Capítulo Onze

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Estava deitado na minha cama, com Ava abraçada a mim, quando ambos ouvimos um telemóvel a tocar. Sabia que não era o meu, porque o colocava sempre na vibração, então olhei para ela. Com os seus olhos fechados e um pequeno sorriso que parecia permanente na sua face nos últimos dias, ela parecia estar a fazer um esforço para o ignorar. Ri um pouco, mas não deixei que ela ignorasse as responsabilidades e estiquei-me para agarrar o pequeno dispositivo, pousado na mesa de cabeceira do seu lado da cama.

- Não atendas, é só a Mia. Tenho um toque destinado para ela.

- Fergie? – questionei, rindo de choque. Ava acompanhou-me, encolhendo os ombros. – Vocês são tão estranhas.

- Ainda não viste nada, brutamontes. – abanei a cabeça, entregando-lhe o telemóvel. – Dax...mas estou tão bem aqui... - a sua voz estava arrastada e eu sorria, mas não lhe fiz a vontade.

- Ela nunca te liga enquanto estamos juntos. Pode ser importante.

Com um suspiro longo, Ava levantou-se com ajuda dos seus braços. Retirou o telemóvel da minha mão e deixou os lençóis caírem até na sua cintura. Aproveitando o facto de o seu peito estar descoberto, levei as minhas mãos até a um dos seus lados, deixando os meus dedos passearem pela sua pele. Ela cumprimentou a sua irmã alegremente e, pelo facto de o seu tom não ter mudado, assumi que a conversa não era séria ou preocupante. Mesmo assim, deixei as irmãs falarem, porque sabia dentro de mim que eu estava a tornar-me num obstáculo na relação entre as duas gémeas. Ava passava praticamente todo o seu tempo livre comigo e, embora nunca mo tivesse dito, eu tinha receio de que isso estivesse a afetar a sua relação com Mia. Esperava que não, no entanto.

Continuaram a falar, animadas, e eu continuei a passear as minhas mãos pelo seu corpo. Beijei a sua clavícula, o seu pescoço, o seu ombro, fazendo-a ter que inspirar bruscamente algumas vezes. Achei piada à forma como Ava tentava disfarçar o que estávamos a fazer, mas a certo ponto ela começou a rir tanto com algo que a irmã disse que caiu em cima do meu peito. Rodeei o seu corpo com os meus braços, aproveitando a proximidade, e beijei suavemente o local diretamente abaixo da sua orelha, mordendo o lóbulo de seguida. A sua mão livre tocou no meu peito, batendo-me suavemente, mas a sua expressão brilhava. Olhos grandes e azuis e um sorriso maior ainda tornavam-na quase etérea.

Nunca pensei vir a ter algo como o que tinha com Ava.

A minha vida não foi vazia de romances, mas eu tinha passado grande parte dos meus anos a lidar com a falta da minha irmã e com a injustiça de tudo aquilo. Tinha romances passageiros, que de romance pouco tinham, e nada além disso. Ava tinha sido a exceção desde o início. Não tinha sido a primeira pessoa desconhecida que eu ajudara, mas tinha sido a primeira com quem eu continuara a falar. Parecíamos estar destinados a encontrarmo-nos, fosse de que maneira fosse, e não podia negar que estava verdadeiramente contente por tudo ter acontecido da forma que aconteceu. A nossa relação era leve, embora também existisse entre nós a capacidade de sermos sérios, e supunha que Ava estava tanto ou mais grata que eu em relação a isso.

- Sim, sim, eu digo-lhe. – Ava olhou para mim, levando o seu polegar ao meu lábio inferior enquanto falava com Mia. – Não garanto que ele vá dizer que sim, mas... Não me interrompas, Mia!...Estou em altifalante? Bom saber. Asher, controla a tua namorada. – apesar das palavras, Ava continuava com um sorriso na cara e um riso iminente na garganta. Abanei a cabeça para a relação das duas, mas sentia que estava progressivamente mais habituado àquilo. – Está bem, está bem! Eu pergunto agora.

Olhei para ela, percebendo finalmente de que estavam a falar de mim.

- Dax, queres ir... eu juro, Mia Farrell, se não me deixas acabar uma frase... - antes que eu pudesse reagir, Ava revirou os olhos e colocou o telemóvel no meu peito. – Coloquei em altifalante. Pergunta-lhe tu.

Devagar Se Vai ao LongeOnde histórias criam vida. Descubra agora