Capítulo Sete

58 8 18
                                    

- Ela está bem? – Max perguntou, assim que olhou para a minha expressão frustrada.

- Está só bêbada. – encolhi os ombros, agarrando a ponte do meu nariz. Senti a mão do meu melhor-amigo no meu ombro.

- Ava? – Max chamou, num tom suave e paciente. Tudo o que eu não sabia se conseguia ser. – Sou eu, o Max. Lembras-te de mim?

- O amigo do Dax! – o meu amigo assentiu, sorrindo abertamente. – Max e Dax... Isso é confuso.

- É só por isso que somos amigos. – Max respondeu-lhe, piscando o olho direito. Ava riu, aceitando a brincadeira de bom grado.

Ava estava sentada num dos sofás da zona VIP, completamente intoxicada de todo o álcool que tinha consumido ao longo da noite. Ela não tinha bebido mais que um shot enquanto estava comigo, mas calculei que tivesse bebido imenso antes e que tudo só fizera efeito depois. Após dançarmos quatro ou cinco músicas, eu puxei-a para o sítio mais calmo que me ocorreu na altura: o primeiro andar. Ela não resistiu, agarrando-se ao meu braço enquanto subíamos lentamente os degraus. No momento em que chegáramos à zona VIP, Ava fechara os olhos e, quando os abrira, algo tinha mudado. No lugar do brilho suave e divertido que tinha tido enquanto dançáramos, estava um brilho completamente...vazio. Como se tivesse mudado completamente de personalidade no espaço de dois minutos.

Max aparecera no momento certo, porque eu certamente não tinha nascido para lidar com raparigas bêbadas. Mas percebia a necessidade que Ava tinha de se divertir, principalmente depois de ela ter admitido que tinha passado a última hora, antes de me procurar, a tentar ganhar coragem para dançar sozinha. Quando lhe perguntara onde as suas amigas estavam, ela encolhera os ombros e apontara desleixadamente para o espaço entre as casas de banho e a zona de dança. Não tinha como saber onde elas estavam, mas uma coisa eu sabia: aquelas amigas não eram boas para Ava.

- Max? – Ava chamou-o, num sussurro, parecendo ter mudado de personalidade mais uma vez. O meu melhor-amigo olhou para mim por uns segundos e aproximou-se de Ava, agarrando as suas mãos como gesto de conforto. Apreciei a forma como Ava não o afastou, com medo. – Pede desculpa ao Dax por mim.

- Ao Dax? – Max voltou a olhar para mim, com uma expressão indecisa entre confusão e divertimento.

- Ele está sempre a tomar conta de mim, não é justo para ele.

- Ava, vou-te contar um segredo. – a rapariga abriu os olhos com curiosidade e esticou o pescoço para que Max falasse ao seu ouvido. Apesar de o ter feito, ele fê-lo alto o suficiente para eu ouvir também. – O Dax faz isso porque quer.

- Oh. Está bem. Mas mesmo assim. - senti um sorriso puxar os meus lábios.

Apesar de o facto de Ava estar literalmente ao meu lado, a falar como se eu não estivesse ali ser engraçado, não demorei muito tempo até me fazer notar mais uma vez. Quando o fiz, Ava olhou para mim com todo o brilho de novo no olhar e voltou a abraçar o meu braço, encostando a cabeça nas costas do sofá e no meu braço ao mesmo tempo. Max riu suavemente, alternando entre olhar para mim e para ela, e encolheu os ombros, levantando-se. Depois de me garantir que ela ficaria bem, afastou-se com um gesto de mão e um sorriso malicioso na sua face. O idiota.

- Queres que te leve a casa? – perguntei, não resistindo à vontade de levar uma das minhas mãos aos seus cabelos escuros. Eram bem mais suaves do que aparentavam, completamente despenteados.

- Não quero ficar a dever-te mais favores. Eu...eu peço às minhas amigas.

- Nem pensar. – intervim, fazendo-a olhar para mim. – Nem sabes onde elas estão. – proibi-me de dizer o que realmente pensava sobre as suas amigas, forçando a minha voz a não soar demasiado rígida.

Devagar Se Vai ao LongeOnde histórias criam vida. Descubra agora