei meu armário me virando na direção da voz, as respirações em minha volta me diziam que ele não estava sozinho. — Pois saiba que eu não estou pra piadas, quer me bater? Vá em frente mas eu conheço seu tipo, ameaça e corre.

Love Isn't Blind, It's RetardedOnde histórias criam vida. Descubra agora